domingo, julho 31, 2005

Ao mestre, com carinho.

A dignidade de ser homem.
Lições a serem aprendidas.
Atitudes a serem tomadas.
Planos a pôr em prática.
Não se dar por vencido diante das dificuldades.
Recolher, absorver, acumular o máximo de experiência possível. Equivalente à sua pode ser impossível. Mas é necessário almejar o máximo, você disse isso.
Amar. Sem medo.
Ter fé. No que quer que seja.
Otimismo, sempre.
Melhor aprender com os erros do que nunca errar e jamais aprender.
Tudo, um dia, passa.
No fim dá certo.
Ao cair, levantar-se.
Agradecer e reconhecer todos aqueles que de alguma forma te ensinaram algo.

E é por isso que te agradeço, Fernando Sabino.
Por tudo.

Rafael Rodrigues

À la Bukowski - Parte II de II

- Então. Harry trabalhava numa grande empresa – e não pergunte por que o demitiram – e viajava muito. Sua esposa, Linda, é uma belíssima mulher. Consta que de uns tempos pra cá Linda aproveitava as viagens que o Harry fazia para chifrar ele. E o Harry começou a desconfiar porque Linda não reclamava mais das muitas viagens. Desconfiado, semana passada o Harry resolveu checar isso. Disse que iria fazer outra viagem, fez as malas e tudo mais. E não viajou. Saiu de casa e foi para um hotel. Até ligou de lá para Linda, horas mais tarde, para dizer que havia “chegado” bem e tal. À noite foi até sua casa. Entrou e ouviu ruídos vindos do seu quarto. Então ele subiu as escadas, abriu a porta e viu Linda transando com um cara que ele nunca tinha visto na vida.
- E aí, Jack, o que ele fez?
- Vocês não vão acreditar. Ele pegou o revólver – consta que ele já o possuía, antes mesmo dessa história – e apontou pra cabeça do cara. Fez o cara ir ao banheiro e pegar cola super-bond. Depois, fez Linda passar a cola na mão dela e mandou ela segurar o... o..., vocês sabem o quê, do cara.
- E ela segurou?
- Claro, Bob! Harry tava com a arma na mão, podia matar os dois. E aí ele foi embora e deixou os dois lá. Eles ligaram para a emergência. Tiveram que cortar o negócio do cara para poderem liberar a mão de Linda.
- E por que não cortaram a mão dela, Jack?
- Ah, sei lá. Acho que ele ia perder o negócio de qualquer jeito. Deve ser uma área muito complicada pra cirurgia, ainda mais uma cirurgia daquelas.
- Tá certo, Jack. E como vou saber que isso é verdade?
- Confiando em mim, ué!
- Nada feito, Jack. Você disse que iria provar.
- Ok... Tá aqui o jornal. Página 10. Ei, Jimmy, vai pedir o quê?
- Nada, Jack, obrigado. Fiquei enjoado...
- Me vê um Martini seco, Bob!

* Este conto foi uma tentativa de homenagear o mestre Charles Bukowski, escritor que nasceu na Alemanha em 1920 e morreu em 1994. Buk, ou o "velho safado", como muitos carinhosamente o chamam, foi criado nos Estados Unidos e é tido como o último dos escritores malditos. Sua literatura influenciou e continua influenciando centenas de escritores por todo o mundo. Além dessa "homenagem", existe uma outra, ao grande mestre Fernando Sabino. É uma das falas do texto. Alguém tenta acertar qual é?

Rafael Rodrigues

sábado, julho 30, 2005

À la Bukowski - Parte I de II

- Olá, Bob.
- Olá, Jack.
- Me vê duplo sem gelo, Bob.
- Vai me pagar hoje, Jack?
- Não ainda, Bob. Em breve... Ei, você soube do cara que perdeu o... o...
- “O” o quê, Jack?
- O dito cujo aqui de baixo.
- Não, não vi. Essa é outra daquelas suas histórias malucas e absurdas, não é? Não, Jack, eu não soube. Não soube porque isso só acontece em sua cabeça, Jack.
- Ah, é? Pois eu vou contar a história e provar que aconteceu de verdade. Que tal? E só pago metade do que lhe devo, ok?
- Ok, Jack. Aliás, se for verdade você não me deve mais nada.
- Ha ha ha! Então vou precisar de uma testemunha. Ei, cara, ei! Você aí de chapéu, vem cá! Qual seu nome?
- Os caras me chamam de Jimmy.
- Ei, Jimmy, olha só: você vai ser testemunha de uma aposta, ok? O Bob aqui não acredita nas histórias que conto, e se eu provar que essa que vou contar é verdadeira, ele zera minha dívida aqui.
- Ei, ei, ei!, Jack. Deixo a dívida pela metade, ok? Isso tá ficando sério demais...
- Preocupado, ein, Bob? Então ok. Metade da dívida e o Jimmy aqui não paga o que pediu hoje, ok?
- Ok.
- Ok, Jimmy?
- Por mim, tudo bem...
- Pois prestem atenção. Harry é um cara normal, tem 34 anos. Ele era casado com Linda, 3 anos mais nova...
- Era casado? O que houve?
- Porra, Bob! Deixa eu contar a história!
- Ok, ok...

