sexta-feira, outubro 21, 2005

Referendo do Desarmamento?? - FIM



Talvez seja uma própria jogada do Estado, “Vamos mostrar que a população é responsável pela segurança do país, a gente faz um Referendo, eles votam lá e esquecem por um tempo a criminalidade que só aumenta, os impostos que também aumentam, as ondas de seqüestro relâmpago que estão na moda, os roubos de celulares e eles são tão idiotas que nem vão perceber que a AR15, arma utilizada no tráfico, por exemplo, nem é vendida em lojas de armas, são de uso restrito das forças armadas, e se brincar nem na do Brasil (risos maléficos)”.

Uma boa tirada é também as histórias que se contam das crianças que encontram as armas dos pai, geralmente, e POW! matam um amiguinho ou irmão, “Vocês tão vendo? Se a comercialização fosse proibida, provavelmente isso não teria acontecido!” isso sem levar em consideração se arma era ou não legalizada ou que o mesmo poderia ter acontecido com uma faca, pedaço de cano, remédio, produtos de limpeza, resumindo, a responsabilidade pelas crianças são de seus respectivos pais, as mortes que houveram aconteceram por negligência, ignorância.

Existe um novo fator que li recentemente e não sei ainda a validade, mas vale a pena ser considerado e estudado a fim de ser descoberta toda a verdade, existe uma certa lei do comércio exterior que impede a exportação de algo que não possa ser comercializado no país onde é fabricado, ou seja, se o Brasil aprovar a não comercialização, não poderá exportar para os Estados Unidos, país que compra maior parte da produção de armas brasileiras, onde responde por cerca de 20% do comércio naquele país. Assim como aconteceu no caso da Embraer, da carne que, segundo rumores estaria com a doença da vaca louca, e agora por causa da dita alta qualidade das armas de leve calibre fabricadas aqui. Isso sem contar nos clubes de tiro que é um esporte que movimenta o comércio de armas no país, um esporte não tão barato, que produz empregos diretos e indiretos.

Cabe uma coisa mais importante ainda, vivemos num país onde funciona a representação política, elegemos um representante, na maior parte das vezes erroneamente, e este decidirá por nós. Por que será que justo a comercialização tem de ser jogada nas mãos de uma população onde uma minoria tem acesso ao ensino superior, onde as bibliotecas públicas estão sempre vazias e uma partida de futebol tem bem mais valor que um livro? Será que estamos preparados para decidir sobre uma questão tão complexa e racional que é apresentada de forma tão emocional e vazia? Tanto professores universitários quanto parentes de vítimas de armas terão de votar, nem todos terão a maturidade para pensar direito em vez de levar em consideração a voz de bandido do Chorão dizendo: “Sim pela paz, mano! Morou?” ou de um pai chorando pelo filho que morreu por conta de sua própria estupidez em deixar uma arma a seu alcance.

Cada vez mais acho enfadonho conviver numa sociedade onde as classes dominantes usam de subterfúgios tão baixos e manipulação tão acirrada num país onde cada vez mais as pessoas aderem à atitude blazé, passam pelas ruas diante de corpos e pessoas pedindo socorro sem parar devido à pressa de chegar na hora certa no trabalho, por que então fingimos que nos importamos com os filhos dos outros que morrem? São sempre os outros, nunca perto da gente. Mais ainda com uma proibição, quem sabe a ditadura não está voltando já que não podemos mais nos expressar de tantas formas e cada vez mais os religiosos implantam em nosso cotidiano suas expressões de fé que se enraízam cada vez mais no nosso pensamento, deixando de lado o racionalismo e nos guiando pela cegueira completa da fé e pela incerteza da emoção que nada é sem ser associada ao pensar.


Ontem na bandeirantes, mais ou menos às 10 e meia da noite, estava passando um debate da frente do não x a frente do sim com algumas perguntas da emissora e depois de estudantes de direito, foi até interessante, espero que tenham visto ;)


Eduardo Leite

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