terça-feira, maio 31, 2005

Notícias Regionais Pag.3

Atividade dos bombeiros salva prédio de possível desastre
Um apartamento do centro pega fogo mas não deixa feridos
Por Thiago Augusto



Ocorreu nessa noite um incêndio em um apartamento no ultimo andar do edifício Bandeirantes situado a quadra dezoito da rua Armênio Fraga. O fogo se alastrou por todo o apartamento mas graças a atividade rápida dos bombeiros não passou para a casa vizinha. Os bombeiros acreditam ser um incêndio criminoso. A casa entrou em uma rápida combustão devido ao grande numero de livros, artigos e diários que estavam ocupando uma grande extensão do apartamento. Felizmente o acidente criminoso não trouxe vitimas. A investigação será iniciada assim que possível. Todos os moveis foram queimados e apenas um único diário foi recuperado intacto, trazendo apenas uma única anotação sem assinatura, que está transcrita abaixo.

"São cinco da manha exatamente, eu escuto uma canção estranha, que não deveria ser ouvida agora. E mesmo que ela seja assim tão simples e comum, desperta em mim, pela veracidade de suas palavras um sentimento diferente.
Eu penso em você neste momento e quase chego a pegar meu telefone e discar seu numero. Te acordar só para ouvir suas palavras, mesmo que mal articuladas pelo sono recém despertado. Para eu dormir em paz. Sei que enquanto não tiver o tom de sua voz aos meus ouvidos, não ficarei descansado. O tempo passará mais devagar por isso.
É provável que neste momento você esteja dormindo, e afinal, como é que você dorme? Qual é a face serena que faz enquanto vive seu mundo de sonhos?
Meu dedo sangra, eu me cortei tentando abrir a comida que degustei essa noite. A caneta aperta exatamente sob meu corte, e minha letra se destoa das demais por esse leve infortúnio.
Tenho quase certeza que esse texto é pra você e acredito que sabe disso. Pode identificar aquilo que talvez eu já tenha te dito? Ou será que apenas ficou no silencio das palavras que nunca vão habitar esse mundo?
Eu odeio o que escrevo agora, pela repetição de palavras e outras coisas que eu acho que já escrevi nesse papel... Para ninguém... Será que você será quem irá me ouvir?
Que estranho... Parece escuro, alguém me ouve? Eu não ligo para a escuridão, e nem tenho motivos para chorar, por culpa sua e de outras poucas pessoas. Na verdade eu não quero que eles nem você me façam chorar. Já foram lágrimas demais dentro de meu coração. Ao menos eu acho. Mas sempre existe uma história mais triste do que a sua. Aquela que seu coração enche de lágrimas só de ver o seu inicio. Ou talvez uma história que te assuste só de imaginar, como a do livro que eu terminei hoje.
É. Definitivamente esse texto é seu. Olhando em cada detalhe, você está nessas palavras. Seu nome se forma em cada uma delas de forma abstrata e indecisa, meio que receosa ainda para se formar. Você quer o quê? Que elas se formem ou vão embora?
E é isso que eu quero? Sim, embora relutante não pelo sim, mas pelo não, era dessa forma que eu imaginei que aconteceria, quase que involuntariamente. Eu só deixei a caneta me guiar. E eis que estou aqui, quase no final de uma pagina.
O que você quer? Eu só falei de mim por enquanto. Então abra seus braços e diga daquilo que você tem medo, que eu farei o possível para tentar acabar com tudo aquilo que te assusta...

Eu escrevo para quem? Alguém ou você? Poesia ou narração? Diário ou uma linda ficção?

O que você quer? Você prefere rosas ou margaridas para eu levar de manhã quando você despertar? O que prefere? Atingir a seta no alvo ou partir comigo, quem sabe, rumo ao nada? Já me disseram que o nada é relativo.

E você? O que pensa agora, enquanto lê tudo isso aqui? Sentimental demais... Inútil? Eu preciso descansar um pouco enquanto você repousa seu olhar nestes rabiscos.
Talvez existam perguntas que não devem ser feitas. Se explicam por si mesmas por simples gestos. Me diga, se eu fechasse meus olhos, você poderia me guiar?"

A imobiliária informou que o proprietário do apartamento viaja a negócios e está fora do país e que ainda não foi possível encontrá-lo. Qualquer pessoa que seja capaz de localizar o proprietário, faça-o com urgência.

domingo, maio 29, 2005

Música

Se o relógio de seu quarto estivesse na hora certa, marcaria dez horas da noite e dezessete minutos. Rafael estava cansado por quase nada. Ficou o dia inteiro em sua casa. Mais um dia quase comum. E triste. Mariana iria hoje em uma festa de família que ele se recusara a ir. “Eu não gosto de cumprimentar todo mundo. Olham pra mim querendo saber quem é o cara que está namorando você”. Dissera naquela manhã ao telefone.
O dia demorou a passar e fazia muito frio, pensava. Ela estava fazendo falta naquele quarto. Com suas conversas e seu calor único que não o fazia sentir-se sozinho.
Rafael sempre aproveitava sua solidão para se organizar. Espalhava caixas pelo quarto, relia antigas cartas e ainda pensava se tudo aquilo era necessário para sua sobrevivência. E, se não fosse, esses papeis estariam reciclados logo em breve.
Se o relógio de seu quarto estivesse na hora certa, marcaria dez horas da noite e dezessete minutos. A família dormia cedo naquele dia, por simples coincidência, já que seu pai sempre assistia televisão até a madrugada lhe dizer “Boa Noite”.
Ele escutou por poucos segundos a voz distante de Mariana.sem perceber que ela estava lá. Em sua porta. À sua espera. Distraído com suas canções, só percebeu o telefone ao seu lado, com Mariana do outro, vestindo uma voz nada habitual.
- Sou eu, abre a porta para mim...
- É uma boa surpresa, mas o que você faz aqui?
- Abre...
Ao colocar o telefone no gancho, sentiu uma leve retração que não sentia há muito tempo. “Algo aconteceu”. Pensou.
Não choveu naquele dia, mas ela estava gelada quando o abraçou. Mariana mentiu quando disse que não havia chorado. Ele sentia que suas lagrimas tinha escorrido provavelmente naquela tarde enquanto ele olhava retratos antigos. Ficaram abraçados por alguns minutos que Rafael não soube contar. Talvez ela só queria sentir seu corpo protegido pelo dele. Não poderia ser só saudades.
- Nos precisamos conversar.
Rafael já podia prever o que aconteceu. Ouvia de longe a canção que tocava em seu quarto antes de perceber o telefonema. Pensou por alguns instantes no momento em que a conheceu e como tudo até lá fora tão irônico quanto a música que tocava agora. Talvez ela quisesse chorar naquele instante, mas ele se antecipou.
- O dia estava quieto demais hoje, meu amor. Sente-se que talvez essa será uma noite deveras triste e longa.
As horas já tinham perdido a importância, mas sabia que talvez naquela manhã não iria existir nenhum alvorecer.

Thiago Augusto

A III parte do conto vai sair em alguns dias... jogada de marketing pra quem ficou curioso ter a falsa impressão que é bom, aprendi com um amigo =D

Fiquem de olho nos outros posts, e comentem pra gente saber o que cês acham...

