domingo, setembro 04, 2005

Sinfonia

O céu ainda estava escuro, mas eles já estavam acordados e resolveram subir ao terraço do prédio para ver o nascer do sol.
Fazia frio, estavam abraçados. Iniciava-se aos poucos a sinfonia da cidade. Nasciam os primeiros ruídos e pouco depois despontava o sol.
Gostar de ver o nascer do dia era algo que tinham em comum. Quase todas as manhãs faziam aquilo. Quando não, acordavam para ver da janela, a chuva que caía lá fora.
Voltaram para o apartamento para dar prosseguimento à rotina. Banho, café da manhã, trabalho. À noite estariam novamente em casa.
Todas as noites eles jantavam juntos, conversavam sobre o dia que em breve terminaria, depois dormiam, para no dia seguinte tudo se repetir. Mas aquela noite seria diferente.
Dissera que iria jogar bola com o pessoal do trabalho, apenas para agradar o chefe. Ela não acreditou, afinal ele não fazia aquilo há tempos. Justificou dizendo que havia o boato de que seria promovido. Teria que ir de qualquer jeito. E saiu.
Ela ficou em casa, desconfiada. Mas não poderia fazer nada. Adormeceu.

Quando acordou, ele não estava a seu lado. Mas sabia que ele estivera em casa, suas roupas estavam logo ali à sua frente. Procurou-o nos diversos cômodos do apartamento e não o encontrou. No banheiro viu marcas e sentiu cheiro de sangue.
O dia amanhecia e iniciava-se a sinfonia da cidade. Foi ao terraço e lá estava ele: absorto, olhando para o céu. Esperava por ela.
- O que você fez? – Perguntou, aos prantos.
- Ele ainda teve a audácia de dizer que você me ama! Parece até brincadeira. Adeus.
Deixou seu revólver no chão e jogou-se dali. Ela pegou o revólver e voltou para o quarto chorando.
Depois daquele dia ela nunca mais assistiu o nascer do sol.


Rafael Rodrigues

1 Comentários:

Às 10:31 AM , Anonymous Anônimo disse...

Será q entendi???hehehe
O Thiago ri de mim quando digo q n entendi algo q ele escreveu....
Se entendi,adorei!!!ehehehhe
Eli.

 

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