quarta-feira, março 23, 2005

E o que mais doía nela era o silêncio

Ela disse:
- Seu filho da puta desgraçado! - e avançou.
Ele segurou-a pelos braços e encostou-a na parede. Não disse uma palavra. Apenas a olhou nos olhos enquanto ela tentava se libertar. E gritava. E tentava chutá-lo.
- Seu desgraçado! Como pôde fazer isso comigo? - e lágrimas correram por sua face.
Ainda segura pelos braços, ela chorava como nunca chorara antes. Nunca sentira dor semelhante, nunca passara por tal situação. E, além disso, ela o amava. -
Fala alguma coisa, desgraçado! Comeram a porra da sua língua? Essa língua imunda que eu beijei! Fala! Fala, porra!
Ela já não tentava se livrar dele. Estava exausta. Percebera que de nada adiantava lutar contra ele, bem maior e mais forte que ela.
- Porra! Eu te amo, merda! Por que isso? Por que isso, meu Deus? Fala alguma coisa, inventa uma desculpa qualquer! Diz que me ama, merda!
Não houve resposta. Ele a soltou e seus braços estavam vermelhos e doíam. Mas aquela dor só seria sentida horas mais tarde. A dor que sentia naquele momento era maior e mais profunda. E não era física.
- Então é isso? É assim que vai ficar? Filho da puta, fala alguma coisa!
Não havia o que falar. Nem o que fazer. O que estava feito, feito estava. Ele não podia pedir desculpas. Elas não existiam para o que fizera.
E o que mais doía nela era o silêncio.
Rafael Rodrigues

3 Comentários:

Às 2:36 PM , Anonymous Anônimo disse...

Rpaz... di fuder vei parabéns..

 
Às 2:41 PM , Anonymous Anônimo disse...

ah o anonymous sou eu..

 
Às 10:17 PM , Blogger 3 Vozes disse...

Eu odeio você quando eu fico com vontade de ter escrito seu texto. Porra.

Tá mto foda. Uma situação mto fodastica.

Thiago//

 

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