Terra, sangue e lágrimas
Lembro que costumava brincar bastante quando criança. Tive bonecos de uma porção de heróis, pistolas espaciais, espadas do Lion dos ThunderCats e do He-Man também.
Cinto do Kamen Rider, máscara do Jaspion, enfim, um monte dessas coisas.
Jogava bola com os amigos, saía para andar de bicicleta. Atividades essas que regularmente me deixavam com marcas e machucados. Não faço idéia de quantas vezes cheguei em casa sujo de terra, sangue e lágrimas.
Mas era bom. Não precisava levar nada a sério. O colégio era fácil demais. (Relendo essa última frase e pensando melhor nela, me sinto no dever de tecer o seguinte comentário: talvez o colégio não fosse fácil demais. Acho mesmo é que eu fui perdendo a inteligência que herdei com o passar dos anos. De excelente em tudo, tornei-me um medíocre. Mas enfim, a lamentação é outra.) Eu era mais bonito. Namorei duas irmãs ao mesmo tempo. Eu, com seis ou sete anos de idade, era um tarado. E nunca me dei conta disso.Ninguém deu. Nenhum garoto de seis ou sete anos é um tarado. No máximo ele é “danadinho”.
Eu ia pra escola de manhã, fazia meus deveres à tarde e ficava até à noite brincando, vendo tv, recebendo paparicos.
Sempre vinha alguém visitar. Sempre alguém trazia presentes. Sempre havia amigos para aprontar por aí.
Hoje as responsabilidades aí estão. Faculdade, trabalho, contas a pagar. Dar exemplo aos irmãos mais novos. Ser um homem decente. Me esforço para honrar minhas obrigações, mas em certos momentos, tudo o que gostaria de fazer era sentar no meu velho quarto – que não existe mais – e montar o meu lego – que também não existe mais.
Talvez eu não exista mais.
Mas isso é apenas um detalhe. O que eu gostaria mesmo é de não levar as coisas tão a sério. De não PRECISAR levar as coisas tão a sério. Mas o fato é que não há mais escapatória.
Estou ficando velho e não há como escapar do tempo.
Rafael Rodrigues
Cinto do Kamen Rider, máscara do Jaspion, enfim, um monte dessas coisas.
Jogava bola com os amigos, saía para andar de bicicleta. Atividades essas que regularmente me deixavam com marcas e machucados. Não faço idéia de quantas vezes cheguei em casa sujo de terra, sangue e lágrimas.
Mas era bom. Não precisava levar nada a sério. O colégio era fácil demais. (Relendo essa última frase e pensando melhor nela, me sinto no dever de tecer o seguinte comentário: talvez o colégio não fosse fácil demais. Acho mesmo é que eu fui perdendo a inteligência que herdei com o passar dos anos. De excelente em tudo, tornei-me um medíocre. Mas enfim, a lamentação é outra.) Eu era mais bonito. Namorei duas irmãs ao mesmo tempo. Eu, com seis ou sete anos de idade, era um tarado. E nunca me dei conta disso.Ninguém deu. Nenhum garoto de seis ou sete anos é um tarado. No máximo ele é “danadinho”.
Eu ia pra escola de manhã, fazia meus deveres à tarde e ficava até à noite brincando, vendo tv, recebendo paparicos.
Sempre vinha alguém visitar. Sempre alguém trazia presentes. Sempre havia amigos para aprontar por aí.
Hoje as responsabilidades aí estão. Faculdade, trabalho, contas a pagar. Dar exemplo aos irmãos mais novos. Ser um homem decente. Me esforço para honrar minhas obrigações, mas em certos momentos, tudo o que gostaria de fazer era sentar no meu velho quarto – que não existe mais – e montar o meu lego – que também não existe mais.
Talvez eu não exista mais.
Mas isso é apenas um detalhe. O que eu gostaria mesmo é de não levar as coisas tão a sério. De não PRECISAR levar as coisas tão a sério. Mas o fato é que não há mais escapatória.
Estou ficando velho e não há como escapar do tempo.
Rafael Rodrigues
1 Comentários:
Lembrei de Lenine.
"Mas nunca se leve tão a sério
Nunca se deixe levar
Que a vida faz parte do mistério
e há tanta coisa pra se desvendar"
Mas ficar velho é natural. A maneira como ocorre é o importante.
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