terça-feira, agosto 16, 2005

Funeral Para Um Amigo - Parte Final

Primeira Parte: Funeral Para Um Amigo - Parte I

Os amigos aplaudiram em lágrimas. Isabela chorava no ombro da filha. O caixão finalmente encontrava seu abrigo final e a terra lhe traria o conforto.

Joaquim pode conversar com alguns de seus amigos mais antigos, "Foi muito bonito o que você disse lá na frente". Alguns desconhecidos também aplaudiam, "Excelente, Joaquim" e lhe davam leves abraços.

Na fila de carros que se estendia quarteirão abaixo, Joaquim encostado em seu veiculo, olhava todos os amigos e parentes saírem daquele enterro. Alguns não pareciam nem transtornados, outros traziam a dor estampada no rosto. Gustavo, o filho mais novo, talvez ainda não entendera que o pai nunca mais voltaria. Já Angélica, caminha em direção a ele.

- Angélica, tudo bem? - Joaquim não gostou de sua pergunta. Dizer isso para uma filha no enterro do próprio pai não era nada sábio.

- Oi Joaquim. Foram belas palavras o que você disse lá dentro. Eu gosto do que você escreve. Eu lembro que você ia em casa antes mesmo de ser famoso. Eu ainda tenho aquele livro que você me deu.

Ele sorriu, agradeceu, e nasceu um silêncio estranho que incomodava aos dois. Talvez existia algo mais para se dizer. Angélica olhava o chão.

"Há algo mais que queira dizer?", perguntou. E ela, ainda receosa.

"Sei que suas intenções foram maravilhosas. Mas você conheceu meu pai. E sabemos que algumas de suas palavras foram exagero. Meu pai foi sim uma pessoa feliz mas eu não encontrei vestígios dele em várias de suas frases. Foi um belo discurso, Joaquim. Mas papai tinha uma essência mais comum do que você pode imaginar. Só se ele mudou tanto assim desde que te conheceu. ... Papai não era um super-herói".

Desconcertado, Joaquim se pôs a olhar. Angélica foi a garota mais sincera que ele tinha visto desde então. Sem palavras prolongadas, abriu a porta do carro, disse um "tenho de ir. Se cuida" e prometeu, a pedido dela, enviar um exemplar de seu novo livro que sairia em breve. E foi embora.

No caminho para casa, Joaquim só pensava que se talvez José não foi uma pessoa ilustre, sua filha, com certeza seria pelos dois.

- Meu pai não era um super-herói... Quem diria, José. Quem diria...

Thiago Augusto
(01-08-05)

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