(Continua...)

Rafael Rodrigues

Quatro

Capa do cd Resisti. Estava confiante que naquela manhã iria receber a encomenda. A manhã passou ansiosa e nada. Mas felizmente a tarde me entregaram: "Quatro", ou melhor, "4" o novo álbum do Los Hermanos.
Meus amigos leram que as opiniões se dividiam em quem gostou e quem detestou. Quanto a mim só tinha ouvido o single novo, "O Vento".
Coloquei o cd no player. Ouvi algumas faixas e notei uma certa estranheza. Estava cansado e com sono. Desisti para uma analise mais completa e posterior.
Logo de manhã, deitei em minha cama, coloquei os headphones, abri o encarte do cd e fui acompanhando, melodia e letra. Tinha imaginado que o álbum era, como disseram, melancólico, por um momento, rápido confesso, tive certo receio do novo álbum. Mas quase uma hora depois, no último acorde de "é de lágrima" que ecoa por alguns segundos até acabar o álbum, conclui que tinha acabado de ouvir um cd excelente.
Aqui tudo se complica. Primeiro porque nunca gostei de pretensiosas críticas sobre cinema, música e livros. A cultura em si é muito subjetiva e analisar um álbum mexe não só com o contexto externo como o interno do autor. Assim, para cada um, o cd se transforma em uma única expressão.
A banda disse que o novo álbum é uma evolução do último álbum, Ventura. Quando cheguei na faixa "O Vento" pude entender e confirmar. Talvez o novo single seja o ponto de ligação dessa nova evolução que se inicia com a faixa seguinte, "horizonte distante".
Assim como em Ventura, há o predomínio de canções de Marcelo Camelo. E as letras de Rodrigo Amarante continuam sendo de complexa compreensão em sua primeira audição.
DivulgaçãoO curioso tanto nesse álbum como nos outros é que notei certas expressões usadas pelos dois músicos. Como eles fazem a pré-produção dos discos em um sítio todos juntos, talvez por isso que encontramos algumas palavras e expressões semelhantes mas que de maneira alguma criam músicas parecidas. Há ausência dos metais e a presença de violões que nunca notei nas músicas dos outros álbuns.
O que vejo em "4" é uma saudade imensa, diferente da "fortuna má ou boa" do álbum passado.
Há uma saudade de tempos de outrora, da vontade de voltar para casa, rever nosso amor, viver juntinho dele e nunca mais sair. Pois seria exatamente desse amor que a vida faz valer a pena. E essa saudade também regida pelo tempo, o vento, os mares que separam esse amor que não morre pois é grandioso.
"4" é um disco maravilhoso. Só espero que no próximo o amor seja ainda maior, as saudades estejam sanadas e o samba, o verão, o vencedor, o carnaval, a flor retornem de forma renovada para comemorar.

Thiago Nogueira

Silêncio

Passa somente um pensamento nessa madrugada:
- Quem estará comigo daqui há 10 anos?

Que dele surgem alguns outros...
- Eles ainda serão meus amigos?
- Os planos de hoje serão com as mesmas pessoas?

Não conhecer o vazio, assusta. Mas coragem para mergulhar é o que não falta.

Pensar é fazer música. A música dos loucos.

Saúde. Bom Dia. E sempre em frente. O passado, já foi.

sexta-feira, julho 29, 2005

Três palavras

Deveria ter dito “eu te amo”. Conseguiu dizer apenas que estava ficando tarde e precisava acordar cedo no dia seguinte.

Eduardo foi para casa maldizendo-se por todo o caminho. Entrou, tomou banho, jantou, deitou-se. Pensou em como se declarar. Deveria haver uma maneira fácil de fazer aquilo. Concluiu que o correto seria dizer aquelas três palavras assim mesmo, à queima roupa. O medo da não-reciprocidade deveria ser esquecido. Afinal, como haveria de saber se ela também o amava? Teria que dar a cara a tapa, mas não havia outra maneira.

Dormiu pensando em no dia seguinte resolver aquilo.

Acordou e seguiu sua rotina. Faculdade, trabalho, Priscila. Tentou e não conseguiu. Mais uma vez engasgou. Deu mais uma desculpa e foi-se para casa.

Em sua cama pensava que ela já sabia de tudo. A não ser que fosse tão desligada quanto ele, que só tinha conhecimento do amor de outra mulher através da boca dos outros.

Na faculdade encontrou-se com um amigo que lhe deu uma idéia: um buquê de flores e um cartão revelando seu amor. Nada mais romântico, mais apropriado e mais cômodo. Uma idéia tão óbvia que jamais conseguiria chegar a ela sozinho. O amor para ele era tão complicado...

Pôs em prática a tal idéia. Não a viu naquele dia. Precisava se preparar psicologicamente para o que estava por vir.

No dia seguinte perdeu a primeira aula e foi ir à floricultura. O buquê mais bonito que você tiver, por favor. Demorou para escrever o cartão. Percebeu que declarar-se por meio de esferográficas não é tão fácil quanto seu amigo havia dito.

