Três palavras
Deveria ter dito “eu te amo”. Conseguiu dizer apenas que estava ficando tarde e precisava acordar cedo no dia seguinte.
Eduardo foi para casa maldizendo-se por todo o caminho. Entrou, tomou banho, jantou, deitou-se. Pensou em como se declarar. Deveria haver uma maneira fácil de fazer aquilo. Concluiu que o correto seria dizer aquelas três palavras assim mesmo, à queima roupa. O medo da não-reciprocidade deveria ser esquecido. Afinal, como haveria de saber se ela também o amava? Teria que dar a cara a tapa, mas não havia outra maneira.
Dormiu pensando em no dia seguinte resolver aquilo.
Acordou e seguiu sua rotina. Faculdade, trabalho, Priscila. Tentou e não conseguiu. Mais uma vez engasgou. Deu mais uma desculpa e foi-se para casa.
Em sua cama pensava que ela já sabia de tudo. A não ser que fosse tão desligada quanto ele, que só tinha conhecimento do amor de outra mulher através da boca dos outros.
Na faculdade encontrou-se com um amigo que lhe deu uma idéia: um buquê de flores e um cartão revelando seu amor. Nada mais romântico, mais apropriado e mais cômodo. Uma idéia tão óbvia que jamais conseguiria chegar a ela sozinho. O amor para ele era tão complicado...
Pôs em prática a tal idéia. Não a viu naquele dia. Precisava se preparar psicologicamente para o que estava por vir.
No dia seguinte perdeu a primeira aula e foi ir à floricultura. O buquê mais bonito que você tiver, por favor. Demorou para escrever o cartão. Percebeu que declarar-se por meio de esferográficas não é tão fácil quanto seu amigo havia dito.
Mandou enfim o buquê. Pediu para ser entregue entre duas e três horas da tarde. Horário que com certeza ela estaria em casa. No trabalho pediu para que, se houvesse alguma ligação para ele, dizer que estava fazendo serviços externos, e retornaria a ligação mais tarde.
Ela ligou duas vezes. Às quatro e às cinco da tarde.
No início da noite, saindo do trabalho, foi atropelado e morreu instantaneamente.
No enterro, depois que todos se foram, ela chegou. Deixou o buquê de flores que havia recebido, e dentro dele um cartão.
Nele estava escrito: “eu também”.
Rafael Rodrigues
Eduardo foi para casa maldizendo-se por todo o caminho. Entrou, tomou banho, jantou, deitou-se. Pensou em como se declarar. Deveria haver uma maneira fácil de fazer aquilo. Concluiu que o correto seria dizer aquelas três palavras assim mesmo, à queima roupa. O medo da não-reciprocidade deveria ser esquecido. Afinal, como haveria de saber se ela também o amava? Teria que dar a cara a tapa, mas não havia outra maneira.
Dormiu pensando em no dia seguinte resolver aquilo.
Acordou e seguiu sua rotina. Faculdade, trabalho, Priscila. Tentou e não conseguiu. Mais uma vez engasgou. Deu mais uma desculpa e foi-se para casa.
Em sua cama pensava que ela já sabia de tudo. A não ser que fosse tão desligada quanto ele, que só tinha conhecimento do amor de outra mulher através da boca dos outros.
Na faculdade encontrou-se com um amigo que lhe deu uma idéia: um buquê de flores e um cartão revelando seu amor. Nada mais romântico, mais apropriado e mais cômodo. Uma idéia tão óbvia que jamais conseguiria chegar a ela sozinho. O amor para ele era tão complicado...
Pôs em prática a tal idéia. Não a viu naquele dia. Precisava se preparar psicologicamente para o que estava por vir.
No dia seguinte perdeu a primeira aula e foi ir à floricultura. O buquê mais bonito que você tiver, por favor. Demorou para escrever o cartão. Percebeu que declarar-se por meio de esferográficas não é tão fácil quanto seu amigo havia dito.
Mandou enfim o buquê. Pediu para ser entregue entre duas e três horas da tarde. Horário que com certeza ela estaria em casa. No trabalho pediu para que, se houvesse alguma ligação para ele, dizer que estava fazendo serviços externos, e retornaria a ligação mais tarde.
Ela ligou duas vezes. Às quatro e às cinco da tarde.
No início da noite, saindo do trabalho, foi atropelado e morreu instantaneamente.
No enterro, depois que todos se foram, ela chegou. Deixou o buquê de flores que havia recebido, e dentro dele um cartão.
Nele estava escrito: “eu também”.
Rafael Rodrigues
1 Comentários:
Lindo. Muito bom mesmo. O final me emocionou... Sério.
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