quinta-feira, julho 21, 2005

Amor primeiro

Quando se conheceram, ainda na época do colégio, eles não faziam a mínima idéia do que aconteceria nos anos seguintes. Com dezessete anos, simplesmente viviam um dia após o outro, pensando sempre no futuro. As conversas entre eles geralmente eram sobre seus sonhos. Planejavam viagens, carreiras, amores. Ansiavam pela entrada na faculdade e por sua conclusão, antes mesmo de conseguirem boas notas para terminarem o segundo grau. Colocavam o futuro em primeiro lugar e esqueciam-se de cuidar do presente.

Passaram-se os anos e eles continuaram os mesmos. Planejavam casarem-se juntos, em homenagem à amizade colocariam o nome um do outro em um dos filhos que eles teriam, trabalhariam juntos... Enfim, falavam de futuro. E o futuro – como dizem por aí – “a Deus pertence”. E eles se afastaram.

Muita coisa aconteceu em suas vidas. Foram sete anos distantes um do outro. Durante esse período falaram-se, certamente. Alguns telefonemas e emails. Nada comparado àqueles cinco anos que passaram juntos no colégio e na faculdade em que eram feitos “unha e carne”, como também dizem por aí.

Acontece que a vida nos prega muitas peças. E não se sabe por quê nem se pode explicar, o fato de depois de tanto tempo seus caminhos novamente se cruzarem.

Encontraram-se por acaso num show de rock. Conversaram bastante. Lembraram do tempo que passaram juntos no colégio e na faculdade, dos planos que faziam... O assunto era o passado. E como uma noite apenas não bastou para eles, marcaram um encontro dias mais tarde.

No dia marcado, lá estavam eles. Novamente o passado em pauta. Acompanhado do presente. O futuro não era mais assunto. Aprenderam a lição de que por mais planos que se faça, por mais que se lute por algo, as coisas muitas vezes não acontecem da maneira planejada.

Falando do que já passou, ele comentou o quanto a amou na época da faculdade e nunca se deu conta. Quando percebeu, ela já estava longe e ambos com outro alguém. Ela ficou surpresa. E disse o mesmo. Mas não havia como ficarem juntos. Ela fora morar em outra cidade e ele estava namorando.

“É engraçado” – ele disse. “Imagine se tivéssemos namorado naquela época. Será que estaríamos juntos até hoje?” Ela não soube responder.

“Eu sempre imaginei que não fôssemos além da amizade. Doeu quando vi você longe de mim e dentro do meu coração. Foi um sentimento imenso de frustração.”

A esse comentário, ela disse: “E hoje? O que você sente hoje?”

...

O amor se esconde nos lugares mais recônditos. Nada pode apagá-lo. Pode-se perder um grande amor e viver tantos outros. Mas um grande amor jamais é completamente esquecido. Por menos barulho que faça, por mais que não se manifeste, ele está lá. E o amor daqueles dois ainda estava vivo. Batendo. Pulsando.

E o futuro? A Deus pertence.


Rafael Rodrigues

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