Novos horizontes do conhecimento
"Em sua busca a um paraíso, supostamente perdido, a humanidade transformou-se num imenso mercado, onde proliferam ciências, filosofias e religiões. Formidáveis aparelhos ideológicos procuram perpetuar a ignorância, mantidos com os dividendos gerados a partir da venda indiscriminada de dogmas.
Definidos como fundamentos indiscutíveis de qualquer doutrina, os dogmas afirmam a existência de verdades absolutas. Concebidos entre quatro paredes, com a finalidade de legitimar e preservar interesses de pequenos grupos, são extremamente sofisticados em sua ação, geralmente subliminar. Não admitindo discussão, são a antítese da liberdade.
Perquirir, não obstante, é característica intrínseca ao ser humano. Os que anelam por novos horizontes na esfera do conhecimento, transformam-se nos arautos da Nova Era, repetindo, na forma de reformulação de conceitos, a bíblica expulsão dos mercadores do templo. Mesmo a ciência oficial, particularmente a sisuda física moderna, com todo seu formalismo matemático, tem esbarrado em paradoxos, cujas soluções ultrapassam os limites da realidade sensorial.
Em notável artigo, intitulado O ovo psíquico, Gregory Hall sugere que "o ego deve romper a casca aparente do mundo para ter uma visão mais clara do universo". A realidade, malgrado nossa dependência ocidental às explicações "científicas", parece não estar restrita à ação dos cinco sentidos. Estados de consciência, como a sonolência que precede o sono, os sonhos, a semiconsciência anterior ao despertar e o orgasmo, talvez possuam uma realidade própria. Os fenômenos parapsicológicos e ufológicos, sugerem um universo em que mundos igualmente reais podem coexistir, e em que a distinção entre o real e o irreal, o objetivo e o subjetivo, não fica facilmente delineada.
O homem permitiu a atrofia de suas faculdades, acomodando-se ao mundo dos padrões e do consenso. Possivelmente, se abandonasse a realidade comum, esperasse tudo dos acontecimentos, agisse sem resistência e experimentasse o mundo diretamente, captando sua essência sem racionalizações e preconceitos, libertar-se-ia de seu "transe cultural" e do condicionamento a que se submete involuntariamente. Talvez o Éden esteja na simplicidade, na consciência liberta do ego. Não há motivo para temermos quebrar a casca do ovo. Afinal, o passarinho só pode voar depois de partir a casca... "
(Crônica publicada no jornal "NH", de Novo Hamburgo/RS, em 18/9/1995.)
Por Martinho Carlos Rost
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