sexta-feira, agosto 05, 2005

Ele x Ela Na Cidade Sem Fim - Parte Final


[...]

Chegou na casa da tia Nina por volta das 11 horas da manhã. Sabia que Maria já estaria fora da cama, seu plano inicial não seria realizado.
Tocou a campainha, cumprimentou tia Nina e perguntou por Maria. "Saiu, meu filho, faz tempo, mas acho que volta logo. Sente-se e espere por ela".
Fez uns minutos conversando com os outros parentes, e foi sentar se em uma varandinha no segundo andar da casa. Lia o jornal para distrair.
Passou os olhos pelo caderno de esporte, leu uma ou duas notícias no "cultura", riu das tirinhas do dia e começou a olhar o movimento das ruas.
Reconheceu o carro que chegava. Era dona Eulália, mãe de Maria. Provavelmente estariam juntas.
O carro parou, demoraram um pouco a sair. E saíram: Dona Eulália, Maria Eduarda e Bruno, que Vinícius conhecia muito bem.
Há quase dois anos atrás, quando conheceu Maria, ela parecia chateada por ter terminado um recente namoro de não sei quanto meses. Bruno era o tal rapaz, que as vezes ainda a procurava e insistia em ligar.
Eles se beijavam nesse exato momento, as portas do carro. Segurando pacotes e parecendo felizes. Lá em cima da varanda, Vinícius não podia acreditar na cena que via. Por um instante perdeu seu rumo, e só encontrou a cadeira que sentava quando já estava nela.
Não soube quanto tempo passou até Maria Eduarda aparecer em seus olhos.Talvez logo quando tia Nina dissesse quem estava na varanda a esperar por ela, seus olhos tivessem se assustado. Ela pediria para Bruno não se intrometer no assunto e iria lá, nervosa.

Frente a frente. Ele sorria com lágrimas no rosto. Deveria sentir que as saudades tinham ido embora, mas só havia dor. Ela tentou se explicar, mas ele negou suas mãos quando ela pediu, pegou as chaves do carro. E assim como chegou foi embora. Não viu Bruno dentro da casa. Deveria estar escondido.
Não foi imediatamente embora da cidade. Parou o carro em um shopping e andou sem sentido algum. Em menos de meia hora, tinha entrado em 5 lojas e saído com pacotes. Gastar seria sua terapia. Foi embora quase no início da noite. Voltaria para sua casa só. Sem amor algum, somente com objetos caros sem valor.

Naquela tarde, a porta de Maria Eduarda estava encostada, um fato raro naquela casa, onde tudo parecia tão livre. Bruno bateu na porta e entrou. Encontrou-a sentada no canto da cama, com um tesouro exposto no meio dela. A surpresa tinha chegado naquela tarde do acontecido. Foi extraviada sem querer pelos correios, que pediram desculpas pelo ocorrido.
Maria segurava a carta em suas mãos, molhada pelas lágrimas de seus olhos. Bruno tinha um semblante sem expressão, tentou abraça-la, mas ela negou. Talvez ele só poderia ser um espectador daquela cena.
Do gravador saia uma canção, a primeira faixa daquele cd feito exatamente para ela. A voz era de Vanessa da Mata e Maria sabia muito bem qual era aquela canção. Não sabia se chorava somente por ela ou pelo quão irônico a vida poderia ser.

Ainda Bem
(Vanessa da Mata / Liminha)

Ainda bem,
Que você vive comigo
Porque, se não
Como seria essa vida?
Sei lá!

Nos dias frios em que nós estamos juntos
Nos abraçamos sob o nosso conforto de amar.

Se há dores, tudo fica mais fácil
Seu rosto silencia e faz parar
As flores que me manda são fato do nosso
cuidado e entrega.
Meus beijos sem os seus não daria
Os dias chegariam sem paixão
Meu corpo sem o seu, uma parte
Seria um acaso e não sorte.

Nesse mundo de tantos anos
Entre tantos outros
Que sorte a nossa, hein?
Entre tantas paixões
Este encontro
Nós dois, este amor.


Thiago Augusto
(04-08-05)

2 Comentários:

Às 5:18 PM , Anonymous Anônimo disse...

A ironia do destino...

 
Às 12:45 AM , Blogger mk disse...

a vida e as peças que ela nos prega...
Muito fofo

saudades
=]

 

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