Continhos
I
Se Eduarda não tivesse tido aquela idéia absurda de saltar daquele prédio, eu ainda estaria vivo.
"Se você se jogar eu também me jogo."
"Se joga então que eu quero ver."
E eu me joguei.
Quando ela me viu, lá de cima, espatifado no chão, a poça de sangue me engolindo, virou as costas e foi para o apartamento.
Chorar. Depois, ver tevê.
.
Sem sentido
Estava escuro e abafado. Ele mal conseguia respirar. Suas narinas já não trabalhavam bem. A boca, seca, já não produzia mais saliva. Sem nada enxergar, não sabia que não havia paredes para se apoiar. Já não sentia dor nenhuma. Caísse ele, ali mesmo ficaria.
Jogado à própria sorte. A morte certa.
II
Ela chorava copiosamente por sobre meu ombro enquanto gaguejava algumas palavras de amor - e reconciliação. Eu pensava em coisas vãs.
E em como ficaria minha camisa depois daquilo.
Quem de nós dois
Depois de todo aquele barulho e do que parecia ser o inferno, entre mortos e feridos pude vê-la chorar. Foi quando tive a certeza de que nos amávamos.
Pena que foi tarde demais.
III
O problema não era ele estar ali, sozinho, cigarro aceso, pensando no que fazer.
O problema era justamente isso: ele não tinha ideia alguma do que fazer, nem a quem recorrer.
O problema não era ele estar ali, sozinho. Era seu único amigo ser aquele cigarro.
Rafael Rodrigues
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1 Comentários:
Alguns são pra rir e outros são mais poéticos.
Continhos são bons por isso. Sintetizam um pensamento nosso que as vezes poderia ser bobo em pequenos bons textos.
Th//
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