Abraços


Eduardo Leite

sábado, maio 28, 2005

Arrependimentos - Parte II

Enquanto Cronos brincava nas folhas Fernando mergulhava outra vez em seus pensamentos. Lembrava-se de perguntar espantado o porquê daquele presente, “Não é meu aniversário” havia ele dito em tom de ironia, “Eu sei bobinho, é o meu!” e as lágrimas rolaram novamente de seus olhos nessa lembrança, mas não tentou contê-las dessa vez. “Não precisa ficar envergonhado amor, sei que sua memória não é lá essas coisas pra datas e nomes, mas eu te amo assim mesmo.” e o beijara daquela maneira terna e apaixonada, eles estavam namorando havia 8 meses, como ele esquecera do aniversário? No dia ele nem deu tanta atenção, mas hoje o arrependimento corroia sua alma, como podia esquecer do dia do aniversário da pessoa mais importante de sua vida? Não o sabia na época ainda, ou não queria admitir para si mesmo. Ela se doara tanto, e ele tão pouco e imerso em suas lembranças seu coração apertou de novo, vinha um vazio que começava na barriga e parecia que iria sair pela boca. Tentou conter-se, mas desatou a chorar. E a enxurrada de lembranças não parava.

“Carla, a pressão está demais em minha casa. Minha família não consegue aceitar nosso romance, a pressão tem sido grande demais pra mim!” silêncio, “Eu amo muito você e não ligo se você teve de fazer o que fez pra poder pagar sua faculdade durante tanto tempo, sei que você precisava e que hoje é diferente, mas eles... eu não agüento mais...” lágrimas em seus olhos, “O que você quer que eu faça? Fuja com você? Eu não posso Carla! Sei que é intenso, sei que a amo, mas não sei se estou disposto a abrir mão da minha vida, de tudo que conquistei, e se você...?” “Se eu o que Fernando? Se eu o trair pra pagar alguma conta? Se a vadia da Carla deixar você na mão? Não sei o que dizer, se meus atos até hoje não falaram nada a você, não existem palavras minhas que possam.” e assim ela saiu daquele banco onde se conheceram e foi embora de sua vida de uma vez por todas.

Ele sabia os esforços que ela havia feito por ele, ele lembrava do carinho que dispensava a ele, das declarações feitas sob o olhar de sua freqüente testemunha, a Lua. Ele arrependeu-se 2 semanas depois e ligou para sua casa querendo falar-lhe, mas ninguém atendeu. Ligou pro celular, mas estava desligado. Foi lá e descobriu que o apartamento estava vazio. Procurou algumas de suas amigas e a única que resolveu recebê-lo falou que ela havia voltado para a cidade de sua mãe e que moraria por lá, mas não o deu o número de telefone e ele foi corroído por uma enorme raiva de si mesmo por nem mesmo lembrar o nome da cidade, ela o havia dito, sim, havia dito algumas vezes, mas ele, como sempre, não prestou atenção.

Procurou-a por meses a fio, fez contato com amigos, parentes dela e descobriu onde ela morava na época. Tirou folga do trabalho e foi disposto a lhe fazer uma surpresa, não quis correr o risco de ligar e ela desaparecer outra vez e dirigiu por 2 dias até que chegou no endereço certo. Chegara muito cansado, mas não podia conter a curiosidade e ansiedade por vê-la finalmente após 6 meses, o que parecia uma eternidade. Bateu na porta e uma senhora atendeu, tinha seus 65 ou 70 anos, era baixinha, cabelos completamente brancos e um sorriso vazio. Parecia ser muito só e assustou-se a ver o Fernando batendo em sua porta com um buquê de flores do campo (as preferidas da Carla).


Continua...

sexta-feira, maio 27, 2005

Arrependimentos - Parte I


“Que horas?” – resmungou ele baixinho para si mesmo e olhando para o rádio relógio franziu toda a testa num gesto de desolação.

A muito custo conseguiu levantar-se da cama, apesar de não estar mais com sono, ele sabia que dormira apenas 4 horas, quatro agoniadas horas e não se lembrava mais da última vez que dormira sossegadamente até às 6 e pouco da manha quando os primeiros raios de sol que escapavam pela sua janela de vidro sem persianas o acordava devagarzinho, primeiro o fazendo colocar o travesseiro sobre o rosto para não incomodar a vista, depois aquecendo todo seu corpo dando-lhe uma vitalidade e disposição que jamais sentira ou teria esperanças de sentir novamente.

Tomou um rápido banho, pois fazia muito calor naquela época, apesar das nuvens carregadas no céu o efeito era similar a uma estufa. Colocou seu moletom cinza, a camisa pólo branca e sua boina cinza grafite que guardava para dias como esse. Conferiu o relógio e viu que eram 4 e 20 da manhã, apenas 10 minutos haviam se passado desde que acordara. Colocou pedaços de pão da noite anterior para torrar enquanto preparava um café quente ao som dos velhos e saudosos Beatles.

Sentou-se só à mesa, como de costume, mas esse dia era diferente, ele sentia um vazio imenso corroer sua alma por dentro, dando mordidas pequenas como que querendo moê-lo e matá-lo aos poucos. Costumava dizer que gostava de comer só, sentia-se mais à vontade, mas não mais, desde que conhecera seu grande amor e o deixara escapar por entre os dedos sentia sua falta em cada hora do dia, mas tentava não pensar muito nisso e assim sobrevivia sem grandes transtornos, mas o dia do aniversário dela... ah! Esse dia era cruel. Fernando lembrou-se do seu sorriso meigo, constante e provocador que o abordou naquele mesmo dia 8 daquele mês, uma lágrima escorreu pelo seu rosto e ele logo enxugou seu rosto com a boina e resolveu não tomar mais o café, apenas caminhar pelo parque para não pensar mais naquilo.

Fernando não gostava muito de animais, mas ela o ensinara a gostar de cachorros, a admirar sua lealdade cega, seu carinho incondicional. Ele continuava não gostando muito, mas ter um por perto, o que ela o deu, era uma forma inconsciente de manter sua memória viva pela casa, na sua vida. Chamou o Cronos com um assobio e colocou sua guia devagar e cuidadosamente enquanto via em seus pensamentos ele ainda filhote sendo entregue pela sua musa perdida, lembrava do lacinho em seu pescoço, vermelho, contrastando com sua cor creme, comum a labradores, e seus olhinhos de filhote que causavam nele um sentimento perturbador de vontade de cuidar. Outra lágrima escorreu e o Cronos o acordou do transe com um latido forte e um abanar de cauda para seu dono. Este abriu a porta e saiu em meio à neblina daquele começo de dia.

Morava perto do parque e não levou mais que 10 minutos para chegar nele, apesar de ser madrugada, o parque estava bem iluminado e já havia pessoas caminhando, correndo, buscando inspiração e outras apenas gastando um tempinho com seus amores. Esse último o incomodava bastante, lhe dava sensações de deja vu. Sentou-se no banco de costume enquanto tirou Cronos da guia, para que pudesse dar uma volta no perímetro de sempre, já que fora treinado e toda vez que alguém se aproximava, voltava para perto de seu dono, isso quando saia de perto, não tinha a mesma disposição de antes, estava velho para um cachorro.
Continua...

