In-Definições

Encostada na porta:
“Droga! Me comportei como uma pateta, uma menina! Ri demais, falei besteiras demais. Gesticulei demais. Não havia razão para tanto nervosismo, Marta! Você estragou tudo, sua tonta!”

Sentado no sofá: “ Seu idiota! Completo idiota! Se quer virar palhaço, vá em frente. Pra quê tanta piadinha? Me diz! Era pra fazê-la rir, não era pra dar uma de bobo da corte! ”

De frente para o espelho:
“Calma, calma.Nem tudo está perdido. Ele tem seu telefone. Ele vai ligar. Ele vai ligar? Ele TEM que ligar! Ah! Eu gostei tanto dele... E eu sei que ele gostou de mim. Estava na cara que tentou me impressionar. Meio bobo, mas inteligente. E bonito...”

No chuveiro:
“Bem, ela riu. Isso é bom. E também parecia nervosa. E estava linda... Ela não iria se arrumar assim à toa. E que perfume delicioso aquele... Com certeza ela quis me impressionar. E conseguiu.”

Deitada na cama:
“Ah! Que droga! Será que ele liga ainda hoje? Ele disse que ligaria, mas não disse quando. Eu não vou fazer papel de desesperada. Ele disse que vai ligar. Se não, paciência.”

Ao lado do telefone:
“Ligo ou não? Se eu ligar agora, vai ficar parecendo que estou no desespero. E não estou. Mas também não posso vacilar com ela. Vai que aparece outro? Aí já era. E ela é demais. Mas se eu ligar ainda hoje vou dar muita bandeira. Nem oito nem oitenta. Mando uma mensagem pelo celular e ligo amanhã.”

Com o celular em mãos:
‘Oi, Marta. Adorei o nosso jantar. Espero que tenha gostado também. Que tal sairmos novamente? Te ligo, ok? Beijo, Thiago.’ “Ótimo! Claro que sairemos, ora! Pode apostar!”

Deitado na cama:
“Será que ela vai responder? Ah, vai dormir, idiota! Amanhã você liga pra ela!”


Rafael Rodrigues