quarta-feira, janeiro 25, 2006

Arrependimentos - Parte II

Postado originalmente em 28/05/2005

Enquanto Cronos brincava nas folhas Fernando mergulhava outra vez em seus pensamentos. Lembrava-se de perguntar espantado o porquê daquele presente, “Não é meu aniversário” havia ele dito em tom de ironia, “Eu sei bobinho, é o meu!” e as lágrimas rolaram novamente de seus olhos nessa lembrança, mas não tentou contê-las dessa vez. “Não precisa ficar envergonhado amor, sei que sua memória não é lá essas coisas pra datas e nomes, mas eu te amo assim mesmo.” e o beijara daquela maneira terna e apaixonada, eles estavam namorando havia 8 meses, como ele esquecera do aniversário? No dia ele nem deu tanta atenção, mas hoje o arrependimento corroia sua alma, como podia esquecer do dia do aniversário da pessoa mais importante de sua vida? Não o sabia na época ainda, ou não queria admitir para si mesmo. Ela se doara tanto, e ele tão pouco e imerso em suas lembranças seu coração apertou de novo, vinha um vazio que começava na barriga e parecia que iria sair pela boca. Tentou conter-se, mas desatou a chorar. E a enxurrada de lembranças não parava.

“Carla, a pressão está demais em minha casa. Minha família não consegue aceitar nosso romance, a pressão tem sido grande demais pra mim!” silêncio, “Eu amo muito você e não ligo se você teve de fazer o que fez pra poder pagar sua faculdade durante tanto tempo, sei que você precisava e que hoje é diferente, mas eles... eu não agüento mais...” lágrimas em seus olhos, “O que você quer que eu faça? Fuja com você? Eu não posso Carla! Sei que é intenso, sei que a amo, mas não sei se estou disposto a abrir mão da minha vida, de tudo que conquistei, e se você...?” “Se eu o que Fernando? Se eu o trair pra pagar alguma conta? Se a vadia da Carla deixar você na mão? Não sei o que dizer, se meus atos até hoje não falaram nada a você, não existem palavras minhas que possam.” e assim ela saiu daquele banco onde se conheceram e foi embora de sua vida de uma vez por todas.

Ele sabia os esforços que ela havia feito por ele, ele lembrava do carinho que dispensava a ele, das declarações feitas sob o olhar de sua freqüente testemunha, a Lua. Ele arrependeu-se 2 semanas depois e ligou para sua casa querendo falar-lhe, mas ninguém atendeu. Ligou pro celular, mas estava desligado. Foi lá e descobriu que o apartamento estava vazio. Procurou algumas de suas amigas e a única que resolveu recebê-lo falou que ela havia voltado para a cidade de sua mãe e que moraria por lá, mas não o deu o número de telefone e ele foi corroído por uma enorme raiva de si mesmo por nem mesmo lembrar o nome da cidade, ela o havia dito, sim, havia dito algumas vezes, mas ele, como sempre, não prestou atenção.

Procurou-a por meses a fio, fez contato com amigos, parentes dela e descobriu onde ela morava na época. Tirou folga do trabalho e foi disposto a lhe fazer uma surpresa, não quis correr o risco de ligar e ela desaparecer outra vez e dirigiu por 2 dias até que chegou no endereço certo. Chegara muito cansado, mas não podia conter a curiosidade e ansiedade por vê-la finalmente após 6 meses, o que parecia uma eternidade. Bateu na porta e uma senhora atendeu, tinha seus 65 ou 70 anos, era baixinha, cabelos completamente brancos e um sorriso vazio. Parecia ser muito só e assustou-se a ver o Fernando batendo em sua porta com um buquê de flores do campo (as preferidas da Carla).


Continua...

1 Comentários:

Às 4:13 AM , Blogger mk disse...

Milhões de anos que eu não passo aqui!
bom retornar!

=***

 

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