Mandou enfim o buquê. Pediu para ser entregue entre duas e três horas da tarde. Horário que com certeza ela estaria em casa. No trabalho pediu para que, se houvesse alguma ligação para ele, dizer que estava fazendo serviços externos, e retornaria a ligação mais tarde.

Ela ligou duas vezes. Às quatro e às cinco da tarde.

No início da noite, saindo do trabalho, foi atropelado e morreu instantaneamente.

No enterro, depois que todos se foram, ela chegou. Deixou o buquê de flores que havia recebido, e dentro dele um cartão.

Nele estava escrito: “eu também”.


Rafael Rodrigues

Maldição!!




Como pude esquecer de falar do lançamento do ano?? Como meus deuses? Que Idiota eu fui!!


Odiado por uns, amado por outros e surpreendente pra quem aventurar-se a assistir, assim é Sin City, o mais novo filme em cartaz em todo Brasil a partir desta sexta.

Foi lançado faz um bom tempo nos EUA e Europa, mas veio chegar agora no Brasil, talvez por não ser um fenômeno tal qual Batman ou Star Wars. Sin City é um filme que vem rompendo com diversos paradigmas(que bonito) do cinema mundial, trazendo um novo conceito em filme. O responsável por tal proeza é o rapaz Roberto Rodriguez que inclusive teve de se desvincular do órgão encarregado de organizar os diretores no país(que me falha a memória em encontrar a sigla) por trazer pra ser co-diretor nada menos que Frank Miller, o autor dos quadrinhos Sin City; Batman, o Cavaleiro das Trevas entre outros. Acertou na mosca!

O estilo de Frank é ousado, cru, violento, apaixonado, cruel, impressionantemente real e isso vem trazendo diversas críticas ao filme no mesmo estilo, o que não os têm preocupado muito e sim alegrado por ser este o objetivo do filme.

As cenas foram filmadas em fundo verde e depois adicionado todo o cenário, ou seja, completamente baseado em computação gráfica. Completamente em preto e branco, salvo os detalhes mais impressionantes destacados em cores vivas como "amarelo destoante", "vermelho batom de puta", sem falar nos diálogos tirados exatamente como nos quadrinhos. Atores como Clive Owen(quem assistiu Closer sabe do que estou falando), Bruce Willis, que dispensa apresentações, Jessica Alba, Elijah Wood...


Não o assistirei hoje, provavelmente, mas quando assistir saberei se minha puxação de saco foi bem colocada ou não, mas acho que finalmente realizarei meu sonho de ver algum quadrinho finalmente retratado em sua íntegra, sem tirar nem pôr, sem exageros, apenas os quadrinhos, cruamente falando.


Escreverei novamente sobre isso, ainda mais nesse deserto de idéias, tenho mais q aproveitar os assuntos interessantes(para mim).


Não percam, baixem os scans no Rapadura Açucarada, se é que aquele canalha já resolveu os problemas do e-mail e depois assistam pra trocarmos figurinhas...

Giz

Talvez Deus demore alguns segundos para achar a resposta ao ser perguntado do "porque de nosso amor". Só sei que aconteceu como uma das formas mais belas que poderiam existir. Você me ouvia falando das estrelas e sobre ti, e eu evitava cair em suas histórias onde você demonstrava estar perdida em seu labirinto.
Do tempo que leva todas as coisas e sempre se satisfaz, sei que sobrou uma boa história para ser contada. De mim, sinto que pude modificar sua vida. E mesmo não podendo caminhar a sua trilha, pude mostrar que certos caminhos que tentavam à sua frente não deveriam ser seguidos porque não era sua vontade, e sim dos outros.
Sinto saudades mas ao mesmo tempo percebo que somos diferentes, e dessa diferença nasceu uma divergência. Não só do meu jeito de ser como o seu. Um furacão contra um moinho de vento, calmo e introspectivo. Talvez nossa sina, embora sem saber, fosse isso mesmo. Uma passagem.
Fomos dois aprendizes um do outro. Vivendo no mundo de cada um sem nunca se adequar a eles. Há algo sem explicação.
Mas confesso que não sei quando é que pensa em mim. E de que maneira. E se todos gestos, atos e nossas conversas de mãos dadas já perderam o valor e transformaram nosso amor em algo menor. Que se antes tão intenso, poderia estar agora escondido no fundo de um grande casarão em um jardim de cactos.

Thiago Nogueira

quinta-feira, julho 28, 2005

Teste de fidelidade

* Texto publicado originalmente no meu antigo blog, no dia 01 de fevereiro de 2005.

Existe um quadro chamado "Teste de fidelidade" em um dos dois programas apresentado pelo apresentador João Kléber na RedeTV!. A atração consiste no seguinte: uma pessoa entra em contato com a produção do programa para pedir que o seu parceiro seja submetido a um teste. Sendo ele homem, será colocado ao lado de uma atriz de corpo monumental, que irá tentar seduzi-lo de todas as formas. Sendo mulher, um ator de corpo malhado e papo de sedutor de barzinho tentará fazer o mesmo.