Ponto (final?)

- Tudo bem, o que fizemos foi errado, não era pra ter acontecido.
- Sim, disso eu sei.
- Então... Não é por causa disso que você deve evitar o meu olhar.
- Devo sim, porque ainda te amo, e não posso mais fazê-lo.
- ...

Rafael Rodrigues

Coisas perdidas

Nada é tão simples. Nem tão complexo.
Sempre há uma saída. Não existe um beco fechado.
Ir e voltar. Dá sim, é só querer e tentar.
Por mais difícil que seja se soltar, existe como se libertar.

O rumo das coisas.
O voar do vento.
O som do nada.
O preencher do vazio.

A loucura nada mais é
Que o excesso de razão.

Equilíbrio.

Rafael Rodrigues

quinta-feira, maio 26, 2005

Monique - A Usurpadora

De acordo com a data salva no documento, foi em 24 de março de 2001 que escrevi as primeiras frases daquilo que hoje chamo de minha "composição escrita". Ainda me esforço para lembrar se antes disso deixei em algum documento virtual ou ainda mesmo em um papel algum escrito primitivo que poderia chamar de "Meu primeiro texto".
Talvez depois, anos no futuro, quando achar algum caderno ou revista velha eu perceba que antes mesmo de pensar em escrever eu já possuía algo escrito. Mas decidi por falta desses documentos pré-históricos deixar o texto do dia 24/03/01 como meu marco inicial.

O texto era uma idéia recém criada. Uma trama que se desenvolvia a partir de uma mulher... Cujo nome me aflige em contar a vocês, leitores. Não possuo nada contra o nome em si, mas o jeito que ele soava parecia uma trama mexicana.

Monique. Ela se chamava Monique. Seria uma personagem densa e esférica que eu não saberia desenvolver. Tão intensa que, de alguma forma que eu nem tinha imaginado, iria deixar alguns homens aos seus pés e quando ela menos poderia esperar uma reviravolta aconteceria e um dos homens encantado por ela jogaria tudo na cara e ela finalmente deixaria de ser tão fria para perceber todos os erros que cometeu durante sua vida.

O texto me constrange agora. Monique, minha primeira idéia, era tão estúpida e idiota quanto, talvez, a pessoa que a inspirou. E como se não bastasse minha idéia brilhante, comecei o romance pelo meio. Pelo fim, na verdade. Iniciei-o na reviravolta, e minha primeira frase, meu marco, é tão ruim quanto Maria Do Bairro.

"Eu nunca pensei que você poderia fazer isso. Na verdade eu sempre acreditei que você não havia feito... Você me decepcionou"

Tudo bem. Podem rir agora. Eu espero. Faço alguns minutos aqui, dou uma volta pela casa, enquanto os leitores se recompõem depois de uma farta gargalhada.

Mas Monique sempre estará presente em minhas memórias. Como o meu Quasímodo. Uma história ruim que nunca acrescentaria mais palavras, mas que foi minha primeira fagulha de história.

Talvez o único motivo de contar sobre ela é saber que depois de 4 anos eu possa sentar em meu computador ou abrir meu caderno e criar alguma história que não seja tão estúpida como ela.

Monique provavelmente faria sucesso entre "Sabrina" e "Bianca", mas definitivamente ela está bem onde está: Em um memória antiga, mal escrita e no passado. Longe. Bem Longe.

Thiago Augusto

O jantar

Passara todo o dia preocupado com preparativos daquele que seria o mais importante jantar de sua vida. Pela manhã tentou localizar sua ex-esposa, pedir-lhe uma opinião. Era ela quem entendia daquelas coisas. Teve saudade do tempo em que eles ofereciam jantares maravilhosos aos amigos. Às vezes para comemorar algo, outras vezes - a maioria delas - apenas para reunir os entes mais queridos. “Éramos felizes”, pensou.
Não conseguiu lembrar o motivo da separação. Foram marido e mulher durante dez anos. A relação deles era a melhor possível. Um dia acordaram e perceberam que não havia mais nada que os mantivesse juntos e decidiram se divorciar. Motivo único e bastante. Ele ligou, mas não a encontrou em casa. Estava viajando a trabalho. Pensou em falar com sua mãe, mas não iria incomodá-la com aquilo. Já bastava o que viria depois...
Surgiram em sua mente cenas de sua infância. Os amigos que não tinha mais, as histórias e cantigas de sua mãe, as manias de seu pai... Era como se estivesse vivendo tudo aquilo de novo. Sentia uma enorme alegria dentro de si. Começou a chorar.
Durante muito tempo aquelas lágrimas ficaram presas em seu coração. Não chorou de tristeza quando perdera o pai, nem quando perdera o filho. Muito menos de alegria quando se casou, ou quando ganhou o prêmio mais importante de sua carreira. Agora elas rolavam pela sua face, lágrimas de toda uma vida.
Deitou-se, dormiu.
Acordou. Lembrou-se do jantar. Já não teria tempo de preparar mais nada, nove da noite. Pensou em quão ridícula era aquela idéia. Para que aquele jantar? Era uma despedida apenas, não havia porque comer ou o que comemorar.
Bateram à porta.
- Pode entrar, está aberta.
Ela entrou. Estava com um vestido branco, esvoaçante, lindo. Havia muita luz. Com alguma dificuldade conseguiu enxergar algo além do vestido. Os longos cabelos loiros, os olhos tão azuis, mas tão azuis... As mãos lisas e brancas lembravam-lhe uma boneca de porcelana, como as que sua ex-esposa colecionava.
- É mesmo você? Assim? - perguntou, sem obter resposta.
Seu corpo foi tomado por uma sensação de extrema leveza e liberdade quando ela segurou-lhe as mãos.
Depois, só se ouviu o silêncio.


Rafael Rodrigues

quarta-feira, maio 25, 2005

Boas Novas

Texto um dia já dedicado a outra pessoa além de mim

Só queremos Boas Novas
Nada mais pra se pedir
Queremos uma chance
De viver sem sentir dor

Não há mais palco para a encenação da peça. O ator já foi dormir há muito tempo. Cansou-se de luzes em seu rosto e de aplausos que não merece. Ele só vive no papel o que todos gostariam de viver. Mas sente na pele ressecada pelas luzes todas as tristezas da platéia, que esperam alcançar o sonho que aquele velho personagem um dia sonhou.

Precisamos de um sonho
Onde nada nos impeça
De ficar aonde estamos
Ser felizes aqui mesmo

Sozinho, com seu humilde coração, ele pensa nesses aplausos e percebe que ele não é nada, já que, sabe por si mesmo que é pior do que toda a sua platéia. E guarda em seu coração a dor contida de alguém que nunca viveu de verdade, apenas seguiu um papel que o publico gostaria.

O que mais há pra se dizer?
Só o silencio deve ser a resposta...
A espera é nosso fardo
Se espelha nas canções

Toda a noite o choro desse homem tira sua maquiagem e novamente ele se vê no espelho. Uma imagem que não pertence a si mesmo. Perdida há muito tempo em todos os seus textos decorados com orgulho, por alguém que agora não possui mais do que um caderno com velhos sentimentos pra guardar.

