domingo, janeiro 08, 2006

Um Tango à Luz Do Luar

*Postado originalmente em 24/02/05

Peço permissão para me apresentar. Mas é fato que já sou conhecido.
Meu maior triunfo é acharem que nunca passei de uma ilusão. Sou um mágico, te confundo com palavras ocas, e sem perceber já fiz o truque de te cortar ao meio.
O que mais te assusta é a natureza de meu jogo. Você se arrisca a um palpite?
Podemos até fazer um jogo, a cada palpite certo eu te poupo do inevitável, se você errar, eu conto seu segredo... Não há nada melhor do que jogos mortais.
Já vi muitas coisas acontecerem, e até hoje não estou cansado. Cair foi o melhor que pude fazer. Erguer meu próprio império. Oposto. Talvez sem alguns tributos, mas quase perfeito.
Eu vi quando o pobre nazareno penava pelos pecados dos outros, eu sentia sua dor e exaltava sua duvida. “Será que é isso que você quer fazer... Tem certeza??”.
Era minha risada que ecoava em campos de batalhas, enquanto reis traidores com suas rainhas imundas brigavam por décadas por seus valores e seus deuses. Me alimentei com cada sangue escorrido de “inocentes” que nem mesmo precisei perverter.
Me diga qual o seu nome? Lhe prometerei fortunas se selar seu sangue com o meu, mas mantenha discrição, um homem de bom gosto como eu sempre tem seus inimigos. Pense no agora, e em tudo que você sempre quis ter em sua mão... No fim o preço sai barato demais.
Será que já adivinhou meu nome? São tantos que há uma marca própria em cada letra do alfabeto. Ao contrário de alguns, sempre respondo quando me chamam. Sou fino e educado. E de extremo bom gosto.
O que mais entristece é aqueles que dizem que gostam de mim, para manter uma postura malévola. Desses dreno cada parte de seu sangue, com a ponta de uma agulha. Com um simples veneno. Doloroso. Pois nada nesse mundo é mais prazeroso pra mim do que a dor dos mortais.
Me comove aqueles que acham que sabem jogar meu jogo, para eles guardo meu truque mais barato, o medo. No fim todos são um pouco meus escravos.
Nenhum mortal é puro, graças a mim e a dúvida de uma mulher.
Perdão pela minha indelicadeza, mas preciso me apresentar: Tenho muito nomes, mas você pode me chamar pelo nome que fui chamado por Ele: Lúcifer. Prazer em te conhecer. E antes que me esqueça. Eu sei o que você fez...

Thiago Augusto
(08/04/04)

2 Comentários:

Às 2:09 PM , Anonymous Anônimo disse...

Excelente. Gostei geral do texto. É muita coragem escrever algo desse tipo.

 
Às 9:22 PM , Blogger mk disse...

Esse não é inédito...
mas eu curto muito vc sabe...
=*******

 

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