Quem assiste desconfia que tudo não passa de armação. Eu penso dessa forma, mas prefiro esquecer e me divertir com o que acontece nos testes. Resolvi postar algo sobre o Teste de Fidelidade porque ontem aconteceu o seguinte: um dos testados NÃO TRAIU a namorada. Foi a primeira vez que aconteceu aquilo, segundo o João Kléber.

Não fiquei espantado pelo fato de o cara não ter traído, não é isso. O certo é não trair mesmo. Acontece que a tal atriz apelou de tal jeito, que não existe santo no mundo que resista. Não existia. O cara resistiu.

Depois que eles terminam de passar o teste, o testado entra no palco para se explicar com a parceira. Dessa vez, o testado entrou no palco para pedir explicações à namorada, ao invés de ele se explicar. A desconfiança dela quase faz com que uma relação de três anos fosse por água abaixo. Durante o teste o namorado da menina falou algo interessante. Foi algo mais ou menos assim: a atriz perguntou se ele já havia traído ela. Ele admitiu que sim, quando eles estiveram brigados por um tempo - fato que o isenta da traição, óbvio. Daí começou o seguinte diálogo:

Atriz: "E agora você aqui não quer trair ela. Vai que ela tá te traindo e você nem sabe."

Namorado: "Se ela me trai ou não é problema meu e dela. Além do mais, eu não sei se ela me trai, portanto, não há porque me preocupar. Eu confio nela e sei que ela confia em mim. Isso basta."

Pois é. O cara falou algo corretíssimo. "Confiança" é a palavra chave para um relacionamento. Confiança e respeito. Sabe lá Deus quantas vezes esse cara já não foi assediado por outras mulheres e sabe lá Deus quantos "não" ela disse?

É bom ver isso na tv. É mais um argumento contra as mulheres que dizem que "homem é tudo igual".


Rafael Rodrigues

quarta-feira, julho 27, 2005

A Maçã

"Porque quem gosta de maçã,
irá gostar de todas...."
Raul Seixas in A Maçã

Sei que quando vou embora, depois de um beijo terno de despedida, não é para mim que ligas. Enquanto estamos abraçados, tão unidos, percebo que há momentos distraídos que nem sabes quem é a pessoa ao seu lado. Seria eu ou ele?
Achas que não sei que quando estou distante se entregas a outro alguém? Enquanto eu colhendo todas as rosas que encontrei no caminho para te dar de presente logo que te ver novamente.
Entre nosso novo amor existem os beijos de um alguém que não é um de nós, que não divide de nossa unicidade. É só alguém que não sei se já deveria ter passado de sua vida. Passado.
Pobre de mim, certo? Um amador que escolheu amar quem não consegue enxergar o mais claro diante dos olhos. Um amante cego da razão.
Mas compreendi que além de nós dois sempre existiu muito. Existiu um descontente que não compreendeu que esse amor foi o maior do mundo.
Vai tu ser livre nas portas da vida. Preciso dar o que queres e te libertar. E ainda ganharás todas as respostas que precisas.
Eu nunca te amei, sua idiota. Todo esse tempo que perdi foi porque gosto do sabor de sofrer. Queria testar todos teus limites. Mas vá, eis a chave de nossas algemas. Estás livre para amar amores menores e piores que os meus. Esse sentimento tão puro se encontra em qualquer lugar, não é mesmo?

Saio, sem despedida. Sem alarde. Saudades. Vou tarde? Caminho procurando olhares. Vejo o sol, as flores e uma macieira que nunca tinha visto antes.

Me estranha o fato de todas as maçãs serem assim, tão iguais.

Thiago Nogueira

3 Vozes recomenda...

* Antes de mais nada, devemos explicações. Esta terça-feira não houve 3 Vozes convida pelo simples fato de não termos um convidado. Quer dizer, convites nós fizemos. Mas os convidados não puderam enviar os textos e tal. Por ora vamos deixar esta seção do blog adormecida, mas prometemos boas surpresas.

Enquanto isso, vocês podem curtir o som de uma belíssima banda, o Cidadão Quem. Sigam as instruções abaixo e ouçam um cd deles gratuitamente.

Acessem esse link. Se ele não funcionar, sigam as instruções abaixo.

http://radio.terra.com.br/includes/internas_albuns/5/5243.html

O que vocês irão fazer:

Abrirão o Internet Explorer. Uma outra janela, porque essa precisa ficar aberta.
Vão entrar no site da Rádio do Terra, www.terra.com.br/radio

Quando o site abrir, procurem o campo "busca" e digitem "cidadao quem". Peçam pra buscar.
Vai abrir uma página com o nome da banda e do lado o nome do disco. Cliquem em "No Theatro São Pedro".

Quando abrir o link, cliquem na música "Ao fim de tudo".Ouçam o cd.

Como sei que vocês vão gostar, deixo logo o link pro site deles: www.cidadaoquem.com.br Excelente banda. Podem apostar.


Rafael Rodrigues

terça-feira, julho 26, 2005

PUM!


