A queda
Muitos curiosos se detiveram para saber o que havia ocorrido. Alguns pediam espaço, outros gritavam “chamem uma ambulância”, outros apenas passavam. Sem perceber, eu estava dentro daquele pequeno tumulto.
Sem conseguir ver coisa alguma, procurei ao máximo ouvir os comentários, que eram muitos.
Alguns diziam que o homem (era um homem caído que estava ali) vinha andando distraído. Tão distraído que não prestou atenção no sinal de trânsito e atravessou a rua quando o sinal abriu. Outros diziam que o homem havia se atirado na frente dos carros. Houve ainda quem dissesse que o homem foi assassinado. Mas ninguém tinha certeza de nada. Ninguém o conhecia. E cada um contava uma versão do acontecido.
Alguns segundos depois alguém disse “ele morreu”, e ele morreu. E então alguns disseram “coitado”. Algumas mulheres mais sensíveis choraram. Alguns homens mais religiosos disseram “que Deus guarde sua alma, amém”. Alguém cuspiu do lado do morto. Alguns ainda disseram “é o que dá viver sonhando acordado”. Tive tempo de ver um senhor usar seu paletó para cobrir o corpo do homem.
Enfim chegou a ambulância. Algumas pessoas foram embora, outras ficaram e contaram aos médicos o que ocorrera. Os médicos ouviam e balançavam a cabeça, enquanto os enfermeiros removiam dali aquele corpo que não mais seria útil para coisa alguma. Eles tiraram o paletó de cima do homem e perguntaram de quem era, mas o dono do paletó já havia ido embora. Tentei avisar ao enfermeiro “o dono é aquele senhor ali”, mas não consegui.
Não consegui, pois naquele momento vi o rosto do homem que havia morrido.
Era eu.
Sem conseguir ver coisa alguma, procurei ao máximo ouvir os comentários, que eram muitos.
Alguns diziam que o homem (era um homem caído que estava ali) vinha andando distraído. Tão distraído que não prestou atenção no sinal de trânsito e atravessou a rua quando o sinal abriu. Outros diziam que o homem havia se atirado na frente dos carros. Houve ainda quem dissesse que o homem foi assassinado. Mas ninguém tinha certeza de nada. Ninguém o conhecia. E cada um contava uma versão do acontecido.
Alguns segundos depois alguém disse “ele morreu”, e ele morreu. E então alguns disseram “coitado”. Algumas mulheres mais sensíveis choraram. Alguns homens mais religiosos disseram “que Deus guarde sua alma, amém”. Alguém cuspiu do lado do morto. Alguns ainda disseram “é o que dá viver sonhando acordado”. Tive tempo de ver um senhor usar seu paletó para cobrir o corpo do homem.
Enfim chegou a ambulância. Algumas pessoas foram embora, outras ficaram e contaram aos médicos o que ocorrera. Os médicos ouviam e balançavam a cabeça, enquanto os enfermeiros removiam dali aquele corpo que não mais seria útil para coisa alguma. Eles tiraram o paletó de cima do homem e perguntaram de quem era, mas o dono do paletó já havia ido embora. Tentei avisar ao enfermeiro “o dono é aquele senhor ali”, mas não consegui.
Não consegui, pois naquele momento vi o rosto do homem que havia morrido.
Era eu.
Rafael Rodrigues
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