sábado, abril 02, 2005

Interior

Tudo em nossa vida tem um preço, atitudes que tomamos e palavras que dizemos. A Cada dia a vida me ensina uma nova sinfonia. Se hoje aprendo a teoria, amanhã a prática me consome. Quando penso que começo a entende-la me perco no meio de uma grande teia nebulosa, meu sorriso é entristecido quando não compreendo quem me cerca.

Minhas atitudes são como versos em um poema, um suspiro a mais muda seu total sentido. Minhas palavras perdem a ressonância quando minha voz articulada é mal compreendida, meu coração se congela novamente e no frio da escuridão eu procuro novamente a luz.

Os livros me mostram o caminho, mas ao pisar no chão gelado percebo como é difícil caminhar por entre as nuvens. Se num silencio minha felicidade prevalece, ela se escorre no seguinte como água entre os dedos. Quando vejo que minha construção está imperfeita, cortada pelos seus olhos de tristeza, minha razão se perde e me vejo diminuto numa sala sem saída.

Porque espero que o dia nasça belo e que minha oração se realize quando esqueço de contar cada estrela que apaguei e cada alma que feri. Mas se meu próprio irmão me trata com desprezo como posso compreender as línguas que diferem nesse mundo, se nem a minha própria já foi um dia desvendada.

Se meus ditados um dia te feriram sinto a repulsa suicida de joga-los ao abismo, minha alma me condena, marca minha sentença e meus pecados me congelam em um mar petrificado. Como posso dizer que estou no céu se pisei na rosa mais bela que existe e não a restaurei e somente agora em sua morte encontrei o desespero incurso em minhas veias.

Como posso pedir perdão por tudo que matei e destrui se o meu próprio fim será em morte e destruição.

Thiago Augusto

Para ler ouvindo: O Preço, Engenheiros do Hawaii (O preço que se paga às vezes é alto demais / É alta madrugada, já é tarde demais / Pra pedir perdão... / Pra fingir que não foi mal / Uma luz se apaga no prédio em frente ao meu / "Sempre em frente" foi o conselho que ela me deu / Sem me avisar que iria ficar pra trás / E agora eu pago meus pecados / Por ter acreditado que só se vive uma vez / Pensei que era liberdade / Mas, na verdade, eram as grades da prisão)

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