segunda-feira, setembro 26, 2005

Oceania - Parte I


Sete meses trabalhando manhã e tarde, folga à noite? Claro, a partir das 10. Assim foi a rotina de Marcos durante 7 longos meses de trabalho quase escravo.

Marcos queria ser independente, estava com 25 anos e continuava em casa, estava para terminar seu curso superior, graduação em letras, mas sentia-se bom demais para o Brasil, conseguia até prever seu destino. Em 2 anos estaria dividindo seu tempo dando aula de manhã em colégios da rede estadual, brigando contra o tempo e os alunos para poder terminar seu conteúdo e à tarde estaria ensinando às pedantes crianças de escola particular. Para essa geração que agora estava nas escolas, sabia que ensinar literatura era como atirar pérolas aos porcos. Estudando para fazer concurso público, descobrira que além de 35 anos entregando parte de seu salário ao INSS para ter uma renda segura quando se aposentasse, teria que continuar pagando após aposentado, além de viver num país com uma das maiores cargas tributárias do mundo e com menos benefícios que vários outros onde se pagam menos impostos. Também não agüentava mais a mentalidade do pessoal de sua cidadezinha que mais parecia uma vila, lugar onde, diziam os antigos, “Você peida aqui e fede na esquina”. Ele tinha argumentos suficientes para convencer a si próprio do que queria, havia desistido de convencer os outros fazia tempo, não esperava que ninguém o entendesse, ele sabia o que faria.

Eduardo Leite

1 Comentários:

Às 8:31 AM , Blogger 3 Vozes disse...

maleditos spammers americanos... já tô ficando enjoado de deletar comentários. quero ver onde esse Marcos vai chegar, dudu! abraço!

 

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