sábado, março 19, 2005

Chagas - Parte I

Mãos

Dizem que foi o Perdão que possibilitou o nascimento da culpa.

Que sem o sol, ninguém contemplaria a lua.

Que a vingança é um prato que se come frio.

E que traição é pior que a morte.

Pedro negou Cristo por três vezes antes do nascer do sol. Judas o trocou por moedas nojentas de prata. E Cristo já sabia tudo isso, e mesmo assim escolheu seguir seu próprio caminho.

Semimorto em uma cruz, ele se perguntava onde estava seu próprio pai, que naquela hora o abandonara.

Depois de surrado, açoitado, crucificado ainda havia tempo para o ato final. A lança que atravessaria seu corpo e daria fim a horas agonizantes de dor.

E nesse mesmo dia, houve uma dezena de carrascos que se ergueram no patamar de mestres e crucificaram mais um homem como era de costume.

Judas depois do fato, não agüentou tamanha culpa e se enforcou. Suicídio.

De acordo com os verbos populares a única morte não perdoada pelas divindades.

Aonde a alma vaga por um deserto possuído de dores eternas.

O sangue de Jesus escorria, quando o último carrasco crava-lhe a lança que terminaria por mata-lo.

Dizem que o carrasco chorou, quando logo depois da morte de Cristo, as lágrimas divinas caíram do céu.

Me estranha o fato de muita vezes o pai a beira da morte pedir desculpas ao filho por tudo que fez. A morte nos é tão estranha que o desejo de sairmos limpos dessa etapa para rumar a outra desconhecida, nos traz uma vontade de nos purificar por completo.

O que me entristece é saber que muitos só fazem isso no final de suas próprias vidas. Como uma forma nada valiosa de pedir absolvição por todos seus pecados e anos de avareza.

Eu te magoei e agora peço desculpas, antigamente eu não estava com o pensamento de agora. E criei uma canção errada. Não vou assumir o que você sabe que é verdade, pois na verdade me escondi tanto de mim mesmo que nem sei mais quem eu sou. E não sei do que gosto, porque nunca me mostraram o gostar.

As tentativa de devolver as moedas de prata e as desculpas atrasadas de Judas de nada adiantaram.

A lagrima fria do carrasco não trouxe vida ao corpo dilacerado de cristo no alto da cruz.

Talvez se tivesse pensado em uma conseqüência, você veria que a única coisa que não volta para trás é o tempo.

Desculpas agora não servirão de consolo ao passado que já morreu na cruz.

Thiago Augusto

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