terça-feira, novembro 28, 2006

Eu tenho que ir, baby

Ele disse
"Baby, não dá mais pra nós dois, nossa história de amor chegou ao fim
Foi bom até aqui, mas nossa caminhada acabou
Baby, eu ainda gosto de você, mas não daquela maneira
Da maneira que gostava quando tudo começou
Ah, baby, me perdoa, não quero te ver sofrer, não quero te ver chorar
Eu daria a minha vida se pudesse, só pra não te magoar
Baby, vê? Eu também estou sofrendo... Sofro por ter que te deixar assim
Mas, baby, não posso mentir pra você
Não posso fingir pra você
Eu não quero mentir pra você
Baby, não fica assim
Você vai conseguir
Alguém bem melhor pra cuidar de ti
Pra enxugar tuas lágrimas
E te dar tanto amor
Quanto eu te dei
Baby, me perdoe mais uma vez,
Mas eu tenho que ir
Ela me espera e eu não posso demorar
Baby, veja só, a vida é assim,
Você não se lembra, mas você a trouxe até mim
Baby, a outra, é ela.
É ela, baby,
Que você trouxe pra mim."
E ela chorou.

* Só um exercício de escrita bobo e muito ruim, que algum dia pode virar algo sério e razoavelmente bom

quinta-feira, novembro 23, 2006

A favor da ortotanásia (e da eutanásia também)

Até alguns dias eu não sabia sequer da existência da ortotanásia. E com o pouco que sei hoje, quando escrevo este texto, declaro-me desde já a favor do procedimento. Sou e sempre fui a favor da eutanásia. Uma vida prolongada por medicamentos e aparelhos, multiplicada em dor e sofrimento – tanto do paciente quando da sua família –, não é vida.

A diferença entre ortotanásia e eutanásia é mínima. Nesta, o médico age de maneira ativa sobre o paciente, introduzindo-lhe alguma droga ou desligando os aparelhos que vinham mantendo-o vivo. Naquela, o médico tem a possibilidade de, no caso de ter o aval do paciente ou da família dele, nem iniciar um tratamento que vá prolongar a vida do enfermo, mas apenas em casos de pacientes que não têm possibilidade alguma de cura. Resumindo: na eutanásia, a morte é provocada após uma internação médica que a evitou e continua evitando. Na ortotanásia, a vida segue seu caminho natural, rumo à morte, sem intervenção médica.

Recentemente o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou uma resolução que dá aos médicos o direito de praticar a ortotanásia, se o paciente ou a família dele optarem por ela, claro.

Mas mesmo com a resolução aprovada pelo CFM, os médicos ainda não podem se sentir tranqüilos. Eles podem ter problemas judiciais, já que a medida não é uma lei. O profissional que fizer uso da ortotanásia, mesmo que a pedido da família do paciente ou por ordem do próprio, pode ser acusado de homicídio.

Até alguns dias eu não sabia sequer da existência da ortotanásia. E com o pouco que sei hoje, quando escrevo este texto, declaro-me desde já a favor do procedimento. Sou e sempre fui a favor da eutanásia. Uma vida prolongada por medicamentos e aparelhos, multiplicada em dor e sofrimento – tanto do paciente quando da sua família –, não é vida. E casos de pessoas que passaram cinco, dez, quinze anos em coma e despertaram não me fazem sequer pensar em mudar de opinião.

O desgaste, em casos como esses, para o profissional e para a família do paciente não vale a pena. As seqüelas do período passado em coma também não fazem valer a insistência. Sem contar o dinheiro gasto em todo o período.

A aprovação da resolução pelo CFM é só o início de uma grande discussão, que se estenderá por um longo tempo. Só resta torcer para que o bom senso seja soberano, e que a resolução possa ser, em breve, chamada de lei. Abrindo assim espaço para uma discussão ainda mais ampla e polêmica, sobre a eutanásia.


