terça-feira, janeiro 03, 2006

Bellini e o Barulho

* Publicado originalmente em 08/05/2005

Editora: Companhia das Letras
ISBN: 8571647283
Ano: 1999
Edição: 1
Número de páginas: 257
Acabamento: Brochura
Formato: Médio

Como um fã de cultura em geral, sebos sempre me atraem. Quando ocorre a necessidade de um livro, passar em um "só para ver se, por acaso, tem o livro" é só uma desculpa para bisbilhotar e procurar por novidades.

O que mais gosto é achar em meio a livros realmente velhos, algum ainda branco, quase novo. Comprado por alguém alguns anos atrás e que foi recentemente vendido a loja.

Encontrei em cima de uma das prateleiras de Literatura Brasileira, o segundo romance policial de Tony Bellotto. "Bellini e o Demônio". O livro só estava um pouco torto. Provavelmente seu comprador inicial era descuidado e não se importava de quase dobrar o livro para fazer sua leitura.

Pensei: "Mas é só uma coisinha torta, depois com alguns pesos a lombada fica de novo um pouco mais reta."

Abri a primeira pagina, lá estava o preço, R$12,00. Achei de inicio caro. Mas sempre freqüento esse sebo e pela primeira vez já fui ao caixa com intuito de pechinchar.

- Vou pedir o que quase todo mundo pede, aquele descontinho.

O moço pegou a calculadora, fez alguma conta e chegou a 10 reais no preço do livro. Ainda jogou um charme dizendo que o livro "tinha chego hoje".

Comprei e deixei para trás os livros que não encontrei.

Abro hoje a primeira página, acho interessante a frase inicial do livro. Uma noticia de jornal, cortada com os comentários da personagem principal, o detetive Bellini.

Entro imediatamente na história, já sinto aquele clima sujo de romances policiais, estou quase indo para a terceira pagina do romance quando...

A vizinha liga o aparelho de som, em uma musica horrível, em um volume muito alto. De repente me vi, não mais em uma São Paulo suja habitada por putas, mas sim no meio de um inferno musical.

Fecho o livro, triste. Bellini, infelizmente, não descobrirá nessa tarde qual será sua próxima investigação.

"Talvez mais tarde, cara. Talvez mais tarde!"

Sento no meu computador para escrever essa crônica e agradeço ao homem inventor do fone de ouvido.

Thiago Augusto

3 Comentários:

Às 9:54 PM , Anonymous Anônimo disse...

Muito legal Thiago! Tem até uma crônica minha que basicamente é o final da sua. Tentando ler um livro, som do vizinho bem alto e tal. Depois posto aqui. Abraçones,
Rafel

 
Às 12:09 AM , Blogger Bruno Capelas disse...

Você não sabe como eu agradeço ao cara que inventou o fone de ouvido. É uma das melhores invenções humanas... :D

Um abraço!

 
Às 10:31 AM , Anonymous Anônimo disse...

Hum...não é a primeira vez que essa vizinha "dá seu showzinho" ein... :)
Beijos

 

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