domingo, julho 17, 2005

Para Ver

Num fundo da cidade
Em um beco de avenida
Nasce o sol a esperar.
Vive em algum lugar.

E nesse meio tempo.
Meia brisa. O segundo sol.
Sai de seu lugar pra me buscar.
Para ver.

Quanto tempo se passou?
Desde a ultima vez que o tempo se passou
Já que nada é só a gramática.
E não há mais porque dizer porque

Faço as malas de mim mesmo e vou embora
Tranco a porta e jogo fora todos meus desejos
Toda a roupa voa da sacada
Que é pra não me ver em velhos sortimentos

E lá se vai pro inferno a chave desse nada
É só um lago de profunda natureza
Espelhos que só exibem farsas
Da valsa retratada de todos meus anseios

Espelho. Espelho meu também esqueça minha cara
Já está velha e reprovada
Preciso morrer nessa temporada
E só voltar se fica bom o tempo.

Chove chuva desvairada.
A molhar todo meu texto.
Minha barba já está cansada.
De ser podada a cada nascimento.

E eu vou. Subindo lado a lado.
E eu sou. Cada lágrima de sangue num poema.
E eu quero. Ver a idade do céu da terra
Eu não posso. Mas ficar sem ser assim
E eu fujo. Da espera preocupada.

Num centro desse vale anunciado
Meia luz. Minha meia vida.
Tira as folhas desse cabelo.
É só poeira comedida.

Respira e sente o mar da terra.
Veja aqui o que não senti.
A brisa nessa casa.
Um perfume deja vu.

No trem que ruma dessa porta
Leva o espaço como um beijo
Quem teme o fim dessa balada
Se perde mais do que meu tempo

E eu vou. Morrendo em queda livre
E eu sou. Cada pássaro que cai do céu.
E eu quero. Visitar o segredo do mundo.
Eu não posso. Deixar que meu rosto leve um tapa
E eu fujo. Por não mais saber

A mais de mil por hora
Só penso no vento arrancando meus cabelos
Do tempo passa a hora
Mergulhar no coração. Sem medo.

Thiago Nogueira
(05/10/03)

*A versão apresentada é a
segunda versão da musica,
modificada em (27/06/04)

1 Comentários:

Às 11:31 PM , Anonymous Anônimo disse...

"Faço as malas de mim mesmo e vou embora" Excelente metáfora.

 

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