segunda-feira, abril 04, 2005

Era o terceiro toque do telefone. Jonas andava de um lado para o outro da sala, ansioso.
- Vamos logo, atende essa porra, Arnaldo. - E caminhava impacientemente. No sétimo toque, finalmente, uma voz do outro lado da linha.
- Arnaldo, porra, finalmente! É o Jonas, eu sei que você sabe que sou eu, mas só pra confirmar. Cara, estamos fudidos. Parece que descobriram. É. Eu percebi voltando pra casa, vi uma movimentação antes mesmo de virar a esquina, dai paguei prum pivete perguntar o que estava acontecendo e de acordo com o que ele me falou a gente se ferrou.
Jonas parava de se locomover, falava rápido quase sem parar. Espirrava gotas de saliva e sentia sua mão e testa suada.
- Como assim você não está na sua casa agora? Meu, e se descobrirem seu galho nessa arvore? Vai pra casa agora, esquece tudo que você estava fazendo. É sua vida em jogo.
De pé novamente pensou em ir até a janela, mas achou que alguém poderia ouvir o que se passava e desconfiar do acontecido, nem mesmo Nina sabia que ele estava lá. Enganar o porteiro alegando uma "supresa quando ela chegar" foi muito fácil.
- Eu vou lá, só me diga aonde você guardou. Lembra que a idéia era nunca dizer? Mas agora é necessário. Eu enrolo sua mãe, digo que vou pegar algo meu e no momento que ela me deixar sozinha eu pego e vazo dali num segundo.
Jonas queria fumar, já que nos filmes qualquer situação perigosa ficava mais calma com tabaco na mão. Ou talvez, quem sabe, uma bebida, mesmo sabendo que ficaria tonto depois da terceira taça.
- E eu sei lá que porra eu vou fazer com isso, não dá pra queimar. Perder tudo assim de uma hora pra outra, custou tempo. Eu não vou admitir perder isso. Dou um jeito de deixar em algum lugar. Você sabe que se envolver mais uma pessoa vai ferrar ao dobro pro meu lado.
Talvez nunca tivesse passado de fato em sua cabeça que em alguma hora iria acontecer. Rever os passos e pensar aonde a porta foi aberta por alguns segundos deixando a luz das pistas saírem estava fora dos planos. O desespero já havia tomado seu corpo.
- Só sei que não vou perder. Fica tranqüilo que eu ainda vou nos manter dentro. Estou indo imediatamente pra sua casa. Não esquece. Eu te cubro e você me cobre. Pode deixar. Tchau.
E finalizou a ligação.

Do outro lado da cidade, Arnaldo ainda segurava seu aparelho móvel. Em um forte suspiro seus olhos focavam o tenente Rogério a sua frente.
- Não se preocupe, Arnaldo. Ele é seu amigo, mas você fez o correto. Eu também não admitiria se um conhecido meu fizesse tamanha imoralidade. Eu também o entregaria. Não se preocupe e deixe a sua consciência "pesada" em outro lugar.

Thiago Augusto

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