À la Bukowski - Parte II de II
- Então. Harry trabalhava numa grande empresa – e não pergunte por que o demitiram – e viajava muito. Sua esposa, Linda, é uma belíssima mulher. Consta que de uns tempos pra cá Linda aproveitava as viagens que o Harry fazia para chifrar ele. E o Harry começou a desconfiar porque Linda não reclamava mais das muitas viagens. Desconfiado, semana passada o Harry resolveu checar isso. Disse que iria fazer outra viagem, fez as malas e tudo mais. E não viajou. Saiu de casa e foi para um hotel. Até ligou de lá para Linda, horas mais tarde, para dizer que havia “chegado” bem e tal. À noite foi até sua casa. Entrou e ouviu ruídos vindos do seu quarto. Então ele subiu as escadas, abriu a porta e viu Linda transando com um cara que ele nunca tinha visto na vida.
- E aí, Jack, o que ele fez?
- Vocês não vão acreditar. Ele pegou o revólver – consta que ele já o possuía, antes mesmo dessa história – e apontou pra cabeça do cara. Fez o cara ir ao banheiro e pegar cola super-bond. Depois, fez Linda passar a cola na mão dela e mandou ela segurar o... o..., vocês sabem o quê, do cara.
- E ela segurou?
- Claro, Bob! Harry tava com a arma na mão, podia matar os dois. E aí ele foi embora e deixou os dois lá. Eles ligaram para a emergência. Tiveram que cortar o negócio do cara para poderem liberar a mão de Linda.
- E por que não cortaram a mão dela, Jack?
- Ah, sei lá. Acho que ele ia perder o negócio de qualquer jeito. Deve ser uma área muito complicada pra cirurgia, ainda mais uma cirurgia daquelas.
- Tá certo, Jack. E como vou saber que isso é verdade?
- Confiando em mim, ué!
- Nada feito, Jack. Você disse que iria provar.
- Ok... Tá aqui o jornal. Página 10. Ei, Jimmy, vai pedir o quê?
- Nada, Jack, obrigado. Fiquei enjoado...
- Me vê um Martini seco, Bob!
* Este conto foi uma tentativa de homenagear o mestre Charles Bukowski, escritor que nasceu na Alemanha em 1920 e morreu em 1994. Buk, ou o "velho safado", como muitos carinhosamente o chamam, foi criado nos Estados Unidos e é tido como o último dos escritores malditos. Sua literatura influenciou e continua influenciando centenas de escritores por todo o mundo. Além dessa "homenagem", existe uma outra, ao grande mestre Fernando Sabino. É uma das falas do texto. Alguém tenta acertar qual é?
Rafael Rodrigues
1 Comentários:
Mto bom! Preciso ler esse velho safado!
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