O passado é o quer esta pra viver,
Porque foi caminho iluminado
O que vemos a seguir é nada
Escurecido pela incerteza do futuro

Um dia, ele pensou em tirar de si mesmo a beleza da vida, mas é tão fraco que nem mesmo a ventura de se entregar poderia ser o bastante. Foi em um dia triste de inverno, que ele percebeu que era infeliz e que nunca tinha sido próspero. Todas as cores do mundo foram tomadas de sua mão.

Porque ninguém pode ver assim?
E nunca entende o que se diz
Não é metal que quebra a morada
É simples voz que nos despenca ao abismo

Ele parou de sentir no dia em que sentiu que tudo o deixava tão triste.


Thiago Augusto
(15/08/03)

Projeto piloto: jogada de mestre da MTV

E a MTV, ein? Que jogada de mestre. Com um único programa a emissora conseguiu ocupar além dos horários de 23:30 às 00:00 de segunda à sexta, o horário das 20:30 às 22:00 do sábado.
O programa se chama "Projeto Piloto". Consiste em uma equipe de estudantes de televisão e cursos relacionados formarem uma equipe que tem como objetivo produzir um programa de 30 minutos para ser levado ao ar todo sábado, ao vivo. (Foram 10 selecionados. A equipe era de 5 pessoas no início. Nesta última semana foram 6. 5 começaram, e 5 ficaram no banco de reservas, para entrarem à medida que alguém fosse desistindo ou eliminado pelo grupo. A eliminação acontece sempre às terças).
Toda semana um programa diferente. As reuniões da equipe são acompanhadas por câmeras. Suas saídas para resolverem problemas, idas a salas de produtores da MTV, gravações de externas, enfim, é um reality show.
Supervisionado pelo VJ Cazé - aquele que foi pra Globo, apresentou uns três programas e depois foi pra "geladeira" - o Projeto Piloto é um ótimo programa - de segunda a sexta.
Durante a semana vemos a dinâmica de como fazer um programa na MTV, bastidores, intrigas, coisas de reality show que um monte de gente diz que não gosta mas acaba assistindo. No sábado, o programa produzido vai ao ar e o que se vê não são bons programas. As idéias até que são boas, mas devido à inexperiência da equipe, os programas saem "quase bons". Sempre falta algo. Não há uma acidez crítica. Não há ironia. Eles bem que tentam. Mas a coisa termina ficando água com açucar mesmo e não atinge ninguém. Quem não assiste o desenvolver do programa durante a semana tem grandes chances de não entender o que se passa nos 30 minutos do sábado entre 21:00 e 21:30.
A salvação do programa aos sábados é o Cazé, que apresenta um resumo do que houve durante a semana e faz comentários sobre o programa que está sendo apresentado ao vivo. O Cazé é uma figuraça.
Se esse texto cair nas mãos de alguém da MTV - coisa que imagino ser impossível, mas com o Google na área não se pode duvidar de muita coisa - vão dizer que estou criticando os programas feitos por essa galera por inveja. Sim, eu me inscrevi pra participar do Projeto Piloto. Mas de sacanagem mesmo, sabia que não iria ser selecionado. Primeiro que moro no cafundó do Judas, segundo que minha graduação não tem nada a ver com comunicação, e terceiro que eu só ganho experiência e sugesta. Prêmio que é bom, eu nunca ganhei. Nem raspadinha nem rifa nem nada. Nem bingo. E quando jogo xadrez com meu irmão eu perco.
Eu critico, mas aconselho quem tiver MTV em casa assistir o Projeto Piloto. De segunda a sexta para aprender como se produz um programa de TV e aos sábados para aprender como não se fazer um programa de TV.

* Texto escrito no dia 17/05/2005. O programa já acabou, e a contratada da MTV foi a Daniela Recco. Eu sabia desde o princípio que seria ela...

Rafael Rodrigues

terça-feira, maio 24, 2005

Variações Do Mesmo Tema

O dialogo mais curto

Aquele que se olha para a pessoa com vontade de dizer,
as palavras nascem na cabeça com transparência,
há um suspiro para falar e ela volta a te olhar.

E tudo se perde e você engole novamente o ar.

(08/05/05)

Acontece...

Quando você fica a olhar, distraido.
E quando ela olha... Atrapalhadamente
você volta a olhar outro ponto.

Senso Comum

Você sabia que logo ela estaria indo embora e ela morava tão perto. Era só chegar lá e dizer "Tá tarde, eu vou com você até lá". Estava tão escuro afinal e ela iria sozinha.

Mas quando ela se levantou da cadeira, olhou em sua direção, sorriu e lhe disse tchau, você só conseguiu dizer uma coisa:
- Tchau...
Melosamente e encantado por ela você ainda pensa que da próxima vez você iria conseguir.

Thiago Augusto

segunda-feira, maio 23, 2005

Sete

Entre marrom-terra, azul-piscina e amarelo-sol, ela escolhia o presente perfeito para o seu amado.
Difícil. Todo ano ela ia à mesma loja de roupas comprar presente para o dia dos namorados. A propósito, para cada época festiva do ano ela tinha um local específico para comprar suas demonstrações de afeto. Aquela loja de roupas era a bola da vez. No natal, por exemplo, os seus querido ganhavam lembranças de uma lojinha que vende produtos variados, esotéricos, inclusive. Dia dos pais era naquela mega-store de cds e dvds. Dia das mães não existia mais para ela.
Escolhido o presente – azul-piscina, por acreditar mais bonito e combinar com mais peças – voltou para casa. Embalou a camisa e guardou-a no seu armário. Dia 12 de junho ainda seria na semana seguinte.
Passados sete dias, ela estava em casa. Só. Doze de junho. Em seu armário, sete pacotes de presente.
Rafael Rodrigues

domingo, maio 22, 2005

Apologia à leitura - II

A literatura no Brasil é pouco divulgada. Fazer literatura (e viver dela) no Nordeste então, é uma missão quase impossível.
Fazer e publicar poesia é mais difícil ainda. Conseguir destaque então... Não sei como farei isso, mas começarei a pensar em alguma maneira de ao menos divulgar mais o trabalho de alguns poetas nordestinos. Principalmente baianos, afinal, sempre puxamos a sardinha pro nosso lado. Neste caso, a poesia.
Pra começar, vou dar a vocês a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o poeta cearense Francisco Carvalho. Aos 77 anos, FC é um ilustre desconhecido. Eu não o conhecia até encontrar um link (não lembro onde... mas que tipo de jornalista eu quero ser? que gafe...) para uma entrevista que ele concedeu ao baiano muito porreta que está ajudando - e muito - a divulgar a poesia baiana, José Inácio Vieira de Melo.
O José Inácio "é poeta, autor dos livros Decifração de Abismos (2002) e A Terceira Romaria (no prelo). Organizador de Concerto lírico a quinze vozes – uma coletânea de novos poetas da Bahia (2004) e co-editor da revista Iararana." (como bem diz a mini-bio dele ao fim da entrevista com o Francisco Carvalho no site Cronopios.)
Vamos deixar de lenga-lenga e ir aos finalmente. Dizem que as preliminares são fundamentais, mas nesse caso, agilizemos um pouco. Abaixo deixo para vocês um poema do Francisco (tem mais 2 lá no site) e o link para a entrevista com ele. Só digo uma coisa: VALE A PENA LER. Se não valesse eu não me dava o trabalho de escrever tudo isso. Entrevista com Francisco Carvalho Poema de Francisco Carvalho:


MITO DE SÍSIFO

Não me queixo de Deus.
Sou o que fiz de mim.
As nuvens são negras ou azuis
porque minha ilusão as quis assim.

