quarta-feira, setembro 21, 2005

Requiem

Minha cara,

O tempo muito vezes não é como gostaríamos. Os anos passaram, muitos desde nossa despedida. Eu envelheci e espero que tenha amadurecido o que outrora ainda não havia conquistado.
Lhe escrevo pois, ao relembrar de meu passado, não sei ao certo o que pensar. Dentro de mim ainda guardo aquilo que se merece, e quase não há mais espaço para seu nome.
Esta carta demonstra o quanto estou bem melhor agora, sem você. Sem suas mentiras, onde era sempre o último a saber. Sem sua traição. Por diversas vezes meu maior desejo foi ser maior que ti. Para te ver cair e chorar cada um de seus pecados cometidos.
Cresci, minha cara. Aprendi a confiar somente em quem realmente merece. Mas às vezes minha memória cai em você. E sinto pena por existir tão pequena alma neste mundo, tão material, tão falsa. O mundo que te cercava não era pior do que você já foi.
Estou bem e me sinto bem. Feliz. Plenamente feliz. E se mesmo em seus devaneios você diga que também está, sei que é mentira. Já conheci seu coração falso uma vez e sei que pessoas assim em nada mudam. Só se jogam ao abismo para serem mortas com o tempo.
É uma pena o que se tornou. Comum demais, chorando pelas palavras que todos sabem dizer. Sem saber o que é mesmo amar.
Se te amei outrora, me amaldiçôo a cada dia por isso. Por ser cego ao ponto de te dar uma rosa, quando deveria te açoitar com espinhos.
Nosso caminho foi a entorpecida escuridão. E não mais do que isso.
Espero que chore por cada lágrima de sua vida perdida, vivida em falso improviso, como se a calmaria habitasse seu coração.
Meu prazer é saber que, no fim, minha história ainda será lembrada. Por aqueles que realmente me amaram. A sua será uma lenda, que uma vez ou outra habitará a mente de algum jovem perdido. A lenda de alguém que nunca soube dizer a palavra amor.
Minha memória falha ao lembrar de seu rosto juvenil, se apagou como tudo se foi. Aonde você irá quando todas suas pinturas se extinguirem?
Estou mais velho do que o tempo em que nos conhecemos, e agora sou feliz. Pois fiz tudo aquilo que não fez: Viver, sem suas máscaras que nem mesma sabe se ainda as usa.
O tempo será severo contigo. Quanto a mim, ainda lembrarei de ti. Pois não se esquece quem transforma sua vida em escuridão.

Mas aqui o sol surgiu. Ao seu lado só as máscaras permanecem.

Deus te abençoe, se ainda for capaz.


Pierrot
(20/03/04)

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