Rafael Rodrigues
* Texto inspirado na matéria do jornalista Demétrio Weber, publicada no jornal “O Globo” do dia 11/11/2006

quarta-feira, novembro 22, 2006

E gozava

Saía de casa no horário de rush sempre com as mesmas intenções: pegar uma condução lotada. Depois de ganhar uma indenização milionária da empresa que trabalhava por um acidente de trabalho, pegar ônibus e metrôs lotados para postar-se de frente atrás de mulheres gostosas era sua única diversão.

E gozava. Mesmo tendo perdido o pau no tal acidente.

terça-feira, novembro 14, 2006

O que mais me atrai em você

Ao contrário do que pensam todos, o que mais me atrai em você não é a sua beleza. Ela é apenas um de seus atributos, e eu agradeço a Deus por ter sido escolhido para ter acesso exclusivo a ela.
Você não é alta, muito pelo contrário. E eu prefiro as baixinhas. Nunca escondi isso de ninguém. Seu tamanho sua branca cor da pele seus cabelos negros lisos e longos e seu corpo bem delineado fazem de você a mulher perfeita para mim. Você queria ter olhos verdes, mas o castanho deles é bem mais bonito. E combina mais contigo

Contei pra todo mundo do dia que te conheci. Estávamos numa livraria, na mesma seção. Eu lia a orelha de um livro e perguntava para mim mesmo “será que tem o mais novo dele aqui?”. Ouvi alguém dizendo “tem sim”, mas imaginei ouvir vozes. Foi quando você ficou na ponta dos pés, pegou o livro, e o colocou em minhas mãos. Dizendo “é muito bom”. Eu agradeci, perguntei seu nome, conversamos um pouco. Nada de mais, me lembro muito bem disso.


[Clique para ler o texto na íntegra]

quarta-feira, novembro 08, 2006

Talk to the devil - Parte II

Um pensamento lhe passou pela cabeça e um frio percorreu sua espinha. Quando tentou varrer essa idéia para longe, o homem olhou em sua direção com um sorriso irônico no rosto.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Os livros mais esperados dos últimos tempos da última semana

Rapaz, fazia tempo que eu não esperava livros com tanta ansiedade. Eu nem vou poder lê-los por inteiro agora, mas só de tê-los, poder folhear, sentir o cheiro, e ler umas passagens, tá de bom tamanho.

São eles:

Um retrato do artista quando jovem, romance, de James Joyce -> por que comprei: porque a edição nova do selo Alfaguara da Objetiva está uma beleza e não estava tão caro; além disso, é obra obrigatória na biblioteca de qualquer um; e mais além disso ainda, eu ganhei dois livros do selo, daí pode ser o início de uma mini-coleção, “mini” porque não vou ter grana pra comprar todos e nem quero todos assim e tal;

Contra o consenso, ensaios e resenhas, de Reinaldo Azevedo -> por que comprei: como tenho escrito muitas resenhas, e agora também alguns pseudo-artigos no Digestivo, preciso ler coisas do tipo, até para aprimorar meu vocabulário e tentar chegar a um estilo próprio; mas isso não conseguirei agora, estilo próprio é coisa de escritor/jornalista de verdade, coisa que não sou e não vou ser tão cedo;

Dentro da baleia e outros ensaios, ensaios, de George Orwell -> por que comprei: pelo mesmo motivo do anterior, e por causa também do Cléber Corrêa, que escreveu sobre o livro no blog dele e me deixou com água na boca.

Tudo isso graças à minha mãe, que é uma santa (e que vai me matar quando ver a fatura do cartão), e a um cupom de desconto de vinte pilas da Saraiva.

Li dois textos do livro do Reinaldo, estava lendo até agora a introdução do romance do Joyce e vou levar agora à tarde pra facul (se é que vou pra aula…) o livro do Orwell. Aí à noite volto ao normal e tento terminar dois outros livros que já estava lendo. Muito bons, por sinal.

E fui!


Rafael Rodrigues

quinta-feira, novembro 02, 2006

Poema de Finados

Amanhã que é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.
Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.
O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero,
E em verdade estou morto ali.


Manuel Bandeira