quinta-feira, setembro 01, 2005

Dizendo adeus

Quando alguém lhe pergunta “o que você faria se o mundo acabasse amanhã?” geralmente a resposta é bem humorada, dita em tom de brincadeira. O fato é que nunca levamos a sério tal questão. Eu sei que tudo acabará amanhã, e isso não me torna melhor que ninguém. O mundo acabará amanhã, apenas, e isso não muda em nada o presente de minha vida. O que farei hoje? Bom, nada de extravagante. Seguirei minha rotina, como faço todos os dias. A diferença é que sei, de verdade, que será a última vez que verei este mundo com meus próprios olhos, que tocarei pessoas e objetos, que andarei por essas calçadas.
Depois de amanhã, nada mais terá serventia para mim. Eu poderia hoje matar alguém ou estuprar minha vizinha. Mas não. Jamais faria algo desse tipo.
Estou tranqüilo. Minha vida vem se deteriorando já faz algum tempo. O que acontecerá amanhã é apenas a coroação de um fracasso. Morrerei sem ter feito algo digno, algo que tenha realmente valido a pena.
Morrerei sozinho, pois não há alguém para estar comigo quando o momento chegar. Melhor assim. É deprimente morrer nos braços de alguém.
Triste. Muito triste.
Mas morrerei em paz. Apesar de não ter realizado coisas importantes, não fui um completo idiota. Minha vida foi vivida de maneira sóbria. Se a sorte não foi minha companheira, a mediocridade foi, no seu melhor sentido, minha melhor amiga.
Sou um homem mediano. Em tudo. Classe média, estatura mediana, nem inteligente nem idiota, nem gordo nem magro. Sou um medíocre, no fim das contas.
Espero não sujar o quarto. Colocarei um plástico por cima do tapete para evitar qualquer tipo de transtorno.
Gostaria de dizer obrigado a todos que algum dia fizeram algo por mim. E a quem não fez também, por que não?



Rafael Rodrigues

1 Comentários:

Às 2:20 PM , Anonymous Anônimo disse...

(:

 

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