domingo, agosto 21, 2005

Introspeccção e Verosimilhança

"É a verdade que assombra
O descaso que condena
A estupidez o que destrói
Eu vejo tudo que se foi
E o que não existe mais"
Renato Russo, Metal contra as nuvens
in Legião Urbana - V

Palavras Repetidas, correto? Eu sempre soube que entre o nosso cérebro e coração existe um caminho difuso cuja interpretação demora para ser processada. Um conflito entre a razão e a emoção. O mesmo enigma da dualidade de "Amor e Sexo".
Sei que me repito muitas vezes. Porque normalmente tenho brilhos de escritas quando meu sono está de ponta cabeça e passo uma noite em claro, ora lendo ora fazendo nada. E depois do almoço, onde o sono já está batendo em minha porta, nasce uma pequena idéia para escrever. Peço para o sono esperar só um pouquinho e componho essas linhas que os senhores agora lêem.
Com isso, já escrevi mais de uma vez a respeito da dispersão dos sonhos e da confusão do sono. Assim como já explorei diversas vezes a dicotomia artista x palco. Minha breve interpretação, baseando-se em um lindo titulo de um livro de Nabokov, de que somos todos arlequins. Interpretando, de uma forma quase original, uma vida real. Onde as palavras as vezes não são exatas. Assunto que abordarei em uma crônica não metalingüística.
As vezes percebo o quanto minha afinação persiste sempre nas mesmas notas. Talvez a procura de um texto dessa maneira que alcance quase a perfeição, que se impossível no mundo real talvez possa ser alcançada no mundo da idéias.
Na classificação de Forrest Gump, meus amigos contam mais histórias do que eu. Normalmente meu estilo é o de Lispector. Que talvez refletisse em excesso, como eu, e sentisse uma necessidade de também racionalizar suas idéias no papel. Ora como Rodrigo S.M. ora como G.H.
Me sinto repetido, mesmo sabendo que um texto ainda não se parece com o outro. O eu lírico quase sempre a olhar para seu reflexo interior embora já tenha voltado a alguns assuntos, nunca os abordou da mesma maneira.
Penso em escrever mais histórias. Gosto delas. Pretendo aos poucos deixar esse lado nascer em mim mesmo. Sem provocar digressões como essa que acabo de cometer.
Mas foi pensando exatamente em mim mesmo. Um pensamento sem nenhum eu poemático, entre minha razão e meu coração que pensei em escrever mais um texto abordando essa dualidade.
O cérebro, o mais belo instrumento recebido por nós, é mais rápido para processar certas informações do que nosso coração. Minha razão pede, com razão, para que eu deixe certas idéias de lado, que meu coração ainda insistem em teimar. Nosso comboio de cordas talvez seja como nossos olhos quando sofrem a agressão de um flash fotográfico: Mesmo que a luz desapareça em alguns segundos, ainda permanece em nossas retinas a memória daquela luz. Onde demora certo tempo para entender que o objetivo alcançado já não está mais lá. Que aos poucos cede e deixa novamente novas águas passarem por si.
Meu coração teima em não esquecer. O cérebro diz que é necessário mudar alguns conceitos. E eu concluo que preciso escrever mais histórias. Com cérebro, coração, alma, catarse, vontade, paixão. Histórias que vão muito além da minha saudade, minha memória e meus pensamentos.

"E nossa história / Não estará / Pelo avesso assim / Sem final feliz / Teremos coisas bonitas pra contar / E até lá / Vamos viver / Temos muito ainda por fazer / Não olhe pra trás / Apenas começamos / O mundo começa agora / Apenas começamos." Renato Russo, Metal contra as nuvens
in Legião Urbana - V

Thiago Augusto

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