Não me queixo de Deus.
Seco-me aos ventos do desamparo.
Semeei caminhos e encruzilhadas.
O futuro é uma senda do homem.

Sísifo conduz uma pedra pelos declives do abismo
sem que o céu se importe com isso.
Também nós carregamos uma pedra,
acorrentados à liberdade.

Rafael Rodrigues

sexta-feira, maio 20, 2005

3 Vozes comemora...

... o aniversário de uma das vozes!

Hoje, 20/05/2005, é aniversário do excelentíssimo Thiago Augusto.

Desejem-lhe os parabéns - mentalmente ou (de preferência nos comments) virtualmente. E quem tiver oportunidade, pessoalmente.

As duas vozes restantes desejam ao Thiago o melhor. Paz, felicidade, mais criatividade (se é que isso é possível, porque o garoto é demais), enfim, tudo o que se pode desejar de bom a alguém.

Forte abraço, e aguardamos você no MSN.


Rafael Rodrigues & Eduardo Leite

P.S.: Enquanto ele não volta de Agagaquaga, fiquem com um poema escrito e deixado por ele no rascunho do blogspot.

Alusão às Fadas

Dedicado à Maria Sousa

Quando o som noturno baixa
E tudo que se escuta é seu suspiro
Quase ouve-se uma voz
Dizendo dentro de ti ou muito além

"Você sofre por todas
As crianças do mundo"

Quando, sem querer,
Seu rosto é aquecido por uma lágrima
Infantil que teimava em sair
A mesma nota ecoa

"Você sofrerá até quando
Por todas as crianças do mundo?"

Um labirinto te abraça
lhe dá um beijo na bochecha
"Eu gosto muito de você"
Dá um sorriso infantil

Um coração transforma melodia
O vento segue para acompanhar
Ressoam as mesmas palavras
que foram ditas por meu irmão...

"Você é uma criança,
Que nunca crescerá..."

Thiago Augusto
(16-08-04)

quarta-feira, maio 18, 2005

O Vento Uivante

Não importava se lá fora o tempo estava úmido ou seco. Era noite e isso bastava.

Sentado sobre as mãos, pensando em se perder, pensando em se encontrar. As estrelas ainda estavam lá. Tinha quase 19.

Da janela não se via a rua, uma janela sem esperança. Negra. Ele chorava ouvindo canções que não se podia entender.

Era um dia de festa. Não em seu coração. Conseguia enganar todo o mundo. Mas não o aniversariante, Augusto, seu irmão mais novo. Eram unidos, e mesmo o irmão tendo apenas 12 anos, já teciam várias conversas de amigos.

Augusto se sentia adulto quando ouvia as conversas sobre amor e ainda se perguntava porque o rosto do irmão sempre estava em prantos.

Ele fazia comparações para o mais novo entender. Falava da lua. Dos carros. De sonhos. Contava histórias que seus pais não sabiam. Augusto atento gostava de ouvir.

Era como uma tradição. Antes da hora de dormir, uma história para se acalmar. E dormiam. Augusto feliz.

Seu irmão permanecia acordado, pensando na história recém contada. “Será que meu irmão um dia irá desvendar o que eu menti para ele nessa poesia?”, pensava.

Nessa noite, Túlio não saiu para a festa. Ficou no quarto que dividia com o irmão. Tentava ver o céu. Mas nada havia em sua janela.

Eram seis horas da tarde quando ele abraçava o irmão. E dizia o quanto ele havia crescido nesses últimos tempos, não só de tamanho, como de caráter. Pedia desculpas por não ir a sua festa, mais que ouviria de lá. E prometeu que sairia na hora dos parabéns. “Para tirarmos a nossa foto”.

Augusto tinha o sorriso mais lindo que se pode descrever, ainda era inocente. Feliz. Com sua melhor roupa, lá estava. Esperando os amigos.

Por uma vez ou outra, voltava ao seu quarto. Chamava Túlio, lhe trazia alguns salgados e bebida. Para seus pais ele só estava com dor de cabeça. Para seu irmão era só preguiça de se animar. Para ele, tristeza.

O relógio marcava nove horas quando o bolo estava impecável na mesa. Os jovens reunidos. Faltava alguém.

Corre Augusto a caminho de seu quarto para chamar seu irmão, que logo comparece. Os olhos de Túlio pareciam mudados. Diferentes desta manhã. Piores.

Um sorriso para enganar e se encontra com a família. Um breve comprimento aos parentes que ali visitavam, uma desculpa qualquer para evitar a festa, e um olá para seus próprios pais.

A mãe se sente preocupada. Mas logo ele diz que não é nada e afinal, é a hora do bolo.

A vida parecia tão diferente nos olhares do irmão, pensava Túlio. Ele ainda era vivo e consistente. Seu tempo era agora. Túlio já estava velho demais.

Foi em uma noite escura de janeiro. Quando o dia morria para o outro nascer.

No fim dessa celebração. Quando o irmão invade o quarto para pedir mais uma história. E percebe o quão vazio jazia o ar.

Chamando pelo irmão, logo percebe. “Meu irmão já não está mais aqui”. Seus pais se desesperam com a afirmação do irmão. O chamam pelos quatro cantos da casa. Mas só o eco de suas vozes é recebido como resposta. Suas roupas ainda estavam ali. Era possível sentir o aroma quente de seu travesseiro.

Eles encontraram um bilhete: “Vou ser feliz e já volto”.

Augusto perdeu seu único amigo. E Túlio nunca mais voltou.

Thiago Augusto
(13-03-04)

terça-feira, maio 17, 2005

- Quem que já sofreu por amor?
(Gritos)
- Isso tudo já se apaixonou de verdade?
(Alguns gritos de afirmação)
- Eu sempre faço essa pergunta porque...
Eu não acredito nisso!
(Gritos efusivos)
- Eu cheguei a conclusão que se o amor
é verdadeiro não existe sofrimento.

(Renato Russo em conversa com o público,
no album ao vivo "Como é que se diz eu te amo")


As vezes Vento No Litoral me deixa melancólico.

Talvez os erros tenham meu nome na etiqueta. Talvez eu tenha muito amor e ela nunca soube receber. Mas quem sou eu para dizer tudo isso agora?

O tempo já se arrastou faz tempo e levou tudo embora. O que sobrou foi a sua falta. Talvez, faltou exatamente dizer: “Eu te amo”.

Thiago Augusto

Quero amor

.

.

.

Amor
Amor falado
Amor escrito
Amor testado
Amor praticado
Amor de fato
Amor abrasador
Amor devorador
Amor consumidor
Também sofredor
Mas conquistador
Persistente
Amor ardente
Amor estridente
Jamais desistente
Ao contrário, persistente
Amor sexual
Muito carnal
Amor passional
Amor racional
Amor real
Amor delicado
Educado, doado
Amor valente
Amor que tente
Muito, mas muito quente
Amor apostador
Amor tentador
Amor desbravador
Amor cego
Amor fiel
Amor sensível
Amor surdo
Amor mudo
Que confia
Amor invejado
Uno
Desejado
Conquistado
Valorizado
Sonhado
Realizado
Amor abrasador
Louco, louco amor

.