Começo o post de hoje repetindo o dizer de um amigo, o qual prezo muito: "A vida é uma caixinha de surpresas!" e é verdade mesmo.

Certas coisas acontecem as quais você pensa que jamais vai se recuperar, ser a mesma pessoa e de repente vem um PUM! E tudo muda. Seja na sua vida amorosa, profissional, familiar... o PUM é o divisor de águas, é a bomba que tanto pode abalar as estruturas como te pôr pra voar, particularmente e diferentemente de algumas pessoas mentalmente perturbadas que conheco, prefiro o PUM aéreo, o que me faz voar pelos ares.

O PUM em si é libertador, faz você se jogar, entrar num buraco muito escuro de olhos fechados e se der merda a gente fala que nem nosso velho guru oriental, seu Severino, recitamos em alto e em bom som um melodioso "Fudeu!" e aliviamos a pressão sangüínea.

Essa surpresa que sai de dentro da caixinha é muito capiciosa, é como uma droga que te dá uma euforia imediata e faz com que você se sinta invencível, invulnerável, aí é que nos enganamos, pois é nesses momentos que estamos voando que podemos tomar as piores quedas. Ainda assim, sonhador e aventureiro como sou, me enveredo pela velha filosofia de vida de seu Severino, aquele lá do agreste Paraibano de que é melhor tomar um baque e ter voado do que jamais ter saído do chão, ter tido a coragem de sonhar, viajar, pular do 7º andar(detalhe que do 7º andar é morte certa), mas por que não?

Estou voando, mas estou vivendo. Geralmente não sonho, sou! Não falo muito, faço! Não é megalomania, complexo de superioridade, tampouco narcisismo, não disse que fazia bem ou que era melhor, apenas afirmei que sou e faço, bom ou ruim. Ah! E me arrependo sim de muita merda que fiz nesses momentos de êxtase, mas pelo menos eu voei. Voltaria até atrás se pudesse, mas como não posso...

Viver é muito bom... nesse meu momento eu comigo mesmo posso dizer que a companhia tem sido maravilhosa, nada que reclamar mesmo. Enquanto a companhia certa é construída, talvez do êxtase, quem sabe no vôo, quem sabe o próprio PUM, nunca se sabe! Prefiro curtir o momento, dando um passo de cada vez com o vento gelado no rosto, o sol aquecendo as costas e a vista contemplando o lindo céu azul, os lagos límpidos, o imenso oceano voando lado a lado com as gaivotas até o crepúsculo...

E PUM!

Eduardo Leite

Palavra de Amigo

Amigos são amigos. Certo? Meu amigo Victor listou de uma forma humorada as melhores coisas de Minas Gerais:
1- Pão de Queijo
2- Pinga
3- As mineiras
4- A placa de "Bem Vindo a São Paulo".


Thiago Nogueira

segunda-feira, julho 25, 2005

Quando eu morrer

* Texto escrito e postado (no meu antigo blog) na época do caso Terri Schiavo, uma americana que vivia em estado vegetativo desde 1990, quando sofreu uma parada cardíaca, e morreu em abril deste ano. Seu caso ganhou grande visibilidade na mídia, pois seu esposo queria desligar os aparelhos que a mantinham viva. Algumas partes foram cortadas, pois agora estão fora de contexto.

Eu nunca me preocupei muito com o fim de minha vida. Tenho mais o que fazer. Mas essa semana precisei parar e pensar um pouco. Mas bem pouco mesmo, pois não gosto de matutar sobre isso.

Não que eu tenha medo da morte. Não é isso. Pelo contrário, no dia em que ela vier me buscar, irei de pronto, sem protestar. Só espero que esse dia demore a chegar. Afinal, ainda tenho muito o que fazer. E quero fazer.

Bom, respondo agora: se algum dia eu me encontrar na situação da Terri - (sobre)vivendo através de aparelhos, sem poder fazer absolutamente nada, sem ter consciência de nada, em coma - por favor, não me deixem viver. Não quero estar condenado a viver ligado a fios, respiradores e etc.

Mesmo tendo chances de viver. Não quero e ponto.

Meus livros: doem à Universidade Federal de Feira de Santana.

Meus cds: Os de rock ficam para o meu irmão. Os que ele não quiser, dividam entre meus amigos. Meus pais sabem quem são eles.

Meus dvds: ficam para ele também.

Meu corpo: se houver possibilidade de cremá-lo depois de fazer doação de todos os órgãos possíveis, façam isso. Se não, podem cremar logo de uma vez.

As cinzas: espalhem discretamente por todos os (principais) lugares por onde passei.

Meus escritos: queimem tudo.

Minhas roupas: doem todas.

Minhas bobagens: joguem tudo fora.

E é só.


