quarta-feira, novembro 23, 2005

Porque eu quero você

Antes de mais nada, porque eu não te tenho. Só isso já é o bastante para que minha megalomania me force a querer você. Além disso, existem outros motivos que te tornam tão interessante.

Não, você não é bonita. Desculpa, não vou mentir pra te agradar. Você definitivamente não é feia, e eu quase pensei em cantar Chico Buarque, pra dizer que de tanto amar acho que você é bonita. Mas também não te amo, então voltemos à aparência. Você é exótica. Tá, eu sei que parece adjetivo para culinária de algum país do leste europeu, mas você é exótica. Há algo no seu conjunto que arrasta meus olhos e formiga minhas mãos.

Gosto muito da sua voz. Ela sim é bonita. Sinestesias anestésicas à parte, digamos que ela tem um sabor encorpado. Seu riso é espontâneo, alto, quase grosseiro. Seu jeito de falar as coisas me lembra ao mesmo tempo uma menina de 15 anos e uma mulher de 30, com uma suave pitada do Harlem. Os críticos me perdoem, mas entre a Valsa #3 de Chopin e um gemido de prazer entre lábios trêmulos seus, prefiro deixar a música clássica para outro dia.

Enfim, você não consegue ter nem os mesmos gostos que eu. Você odeia Pink Floyd, como alguém no mundo pode odiar Pink Floyd? Francamente, quer odiar alguém odeie os Beatles, me irritaria menos. Tá, eu não acho de todo ruim o que você ouve, mas bem que podia gostar ao menos de Jethro Tull. Tá, você ouve Los Hermanos, mas e daí? Me atire uma cartela de Prozac o primeiro estudante de Letras que não gosta. Ops, acho que dei uma dica sobre você, vamos mudar de assunto.

Lamento informar também, mas não é paixonite, não. Eu não te amo, de forma alguma. Nem fogo de palha é. Eu sei muito bem o que sinto por você, está claríssimo na minha mente. Como diria Edward Norton no Clube da Luta, meus olhos estão bem abertos. Você é uma garota muito legal, mas não sinto nada por você que ultrapasse amizade. Exceto uma vontade animal de beijar você e ter você só uma vez e nunca mais.

Assim sendo, creio que posso resumir tudo em uma só frase. Eu quero você porque você não me quer. E eu te odeio por isso. Minha única tranqüilidade é saber que você não existe, e entenda disso o que quiser.


Victor Caparica tem 24 anos, é cronista, aluno da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP, e às vezes não tem certeza se as pessoas realmente existem.

2 Comentários:

Às 7:38 PM , Anonymous Anônimo disse...

Não gostar de pink Floyd é o cúmulo, mesmo. Pelo menos, gostava do Los hermanos, he he he.

No Vertentes de Mim, para aplacar a curiosidade de alguns (sobretudo, algumAs), resolvi me mostrar um pouco mais explicitamente (calma, antes que pense bobagem, está feito o convite para aparecer por lá).

Vertentes de Mim: http://ijdlf.zip.net
Por Todos os Lados: http:portodososlados.blogspot.com

 
Às 12:16 AM , Anonymous Anônimo disse...

Cara, você é bom mesmo no que faz...
show de bola isso!!!

 

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial