segunda-feira, outubro 23, 2006

Pergunte ao pó

Arturo Bandini é um jovem americano descendente de italianos que mora em Los Angeles num quarto de hotel simples, muito simples, e que não tem um tostão no bolso.

"Uma noite, eu estava sentado na cama do meu quarto de hotel, em Bunker Hill, bem no meio de Los Angeles. Era uma noite importante na minha vida, porque eu precisava tomar uma decisão quanto ao hotel. Ou eu pagava ou eu saía: era o que dizia o bilhete, o bilhete que a senhoria havia colocado debaixo da minha porta. Um grande problema, que merecia atenção aguda. Eu o resolvi apagando a luz e indo para a cama."

O trecho acima entre aspas é o primeiro parágrafo do romance "Pergunte ao pó" (José Olympio, 208 págs.), do escritor americano John Fante (1909-1983). É complicado falar de um livro tão importante e tão vibrante. "Pergunte ao pó" é venerado por milhares de leitores em todo o mundo. Um de seus admiradores mais famosos é o também escritor Charles Bukowski (1920-1994). Ele escreveu, em 1980, um prefácio para o livro, que faria parte das edições publicadas a partir daquele ano. Ele está presente na nova edição que tenho em mãos, a 6ª, e quase me fez chorar. Resolvi então reproduzir algumas linhas escritas por Bukowski:

"Então, um dia, puxei um livro e o abri, e lá estava. Fiquei parado de pé por um momento, lendo. Como um homem que encontrara ouro no lixão da cidade, levei o livro para uma mesa. As linhas rolavam facilmente através da página, havia um fluxo. Cada linha tinha sua própria energia e era seguida por outra como ela. A própria substância de cada linha dava uma forma à página, uma sensação de algo entalhado ali. E aqui, finalmente, estava um homem que não tinha medo da emoção. O humor e a dor entrelaçados a uma soberba simplicidade. O começo daquele livro foi um milagre arrebatador e enorme para mim."

[Clique para ler o texto na íntegra]

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