Rafael Rodrigues

O Homem Do Ano

Acontece sempre da mesma maneira. Você se esforça ao máximo para tentar ser diferente, se destacar entre os outros. Mostrar que seu valor é diferente dos explorados por ai. Mas chega um filha da puta com roupinha da moda, cabelinho descolado, blusa aberta mostrando o peitoral quase sarado, com uma bebida da estação e fode com tudo.
E você continua com a mesma cara de otário, pasmado. Se perguntando "porque diabos isso tinha de acontecer?". Mas sabe como é, o mundo não nasceu para as exceções, meu amigo. Eu entendo seu esforço de não usar o cabelo pra cima porque todo mundo usa, ter um estilo próprio para ser único. Mas o garoto usa brinco numa orelha só, vai fazer tatuagem na semana que vem, em cima do bíceps, né. Para mostrar a tatuagem e fazer onda de musculoso para as garotinhas. Que quase desmaiam quando ele dobra a manga da camiseta e mostra seu braço definido.
O mundo é assim: Gira a cada segundo. Acompanhar o movimento é complicado, tem que ter jogo de cintura. Sendo original é que você não vai conseguir nada. De que adianta ser você mesmo, ter inteligência, se no final ela vai sair com o garotão que a deixa na porta em seu carro do ano?
É, meu caro, você perdeu para o pior. Porque você não é comum. Não é alguém banal. Você poderia mata-la ou cortar seus próprios pulsos. Mas isso ocorre em ciclos, milhares de vezes na nossa grande cidade. Relaxe, tome mais um gole, e aproveite. Pois essas suas roupinhas da estação sairão de moda muito em breve. Termine a noite relaxando. Você já está fodido mesmo...

Thiago Nogueira

domingo, julho 24, 2005

O troco

O filho da puta pensou que fosse escapar dessa ileso. Não se ameaça a mãe de alguém e fica impune. Ele disse: “eu vou comer sua mãe, seu porra!”

Fiquei pensando em que tipo de psicótico imbecil liga pra casa de alguém e fala uma merda dessas. Pois sim. Descobri o tipo.

Por conta de algumas paranóias e por conta dos ciúmes de minha mãe, colocamos em casa um aparelho identificador de chamadas. No mesmo segundo em que o idiota desligou, levantei da cama para ver de onde havia vindo aquela ligação. Com o número do telefone em mãos, liguei para a operadora da cidade.

- Rosângela, boa tarde.
- Boa tarde, Rosângela. Me informe o seguinte, por favor: se eu lhe der o número de um telefone haveria como você me fornecer o endereço da linha?
- Qual o número por favor?
Não pensei que fosse tão fácil.
- Posso ajudá-lo em mais alguma coisa?
- Não, obrigado.

Que coisa, não? Uma rua depois da minha. Liguei para um amigo. Lembro da hora exata em que vi o filho da puta no telefone, calça jeans, camisa amarela – muito feia por sinal – porque perguntei ao Fernando que hora era aquela. Há muito não ando com relógio, vêem? Estou sem relógio. Três e meia da tarde. Aquilo era hora de fazer ameaça? Trote, que seja. Um senhor já, cabelos brancos. Isso é coisa pra um homem dessa idade fazer?

Liguei pro Fernando porque poderia ser algum marginal e eu poderia precisar de ajuda. E ele sempre tem boas idéias, sensatas. Se fosse outra pessoa naquele telefone com certeza eu teria feito uma merda ali mesmo. Mas era aquele coroa. Eu o conhecia. Meu vizinho, porra. Como é que pode?

Fernando ainda me disse “ele tá aí agora, pode ter sido outra pessoa.” Mas não, não era. Eu sabia que aquele verme não prestava. Nunca fui com a cara dele. E a irmã dele então? Velha coroca. Falava com ela só por educação. Até sorrir eu sorria. Sorriso falso. Coisa boa isso de a gente poder fingir.

Aquela puta furou umas três bolas minhas quando eu era guri. Porra, a gente não podia brincar de bola na rua? Às vezes a bola caía na casa dela. Que custava devolver? Gente feliz não fura bola de ninguém. Aquela vadia tava era carente. Carente de uma boa vara. Velhos filhos da puta. Moravam todos juntos os desgraçados. A irmã e o irmão. Dois bastardos.

Pois sim. Pra encurtar a história, esperei anoitecer. O velho psicótico sempre saía à noite pra beber. Alcoólatra.

Ele estava voltando pra casa, lentamente. Me escondi atrás de uma árvore que fica algumas casas antes da dele. Quando ele passou pela árvore, ele nem viu quem foi que chutou sua muleta. Derrubei a outra e ele caiu no chão. Começou a gritar. Eu lembro de ter dito: “você vai comer a mãe de quem seu filho da puta?”, e atirei. Na cabeça.

Poderia ter fugido, mas sabia que alguém tinha visto ou ouvido aquilo. E realmente foi o que aconteceu, como vocês me disseram. Esperei vocês chegarem, e aqui estamos. Querem saber mais alguma coisa?