.

.

Eduardo Leite


domingo, maio 15, 2005

A culpa é de quem?

Muitos cientistas começaram teorias e mais tarde "verdades científicas" estudando a si mesmos. Freud analisava seus próprios sonhos, Tichener fazia introspecções dele mesmo e por aí vai... A auto-análise diz muito, mas não é disso que venho falar. Quero falar da conclusão chegada por um amigo - o qual não revelarei o nome em benefício de sua reputação como ser dito "normal".
Você entrou em relacionamentos difíceis? Com amigos, namorados, colegas de quadra? E fica se perguntando se colou chiclete na cruz, atrás da cabeça do homem, se é karma ou se costuraram sua foto na boca de um sapo, colocaram na barriga de uma galinha preta e jogaram numa encruzilhada? A resposta é mais fácil do que você imaginaria... A CULPA É SUA.
Geralmente as pessoas que reclamam ter relacionamentos difíceis não percebem uma coisa: pessoas parecidas ou iguais a nós não nos atraem. Geralmente, se o faz, não é pela pessoa: você apaixona-se por si mesmo. Isso mesmo. Estou falando do narcisismo que é mais comum do que o percebido. Em muitos casos, mas não em via de regra, talvez apenas o caso das pessoas que dizem sempre se envolver com pessoas erradas. São atraídas por essas pessoas tão diferentes, tão instáveis, tão complicadas... Os sujeitos apaixonam-se pela possibilidade de conviver com a diferença, com aquele problema a ser resolvido, o risco a ser corrido... Atrai e é atraído pela instabilidade - assim como somos por doces mais do que por carnes em putrefação. É um mecanismo "incontrolável" quando imperceptível, ignorado, subestimado.
Conhecer a si mesmo é um fator positivo para uma vida saudável no geral. A auto-aceitação, o auto-conhecimento, nos faz senhores de nossas vontades ao invés de escravos e vítimas delas. Nossas emoções são presentes biológicos herdados e aprimorados ao longo da vida e não espetos encravados em nossos "corações". Devem sempre (sem medo do erro de falar sempre) ser dosados e guiados pela razão, porque se ao menos insistir no erro, vai com tudo preparado pro caso de dar errado. Afinal, a razão também arrisca: é razão, mas não uma chata. Desde que ande de mãos dadas com as emoções. Sem medo de apostar, se doar, abrir mão e viver. Que chato seria também se fosse tão fácil.

Eduardo Leite

quarta-feira, maio 11, 2005

Onde estão os românticos?

* Texto escrito há séculos atrás...

Onde estão os românticos? O que? Não existem? Ora, não diga isso! Eles existem, só andam um tanto sumidos, em extinção talvez. Sempre que vejo uma mulher reclamando dos homens, dizendo que não existem homens românticos, que são todos iguais - essas coisas, tenho vontade de dizer:
- Calma lá, não vamos generalizar! - quando dou por mim, as palavras já foram ditas, não há mais volta. Lá vem o troco:
- Como não? Vocês são todos iguais. Insensíveis, infiéis, mulherengos...
Eu poderia tentar argumentar, mas como quase toda mulher, - sem querer generalizar - essa tem uma opinião formada, difícil de ser mudada (para não dizer que ela, e quase todas as mulheres, são cabeças-duras, sem querer generalizar)
- Tá bem então. Se você diz, somos mesmo.
- E ainda admite? Cara de pau!
Fazer o que? Adiantaria dizer que existem ainda homens que mandam flores às amadas, que fazem de tudo para agradá-las, fazem serenatas, e até poemas! para elas?
- Não acredito!
Pois sim. Já faz algum tempo, tentei conquistar uma garota enviando-lhe flores - não deu certo. Para outra, fiz alguns versos, mas ela se foi, e com ela meu projeto de poema, o qual nem lembro mais. Certa feita, um amigo pediu-me que tocasse uma música, queria fazer uma serenata para sua deusa. Um outro deixou de ir a festas. Hoje é figurinha fácil de ser vista, andando pelo shopping, mãos dadas com a namorada.
- Um desses eu não acho - é o que dizem elas.
Não acham, não procuram. Vivemos num tempo em que poucas mulheres dão valor à personalidade de um homem. Isso pode soar machista, ou posso estar generalizando injustamente. Peço perdão às mulheres que ainda valorizam o homem pelo que ele realmente é, mas essa é a realidade com a qual convivo.
Existem sim homens românticos, dispostos a dar o mundo à mulher amada, vocês mulheres é que não enxergam.
Rafael Rodrigues

terça-feira, maio 10, 2005

Ao invés de assistir aula...

Azul e vermelho.
Dezenas de tons.

Os mais escuros são os mais bonitos.

Belas cores,
Belas variantes.

São cores que revelam
Humor, personalidade.

As mais fortes são as mais interessantes.

Azul, brisa.
Vermelho, tempestade.

Misturando as duas,
Que cor seria?

Rafael Rodrigues

Achados e perdidos

As linhas que vocês lerão a seguir foram postadas originalmente no blog AVidaeAfins - hoje desativado. Inclusive as linhas em itálico.

domingo, 12 de janeiro de 2003

Antes do dito cujo, uma observação: esse texto eu escrevi há uns 2 anos, ou mais, não lembro. Encontrei ele perdido num cd meu, no qual se encontram gravadas algumas mp3, alguns programas, e algumas tentativas frustradas e loucas de se fazer músicas. Explicarei isso em uma outra oportunidade. Segue o texto abaixo. Ah! É claro que ele foi revisto, mas não mudou muito, só algumas frases que estavam meio sem noção. E outra: tem coisa nele que nem eu entendi logo de cara, então, não liguem se algo lhes escapar.

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Sejamos sinceros: quem de nós nunca parou um minuto e se perguntou: “o que será que eu vim fazer aqui?” ou ainda: “por que estou aqui e não em outro lugar?”.
E mais, “por que ele e não eu?” ou algo do gênero? E é claro que nem eu nem você obtivemos resposta. Nem sabemos se algum dia alguém vai encontrar respostas para perguntas tão simples e ao mesmo tempo tão complexas. Mas é aí que está o “x” da questão. Que graça nossas vidas teriam se soubéssemos de tudo isso? Que graça teria, por exemplo, eu saber como seria minha vida em Belo Horizonte, caso meu pai tivesse aceitado uma proposta de emprego naquela cidade?
Talvez haja alguém com uma maquininha, que se pareça com um video-game e que possa ver tudo isso. Novamente faço a seguinte pergunta: que graça teria? Além de não poder ressuscitar, ainda não inventaram a máquina do tempo. Portanto, de nada adiantaria saber o que não se sabia. Eis aí o sal da vida: as múltiplas possibilidades. Isso mesmo, as várias possibilidades, as várias escolhas que temos de fazer.
São essas escolhas que fazem nossas vidas. Sim e não, direita ou esquerda, ir ou não ir, continuar ou parar. Em cada atitude tomada há uma segunda que é contrária, e que pode resultar em algo melhor ou pior. E graças a Deus – ou seja lá quem for - não temos como saber isso.

