segunda-feira, julho 24, 2006

Testamento

É uma pena, mas coloco os pés na linha do senso comum, só para minhas palavras seguintes não beirarem o ridículo. Mas faço da vida uma personificação, só para lhe dizer que a mim ela está amarga.
Há dias que passam arrastados, difíceis de serem levados pelo tempo. Eu continuo minha caminhada sem motivo algum, sentindo esse gosto que ganha de meus sentidos, agredindo minha cabeça, confundindo minha visão.

Seria fácil dizer que tudo está ao contrário, e ninguém pôde reparar nesse detalhe. Mas se tudo fosse tão simples como uma volta completa, eu já teria sobre essa mesa todos meus sonhos construídos. Daqueles que sonhei desde criança e que agora homem posso realizar.
Cada dia que passa, aumentando meu tempo, envelhecendo o calendário, desapareço. Se alguém notasse, veria que estou sempre lá, mas aos poucos, as mãos vão perdendo sua postura, as costas começam a latejar, e dentro de minhas veias sinto ausentar-se o sangue. Encolho-me até beijar a insignificância de um inseto, que morre por causa do atrito das solas dos sapatos com o chão.

[Clique para ler o texto na íntegra]

2 Comentários:

Às 11:11 PM , Anonymous Anônimo disse...

Seus textos sempre me confortam.Será que é porque vivemos quase as mesmas coisas?
Você responde sempre as perguntas que tenho dentro de mim através deles.
Adoro você.
=*
beijos

 
Às 2:21 PM , Anonymous Anônimo disse...

Não, eu não te conheço e não tenho a sensação de vivermos as mesmas coisas... Mas mesmo assim eu te ofereço um elogio:
Tudo que escreve me arrebata, me tira a razão, o óbvio e principalmente me leva à crise, crise de conhecimento, de sentimento, de metafísica porcamente elaborada.
Tenho a arte como a mais pura junção da loucura e do conhecimento, sinto menosprezado todos aqueles (incluindo eu) que não sabem interpretá-la e delas replicar ou regurgitofagiar (ver Michael Melamed). Creio que escrever é para puros de conhecimento e nobres levemente levianos de sentimento.
Lendo esse texto tudo que veio foi “dedico esse livro ao primeiro verme que roer minhas carnes”, e logo ao fim percebi o amor que tem às palavras e o prazer de servi-las.
Não, eu não te conheço, mas queria ter esse imenso prazer.
Abraços.

 

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