segunda-feira, agosto 22, 2005

Preâmbulo











PREÂMBULO


“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”
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Me emocionei ao ler esse texto pela manhã na aula de Direito Constitucional (tou fazendo cursinho pra concurso público), uma emoção de felicidade e tristeza ao mesmo tempo. Felicidade em ver um texto tão sublime, conciso, sóbrio e cheio de democracia, de respeito, de tolerância, de orgulho. Mas tristeza em ver que é, ainda, um texto muito além de nossa atual realidade. Não falo apenas do governo que falha conosco constantemente, mas no âmbito de “consciência coletiva” onde desrespeitamos esse lindo preâmbulo da NOSSA Constituição.

Começo me perguntando sobre os direitos sociais e individuais, e aí posso citar as centenas de milhares (ou milhões) de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza e doentes, que passam horas na fila para receberem um diagnóstico sem exame, isso quando não morrem esperando.

A liberdade, por onde anda esta danada? Onde você consegue perceber a liberdade nesse país quando todos se preocupam tanto com a vida de seus semelhantes tentando enclausurar mais outra pessoa em sua já prisão coerciva? Como outrora havia dito, a liberdade é inata no ser humano, ele nasce com esta, mas deve lutar todos os dias de sua vida pelo direito de exercê-la, devido à nossa intolerância e inveja disfarçados de valores.

Segurança é algo que nos falta mais do que tudo, que nos cerca e prende dentro de nossas próprias casa, que nos insere na individualidade forçada, neurose aguda, síndromes de pânico. A segurança de nosso Estado prende consumidores de maconha e namorados em carro ao mesmo tempo que acoberta traficantes que ameaçam a segurança, homens ocupadores de altos cargos públicos que roubam nosso dinheiro dado com muito esforço num país onde se encontra uma das maiores “cargas tributárias” do mundo. Para quê? Pelo menos em segurança eu sei que eles não investem, as vítimas de seqüestros relâmpago que nos digam.

Nosso bem-estar é ameaçado pela falta de segurança, pela falta de saúde, pelas vítimas de acidentes de carro, pelos bandidos armados na rua, pela polícia que confunde-se com a bandidagem, mesmo tendo pessoas honestas e comprometidas com seu dever.

O nosso desenvolvimento é comprometido pela falta de iniciativa pública para as pesquisas, pois é mais lucrativo e seguro assegurar um relacionamento de favores com nossos “amigos” de países desenvolvidos que impulsionar o desenvolvimento interno gerador de empregos e competição interna que em tese aumentariam a qualidade, produção e mobilidade monetária aqui dentro e para aqui.

A igualdade e justiça que não são valores supremos em nossa sociedade não fraterna, individualista e altamente preconceituosa, hipócrita, egoísta e pseudo-moralista fundamentada num caos social e comprometida com os lucros dos donos do capital e o afundamento exponencial do pobre assalariado e dos miseráveis com soluções nada pacíficas das controvérsias e esquecida por Deus.

Me envergonha ver o que fora sonhado para nós e o que vem sido feito de fato. Nos drogamos cada vez mais no futebol, carnaval e fuxicos diversos para que nossos sentidos já entorpecidos venham a ser completamente ceifados em função de uma alienação geral. Me envergonha mais ainda ser parte atuante dessa sociedade patética e fraca levada pela mídia como bonecos de fantoche, sendo influenciadas a todos os movimentos externos com apoio da maioria porque a nossa moda jamais foi e jamais será a cultura, por confundirmos amor-próprio e individualismo com egoísmo, desrespeito e ambição incessantes. Me entristece saber o buraco em que estamos inseridos e como camuflamos nossa tristeza e descontentamento geral em consumismo exacerbado e Faustão ou Gugu aos domingos ou somos manipulados em nossa sincera fé por instituições que são apenas mecanismos de alienação no tocando ao esmorecimento e passividade diante dos fatos e da sociedade como um todo.

Desejo e peço a todas as forças metafísicas existentes no âmbito fantasioso de meu ser que, nós que carregamos a maldição da consciência e cultura, possamos começar a mudança em nós mesmos, abolindo e não dando espaço às medíocres preocupações artificiais e sim nos empenhando na mudança da “consciência coletiva”, cultura, liberdade, igualdade, respeito, tolerância e ética imensuráveis, pois esse é o peso do saber, a responsabilidade de se lutar contra o emburrecimento de nós mesmos, o conformismo com o caos e à não cumplicidade com os responsáveis com tudo isso. Você e eu.


Eduardo Leite

2 Comentários:

Às 12:37 AM , Anonymous Anônimo disse...

Que coincidência, Dudu. Justamente num momento em que eu estou abdicando de certas atividades e comodidades para ficar de olho em sites, revistas e transmissões ao vivo das CPI's, você escreve esse texto. Complementando, corroborando e incentivando meu patriotismo que estava adormecido. Pois vamos então, utilizar nosso humilde espaço e dar também nossas alfinetadas políticas e sociais. Sem esquecer da literatura, claro. Mas quem sabe, nós, que somos jovens, possamos por meio deste blogue incentivar outras pessoas a se ligarem também no que está acontecendo no nosso país. Abraço, e em breve retorno ao assunto em um post.

 
Às 11:18 AM , Anonymous Anônimo disse...

Oi, eu li tá....heheheheh
Eli

 

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