domingo, maio 08, 2005

Conversa de homem

As mulheres têm mania de pensar que homem só sabe falar em mulher e futebol. Ora essa, todos nós sabemos que isso é uma grandessíssima calúnia! Venho então defender a classe masculina, e mostrar às mulheres que nós homens somos cultos, atualizados e modernos. Farei uma lista de assuntos com alguns exemplos de conversas masculinas.
Nós homens, além de falarmos sobre mulheres e futebol, temos como assunto, por exemplo, a política:
- Eurico Miranda é um ladrão! Ele acabou com o Vasco!
Nós também temos o costume de conversar sobre as injustiças que acontecem em nosso país:
- Como é que o São Paulo perdeu ontem? Isso não existe!
Ou ainda:
- Você viu a namorada do Paulo? Uma deusa! Ele feio daquele jeito...
Não se surpreendam, mas também conversamos sobre assuntos bem mais sérios, como religião:
- Se Deus é justo, o São Paulo vai ser campeão brasileiro esse ano.
Há ainda casos assim:
- Essa é a nora que mamãe pediu a Deus. Ainda me caso com uma dessas!
E vocês mulheres ainda têm coragem de dizer que nós só falamos em vocês e em futebol. Ora, façam-me o favor! Nós homens somos injustiçados, humilhados, pisados, caluniados, difamados... etc e tal pelas mulheres! Espero que as feministas de plantão reconheçam finalmente que estão equivocadas.
Sabendo da grande resistência das últimas citadas em admitir que nós do sexo masculino somos cultos e modernos, resolvi dar minha última cartada. Sim, nós homens conversamos até sobre – pasmem! - as últimas tendências da moda:
- Rapaz, você viu a saia da Marcinha hoje? Ela está que não é para brincadeira!
Ou ainda:
- Olha só que decote!
E até expressamos nossos gostos por roupas íntimas:
- Que cor é? Vermelha? Ihhh... hoje tem!
Espero que finalmente vocês mulheres reconheçam que nós homens não falamos apenas sobre mulheres e futebol, e que não somos apenas boçais insensíveis e que pensamos apenas em sexo. Se mesmo com todos estes argumentos vocês insistirem em dizer que não somos capazes de conversar sobre outra coisa, acho bom vocês procurarem um psiquiatra... digo, trocarem de psiquiatra...
Rafael Rodrigues
Algum dia de algum mês de três anos atrás

sexta-feira, maio 06, 2005

Necessidades

Da lista do que faltou nessa semana...
- Óculos de Sol
- Recarregador de batéria
- Aparelho de barbear
- Seus beijos
- As cifras que sei tocar

Thiago Augusto

Premissas

Meu primeiro livro publicado será uma produção totalmente “make yourself”. Eu pagarei a edição, farei a orelha, e também a divulgação e distribuição. Como não terei nada a perder, o título será um tanto quanto não convencional: “Comprem este livro, por favor!”.
Na orelha, a primeira palavra será “Obrigado.” E a partir daí escreverei o restante. Algo assim: “Mesmo que você não o tenha comprado, agradeço ao menos por estar folheando. Tenho certeza de que vai gostar do que ler. Compre o livro. Não é caro. Não é ruim. Não estou pedindo para você fazer caridade. Não vou lucrar nada, mesmo que venda todos os exemplares. Você imagina a quantas pessoas eu tive que dar este livro de graça? Pais, irmãos, parentes, amigos mais próximos, alguns alunos mais chegados... Brincando brincando eu perdi cinqüenta exemplares...” E continuaria nessa mesma linha de conversa.
Ainda não sei se será de crônicas, contos ou se será um romance. Tenho material para publicar um livro de cada gênero – no mínimo. O que não tenho é dinheiro e paciência para fazê-lo. Se tivesse, já teria publicado. Já sou quase um velho. Beirando os quarenta. Não tenho tempo para ficar revisando textos, procurando editoras, tentando contatos com amigos. E meu perfil auto-suficiente não permitira tal ação. Não gosto de pedir favores a ninguém. E não gosto de fazer favores a ninguém. Não lavo a mão de ninguém nem peço que façam o contrário.
Não escrevi um livro, não plantei uma árvore e nem tive um filho. Ao menos não que eu saiba. E enquanto não realizar essas três premissas, não estarei conformado comigo. Por que meti essa idéia em minha cabeça só Deus sabe. Ou nem Ele. Sei apenas que farei isso antes de morrer.
Acho que vou logo começar com isso. Vou sair e procurar alguma solteira essa noite. Não tenho nada melhor para fazer mesmo...
Rafael Rodrigues

quinta-feira, maio 05, 2005

Passageiro

Vindo do interior para estudar. Conseguir um emprego na capital para se sustentar. Alojado em um quarto alugado de uma velha senhora. Preço que podia pagar. Três meses na capital e não estava trabalhando.
Vivia de dinheiro enviado pelos pais. Bastante para se alimentar, pagar aluguel, transporte.
Saía cedo de “casa”. Aulas pela manhã. As tardes para procurar emprego, estudar na biblioteca. Noite, cansado, logo dormia.
Fazia direito. Ambicioso e determinado suficiente para não utilizar mais do que dois vales-transporte dia.
Cruzava com a velha vez em quando. Conversavam. Era uma boa senhora. Quarto não era tão ruim assim.
Cama, cômoda, escrivaninha, banheiro. Não tão ruim.
Naquela noite velha senhora ofereceu prato de sopa. Não estava com fome. Gentil, não recusou. Ela se queixou, dores infernais, peito. Perguntou se tomava remédios. Ela sim, adiantava de nada. Ele disse que ia deitar enquanto ela buscava sopa.
Quase dez. Ouvia nada. Cidade dormiu cedo aquela noite.
Barulho forte, ligeiro. Prato e colher no chão. Silêncio.
Fechou a porta. Dormiu.
Estava cansado demais.
Rafael Rodrigues

quarta-feira, maio 04, 2005

Das coisas quando acontecem

"Quem ainda não tem originais nas gavetas, nem nas mesas das editoras, acha seu(s) canto(s) na Internet, enquanto costura projetos. É o caso de muitos, como Rafael Rodrigues..."
Pois é.
Leiam o restante desse artigo escrito pela jornalista e escritora Crib Tanaka publicado no Cronópios clicando aqui!

Rafael Rodrigues

Se eu pudesse...

I - Para Si Mesmo

Ah, se tudo o que penso
fosse transcrito nesses versos
Não haveria mais dor
de não saber como falar
tudo que o peito ainda
não aprendeu a dizer.

II - No Espelho

Porque ela é tão especial pra mim?
Porque as vezes eu acho que esse amor de nada serve?

III - Inicio de uma canção

Eu queria ser as canções que você canta
Para estar em seu vocábulario
Te prender com o nó de minhas paixões
e te derrubar quando eu quiser no chão

IV - Dialogo

- Se eu pudesse transformar minha vida em versos, poderia sair algumas coisas interessantes.
- Transforme, oras, mas veja se não faz um "Lusiadas" gigantesco.
- Claro que não... Mas do jeito que ela é tão estranha, ia ficar mais parecido com um "Maria Do Bairro" mesmo.