Rafael Rodrigues

Matutino

Quando eu estiver cansado de brincar de metáfora, jogar botão e descobrir minha cor preferida, irei me revisar em todos meus papéis. Para abrir um texto em branco e escrever pela primeira vez com minha sinceridade sendo a pauta principal. Então, contarei sem desculpas aquilo que vivi e todas as canções que usei.
Ao abrir meu coração perceberei de forma ampliada e revista se todos os preços que paguei compensaram a mais valia de suas dores.
No final, você descobre que se uma prostituta vende seu corpo, um artista vende seu coração. E nada mais correto, um dia, você demonstrar que suas memórias ainda são só suas.
Já tenho planos para escrever uma série de crônicas retratando todas as mulheres que conheci, não importando se no final as dores ou a falta de amor me levaram longe delas. Talvez algumas fiquem iradas pela tamanha sinceridade exposta, mas, já contei isso tantas vezes. Que junto no final dessa série de crônicas afetivas, devo listar cada texto que criei motivados pelos sorrisos ou pelas mágoas que elas me trouxeram. Para evitar também que tentem me desvendar de forma erronia, porque certas coisas precisam ter somente uma interpretação.

Depois de tudo pronto, irei sentar novamente, pegar uma bola e ir brincar lá fora com a metáfora que já estará mais crescida. Mas quem sabe, então, meu reino terá expandido por mundo agora.

Por enquanto eu sento em meu quarto, conto minhas histórias. Rio com meus amigos, amo por demais algumas maravilhosas mulheres que conheci e continuo a viver nessa expectativa. De um dia me cansar e me abrir com vocês. No mais, saibam que tudo isso seja talvez um sonho. E que ao acordar, as minhas palavras, serão também as suas.

Sinto cheiro de café e sinais de uma nova manhã.

Thiago Nogueira

sábado, julho 23, 2005

Brinco ou não brinco



É um belo dia de domingo quando o marido saudosista resolve colocar seu velho brinco no furo da orelha que nunca fechou lembrando dos tempos quando ouvia George Michael e colocava um Rayban(é assim que escreve) no rosto, aquele velho brinco de crucifixo e saia na sua Cg para as discotecas da cidade quando sua mulher o desperta de seu sonho:

"Minha Nossa Senhora! O que é isso na sua orelha Alfredo?", pergunta a esposa com espanto no olhar.

"É uma xícara, não tá vendo Camila?", responde o Alfredo, suspirando.

"Alfredo homem de Deus, o que o seu filho vai pensar se ver esse brinco na sua orelha?", ela questiona olhando vagamente para o teto do quarto onde jazia um lustre enfestado de teias de aranha.

"A mesma coisa que ele pensa quando vê os seus, um enfeite qualquer. E lembre-se, não sou homem de Deus, sou ateu!", ele responde abrindo os braços como se estivesse surpreso pelo escândalo.

"Claro, claro, por isso que dá a seu filho uma má educação. Tire isto antes que ele veja!", diz ela apontando o dedo.

"Pai! O senhor usa brinco, posso furar também?", pergunta o garoto entrando euforicamente pela porta, para o desespero de sua mãe que quase infarta na hora.

"NÃÃÃO!!", diz a mãe como que entrando em parafuso.

"Claro que sim!", fala o pai cinicamente.

"Joel, saia do quarto que preciso falar com seu pai!", fala a Camila apontando para a porta.

Joel sai cabisbaixo blasfemando alguma coisa e deixa seus pais discutirem em paz dentro do quarto.

Vinte minutos depois, ambos saem do quarto em acordo. Alfredo com uma cara de insatisfação e a Camila muito séria chama o garoto pra sentar e começa o discurso: "Meu filho, seu pai e eu chegamos à conclusão que você é muito novinho pra decidir pôr um brinco na orelha..." "Mas mãe, o Lucas tem um na orelha e um piercing na sobrancelha, todo mundo tem menos eu!!" interrompe o garoto com voz de choro, "Você não é o Lucas, você é o Joel e sua mãe não é uma liberal qualquer, somos uma família de católicos que presam pela tradição, o que o padre ia dizer? Minha Nossa Senhora!" fala a mulher bezendo-se e continua: "Quando você tiver maior vai poder usar e seu pai concordou de usar somente quando você completar seus 18 anos pra que você não tenha vontade" "Tá mãe! Se a senhora prefere que eu não use brinco enquanto a senhora continua falando mal da mãe do papai por trás, tudo bem! Não posso usar brinco, mas a senhora pode ser fofoqueira. Se não quiser que eu use brinco e o papai também não porque a senhora se importa com o que os outros falam, tudo bem também, eu continuo com personalidade e a senhora pode ficar com essa hipocrisia... se também quiser continuar ligando pras suas amigas do celular do papai quando ele não tiver vendo, isso não é roubo, é só pegar emprestado... quando quiser..." o garoto foi interrompido com uma nota de R$ 20,00 no rosto e lá foi ele feliz colocar o brinco com o pai.

No caminho o Alfredo comenta: "Sabia que um dia as aulas de Filosofia iam ter algum uso e que você iria me agradecer muito seu moleque! Agora, por que você não me contou essas coisas antes???"

Eduardo Leite

sexta-feira, julho 22, 2005

Póstmo

[Pato Fu - Agridoce]

Por que você às vezes
Se faz de ruim?
Tenta me convencer
Que não mereço viver
Que não presto, enfim

"Se eu fosse um crápula, um canalha, um desses caras que não valem nada, diria que foi exatamente assim. Diria que você me torturava, me testava, pra saber até onde eu iria chegar. Mas não, não vou dizer. Apesar de querer..."

