sexta-feira, janeiro 13, 2006

Madrugada

*Postado Originalmente em 21/07/05

Era um orgulho singular. Pela primeira vez a garota recatada cedia espaço à garota febril e intensa. O corpo em prioridade, com mente e responsabilidade banidas de sua consciência.
Gustavo não era um garoto tão bonito, mas foi escolhido para realizar seus desejos. Ele a conhecia a menos de um ano. E Fernanda sempre foi uma bela garota, que respeitava a si mesma, acima de tudo. Gustavo não acreditava no que acontecia aquela noite.
Tudo começou da forma como sempre acontece. Eles apenas dançavam. E conversavam, entre um passe e outro, como colegas que sempre foram. Mas de súbito, ao rodar tão perto de tão bela face, ele a quis beijar. Aproximou-se de seus lábios como quem cheira uma flor. E o beijo, que depois se transformaria em vários, aconteceu.
E agora não poderia imaginar que o ponteiro do relógio não circulara nem uma hora desde aquele beijo. No chão via as roupas de ambos. Sua calça antiga em contraste com uma camiseta recém adquirida. A roupa de Fernanda, agora sensualmente bela e nua, não era vulgar, mas valorizava seu belo corpo, percebido há pouco tempo pelos que a cercavam.
Os dois, nus, se beijavam com a fúria das tempestades. E cada contato que tinha com Fernanda era correspondido não só com gestos mas com palavras que refletidas em seus ouvidos causavam um efeito ainda maior de adrenalina.
O corpo dele, sob o dela, causou efeitos nunca antes desvendados pela sua consciência. Seu desejo era sentir o calor do impacto de um corpo com o outro. No destemido movimento carnal que ambos consumavam.
Tão rápido se iniciaram, tão rápido se findaram. Ele incrédulo e ela lisérgica Olhando para o vazio como alguém que ainda não se recuperou completamente do que aconteceu há pouco.
Somente horas depois que ele pôde realizar o que realmente havia acontecido: Fernanda estivera em seus braços. Em seu corpo, nesse momento, ele não exalava outra coisa além do perfume dela incrustado em todos seus poros.
Assim que ela voltou para sua casa, Gustavo se lembrou de tudo novamente, e obteve quase a mesma sensação sentida naquela noite.
Ela, ainda não arrependida, abria as portas para um novo momento de sua vida. Sem saber que naquela noite não existiu Fernanda alguma. Só havia, naquele quarto, a presença de uma puta.

Thiago Nogueira

1 Comentários:

Às 10:16 AM , Anonymous Anônimo disse...

Elas são, enfim, nossos grande amores.

 

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