V - Explícito

Danem-se todas as línguas.
Eu só me preocupo e desejo
a sua junto da minha.

Thiago Augusto

segunda-feira, maio 02, 2005

O Lula me disse

* Antes do post, um pedido: prestigiem nossa convidada mais que especial autora do texto "Dois laços azuis". Esse conto é da escritora e jornalista carioca Crib Tanaka, amiga minha. É um belíssimo conto. Leiam o texto dela e acessem seu blog. Afinal, não é todo dia que se tem uma participação especial desse calibre num blog. 3 Vozes e você, tudo a ver!
*
O Lula disse - não só a mim, mas a quem quisesse ouvir - que a classe média é a responsável pelo absurdo de juros que os bancos cobram. Quando eu soube disso eu fiquei muito nervoso e esbravejei que "o Lula anda falando merda demais e fazendo merda demais. Não voto mais nele nem a pau."
Depois de me acalmar e pensar direito no que o Lula disse, eu afirmo: não vou mais votar no Lula. Ele anda falando e fazendo merda demais.
Como é que ele inventa de dizer que somos acomodados e que a classe média fica sentada numa mesa de bar "xingando banco, os juros, o cartão de crédito dele, mas no dia seguinte é incapaz de levantar o traseiro da cadeira e ir ao banco mudar sua conta para um mais barato''?
Senhor presidente, um lembrete: POR SUA CAUSA E POR CAUSA DOS GOVERNOS ANTERIORES, A CLASSE MÉDIA NÃO TEM MAIS DINHEIRO PRA GASTAR EM BARZINHO TOMANDO CERVEJA! ELA TEM QUE TRABALHAR BASTANTE E NÃO TEM TEMPO DE IR PESQUISAR QUAL BANCO TEM A TAXA DE JUROS MAIS BAIXA. Se é que existe grande diferença entre um banco e outro.
Não comentei o assunto no blog antes porque não tinha muitos dados a respeito dessa declaração do nosso excelentíssimo presidente. Mas agora vocês podem fazer como eu e ler essas duas crônicas, uma do Zuenir Ventura e outra do Villas-Boas Corrêa que estão no blog do Augusto Sales, é só clicar.
Rafael Rodrigues

domingo, maio 01, 2005

Outro extenso texto





Estava eu descansando os olhos esta tarde após algumas horas de estudo para as provas de Neuroanatomofisiologia(parece palavrão, hein?) e Processos Psicológicos I e acabei por caindo no sono. Sonhando que enquanto roubavam uma loja de artigos religiosos(ou seria um sex shop) eu fugia desta e os assaltantes me perseguiam até que sem que eles vissem eu voava para a copa de uma imensa árvore(posso voar em meus sonhos) e ficava lá, com medo da altura(tenho medo de altura justamente em sonhos, logo onde posso voar) quando um macaquinho verde me estende a mão, quando abre é o meu celular tocando. Acordei com a ligação.





O mais interessante está justamente nessa parte, após atender o telefonema. Falava com uma pessoa que não falava há um bom tempo, por culpa minha provavelmente e foi agradável até um momento que me fez ficar filosofando e refletindo até o presente momento: "Sei que você não está numa boa fase...". "Como assim?" - me perguntei já que não consegui esboçar nenhuma reação diante de tal afirmação declarada com tanta convicção, pareceu inclusive novidade para mim o fato de não estar bem e depois de desligar o telefone continuei a meditar nisso.





Estou me saindo bem na universidade, bem com amigos, esporte, pais, bem no amor... as partes ruins: estou sem grana, mas tou acostumado com isso; sem emprego, mas assim sobra mais tempo pra estudar; alguns conflitos de ordem particular, mas em pequena escala, como qualquer ser humano normal, então... volto-me outra vez para uma velha discussão de conflito interior: RELIGIÃO.




Realmente tenho uma opnião completa e radicalmente oposta à que tinha, vamos dizer, 1 ano atrás ou menos até, há 6 meses. Entendo hoje porque existe restrição grande em igrejas à sabedoria secular de área humana, filosofia, psicologia, antropologia, sociologia e etc. As religiões são um veículo de estagnação de mentes humanas, pré-dispondo as pessoas à submissão, manipulação e sujeição para que o capital vigente continue em seu patamar de dominação indefinidamente, nada tão assustador se contar que Constantino foi quem, por exemplo, afirmou o cristianismo como religião oficial de Roma no séc III. Nem tão assustador que tantas pessoas usam de argumentos nada mais do que verossímeis(que se parecem com a verdade), sofistas e até de senso comum, mas nada de racional e(ou) empírico e sem, é claro, se permitir o privilégio da dúvida... "mas e se...?". Não é à toa que uma religião antagônica tal qual o cristianismo que é tanto voltada á submissão e acatamento por esperança, fé, na "Justiça Divina" quanto monopolista e sociocentrico(valorizando as pessoas com mesma fé) em contrapartida às demais do mundo, ou seja, o evangelismo deve extender-se ao mundo, alguns sabem que nem todos aderirão e a "justiça" chegará apenas na "segunda vinda" do messias, outros têm esperança de um mundo homogêneo valorizando esse evangelismo em larga escala, mas não é disso que pretendo tratar.


Voltando ao assunto "você não está numa boa fase" concluo que na base de toda intolerância, fundamentalismo e conflitos está a base de análise voltada à comparação com um padrão de referência, trocando em miúdos, creio que você não está bem, pois se tivesse estaria indo à igreja, lendo o livro sagrado, fazendo preces vazias e sem nem tentar engolir algo que você engolia feito água faz um bom tempo assim como eu. A falta da paz está mais perto de estar ligada à falta de respeito às decisões tomadas por outrem, aos estilos de vidas e à complexidade da individualidade e subjetividade inerentes e inatas em alguns casos de cada ser humano. Não somos produtos em série, todos feitos da mesma forma, com mesma criação, mesmas oportunidades, mesmos conhecimentos e mesmos pensamentos, somos diferentes e sempre seremos e nem é ser conformista, é ser realista, muito pode ser melhorado, mas jamais completamente homogêneo, é o promover "igualdade respeitando as diferenças".




Sei 1% das pessoas com quem me relaciono hoje são as mesmas pessoas de 6 meses atrás, pois quando seu ponto de vista muda, poucas são as pessoas que se mantém ali incondicionalmente pagando o preço pela oportunidade de momentos igualmente satisfatórios e de crescimento junto a você e talvez por isso eu seja grato por amigos de hoje que mesmo em todas as minhas fases e surtos(e foram muitos) durante o decorrer desta breve existência e que realmente sabem muito mais do que os outros suporiam por não olharem apenas a aparência, relembrando os dizeres de Saint Exupéry: "o essencial é invisível aos olhos". É então quando me pergunto até quando a religião vai insistir em roubar de mim tudo que eu tenho, até quando ela vai escravizar, cegar e pôr de joelhos nações e povos vítimas da Inquisição, Cruzadas, Guerra do Iraque, Vietnã todas em nome de um deus que se envergonharia se pudesse ver em meio a seus devaneios.
Eduardo Leite