quinta-feira, janeiro 12, 2006

Céu da cor de baunilha (Vanilla Sky)

* Postado originalmente em 15/05/2005


Entardecia, e às vezes no fim da tarde, aquele jovem voltava seus olhos para o céu. Adorava ver o céu da cor de baunilha.
Era sábado, fim de tarde. As pessoas passavam, alguns garotos jogavam bola, entregadores de gás faziam o que tinham de fazer: entregavam gás a quem pedia (e tinha dinheiro para pagar).

Tudo isso - ou somente isso - acontecia enquanto dois jovens estavam sentados num banco de praça. Sentaram-se ali para falar de amor.
O rapaz, muito sério, não olhava muito para a jovem que estava a seu lado. Fossem eles namorados, poder-se-ia dizer que estavam brigados. Mas eles não tinham relacionamento amoroso algum; e falavam de amor.

Ela pedia ao rapaz que a olhasse nos olhos. Havia feito uma pergunta e exigia uma resposta. Ele, coitado, tinha medo de encará-la. Tinha medo de não resistir aos encantos daquela garota que ali estava lhe entregando o coração.
Pensou em mentir. Dizer que não sentia por ela nada além do carinho que se tem por um amigo. Quis dizer aquilo, mas não conseguiu. Não é fácil mentir para quem se ama. Depois de alguns minutos de silêncio, o jovem enfim disse o que tinha de dizer. Ele gostava muito dela, e só queria o seu bem, o melhor para ela. E o melhor para ela não era ele, e sim o outro. Disse também que queria o mesmo que ela, e que eles poderiam fazer o que queriam, mas não deveriam. Era difícil falar isso, mas era o que deveria ser dito.

E então ela perguntou se era assim que tudo iria acabar. Se cada um iria para seu lado, e se encerraria daquela maneira. Ele nada respondeu. Ela perguntou se não era hora de irem embora. O rapaz continuava calado. A jovem então perguntou se ele queria realmente ir embora, e levantou-se.
O jovem não se movia, e pensava em dizer que sim, queria ir embora, que acabara ali algo que nem havia começado. Mas não, ele não fez o que tinha de fazer; novamente vacilou. Estava perdido, e não seria fácil se encontrar. Finalmente voltou a si e disse - repetiu - que queria o mesmo que ela, mas que não era certo, e que precisavam mesmo se afastar.

Por ser mulher e por toda mulher fazer um homem sofrer, ela pediu-lhe um beijo. Ele negou, e lhe deu um abraço. Quis ser carinhoso, e deu-lhe um beijo na testa. Mas não puderam evitar. Ela queria, ele também, e seus lábios se tocaram.
A esse momento o céu não era mais da cor de baunilha. Escurecia. O vento ventou mais forte e as plantas tremeram - assim como aqueles jovens tremiam de amor.

Depois do beijo, a separação. E a dor de saber que nunca mais estariam juntos. Tão perto.


Rafael Rodrigues

3 Comentários:

Às 9:34 AM , Anonymous Anônimo disse...

Rafael...

Este post é para deixar registrado o quanto vcs são importantes para esta leitora... 3 vozes é minha mania virtual...

Abraço

 
Às 2:28 PM , Anonymous Anônimo disse...

Tá, tá... faz tempo que não venho... Mas estou aqui hoje e... que delisiosa tarefa... tenho de ler o que ainda não li.

 
Às 8:51 PM , Blogger Luiza Aldsr disse...

Meu Deus que lindo!f1

 

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