Gertrudes - Parte I
Gertrudes era uma garota muito bonita, aliás, linda, por dentro. Tinha um coração enorme, proporcional ao seu enorme corpo. Seu rosto até que era bonitinho, sobrancelhas finas por natureza, um nariz bem afilado, pele de bebê, lábios encorpados e um lindo par de olhos azuis, acompanhados de lindos cabelos negros cacheados que infelizmente não eram suficientes para lhe arrumar um bom partido.
A coitada era, ainda, motivo de chacota devido a seu nome herdado de uma tia avó que teria amamentado sua mãe, pois sua avó “não tinha leite”.
Sua vida era um eterno dramalhão mexicano. Aos 17 anos ainda não sabia o que era beijo na boca, nem os famosos selinhos que se dão até em amigas do mesmo sexo, nem suas amigas queriam beijá-la. Talvez fossem seus óculos redondos que cobriam os olhos claros e tirava a perspectiva do nariz ou ainda talvez fosse seu aparelho ortodôntico que não deixava transparecer seu tímido sorriso.
Certo dia suas amigas compadeceram-se dela, pois completaria 18 anos sem nunca ter dado um beijinho sequer, e resolveram procurar algum garoto que topasse a tarefa de “ficar” 2 horas com ela por 100 paus. “Muito pouco!” dizia um daqui, “Nem fodendo!” dizia o outro, até que negociando direito com o primeiro, esse “fica” saiu por apenas 185 reais, nada mais justo, Alberto era o nome do rapaz.
Alberto apareceu na sua festa, como combinado, após a maioria das pessoas terem chegado, a pretexto de ser o primo da Carla que havia se interessado em conhecer a “Gê”. Entrou na festa com sua calça jeans desbotada, tênis da hora, camisa coladíssima em seu corpo esculpido à base de muita malhação na farmácia e seu rosto simplesmente comum, mas com um "olhar de malícia" que as mulheres não resistem. Trouxe como presente um CD do Chico Buarque, a Gê como uma boa "gordinha intelectual" que era, adorou o presente logo de cara. “É ao vivo” disse o Alberto, “Muito obrigada, adorei!” respondeu a Gê e foram conversar em lugar mais reservado.
(Continua em alguns dias)
Eduardo Leite
2 Comentários:
Eu senti que tem uma certa crueldade na narração. Ou to viajando?
Espero só que a continuação não caia no moralismo. Se não não tem graça. uHAuhaua
Raapaz, só quero ver o que essa Gê vai aprontar hehehe.
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