Saio em segredo
Você nem vai notar
E assim sem despedida
Saio de sua vida
Tão espetacular

"Se eu fosse um crápula, um canalha, um desses caras que não valem nada, eu faria exatamente assim. Simplesmente. Difícil foi fazer o que fiz, ter dignidade, sair por cima, tendo razão. Apesar de você não merecer..."

E ao chegar lá fora
Direi que fui embora
E que o mundo já pode se acabar
Pois tudo mais que existe
Só faz lembrar que o triste
Está em todo lugar

"Se eu fosse um crápula, um canalha, um desses caras que não valem nada, eu diria que não foi assim. Mas foi. E não tenho vergonha de admitir. Mas eu caí e levantei. Pedi a Deus que o mundo acabasse e Ele não me ouviu. Ainda bem. Apesar de você querer..."

E quando acordo cedo
De uma noite sem sal
Sinto o gosto azedo
De uma vida doce
E amarga no final

"Se eu fosse um crápula, um canalha, um desses caras que não valem nada, continuaria afirmando isso. Seria uma inverdade. Hoje o gosto da vida, pra mim, é doce. O amargo talvez esteja reservado para outro alguém. Não para você. Apesar de merecer..."

Saio sem alarde
Sei que já vou tarde
Não tenho pressa
Nada a me esperar
Nenhuma novidade
As ruas da cidade
O mesmo velho mar

"Se eu fosse um crápula, um canalha, um desses caras que não valem nada, diria que isso é verdade. Mas não, não é. Há algo me esperando. Algo maior e melhor. E no fim das contas, desejo o mesmo a você. Apesar de não merecer..."


Aspas por Rafael Rodrigues

quinta-feira, julho 21, 2005

Amor primeiro

Quando se conheceram, ainda na época do colégio, eles não faziam a mínima idéia do que aconteceria nos anos seguintes. Com dezessete anos, simplesmente viviam um dia após o outro, pensando sempre no futuro. As conversas entre eles geralmente eram sobre seus sonhos. Planejavam viagens, carreiras, amores. Ansiavam pela entrada na faculdade e por sua conclusão, antes mesmo de conseguirem boas notas para terminarem o segundo grau. Colocavam o futuro em primeiro lugar e esqueciam-se de cuidar do presente.

Passaram-se os anos e eles continuaram os mesmos. Planejavam casarem-se juntos, em homenagem à amizade colocariam o nome um do outro em um dos filhos que eles teriam, trabalhariam juntos... Enfim, falavam de futuro. E o futuro – como dizem por aí – “a Deus pertence”. E eles se afastaram.

Muita coisa aconteceu em suas vidas. Foram sete anos distantes um do outro. Durante esse período falaram-se, certamente. Alguns telefonemas e emails. Nada comparado àqueles cinco anos que passaram juntos no colégio e na faculdade em que eram feitos “unha e carne”, como também dizem por aí.

Acontece que a vida nos prega muitas peças. E não se sabe por quê nem se pode explicar, o fato de depois de tanto tempo seus caminhos novamente se cruzarem.

Encontraram-se por acaso num show de rock. Conversaram bastante. Lembraram do tempo que passaram juntos no colégio e na faculdade, dos planos que faziam... O assunto era o passado. E como uma noite apenas não bastou para eles, marcaram um encontro dias mais tarde.

No dia marcado, lá estavam eles. Novamente o passado em pauta. Acompanhado do presente. O futuro não era mais assunto. Aprenderam a lição de que por mais planos que se faça, por mais que se lute por algo, as coisas muitas vezes não acontecem da maneira planejada.

Falando do que já passou, ele comentou o quanto a amou na época da faculdade e nunca se deu conta. Quando percebeu, ela já estava longe e ambos com outro alguém. Ela ficou surpresa. E disse o mesmo. Mas não havia como ficarem juntos. Ela fora morar em outra cidade e ele estava namorando.

“É engraçado” – ele disse. “Imagine se tivéssemos namorado naquela época. Será que estaríamos juntos até hoje?” Ela não soube responder.

“Eu sempre imaginei que não fôssemos além da amizade. Doeu quando vi você longe de mim e dentro do meu coração. Foi um sentimento imenso de frustração.”

A esse comentário, ela disse: “E hoje? O que você sente hoje?”

...

O amor se esconde nos lugares mais recônditos. Nada pode apagá-lo. Pode-se perder um grande amor e viver tantos outros. Mas um grande amor jamais é completamente esquecido. Por menos barulho que faça, por mais que não se manifeste, ele está lá. E o amor daqueles dois ainda estava vivo. Batendo. Pulsando.

E o futuro? A Deus pertence.


Rafael Rodrigues

quarta-feira, julho 20, 2005

Gertrudes - Parte III, Toma o doce!



Os mais místicos dizem que naquele dia o capeta abraçou a Gertrudes e disse: “Tu é minha!” e a garota pirou da cacholinha. Cortou relações com as amigas e foi para a casa da tia no estado ao lado. Passou a malhar 3 h por dia, pela tarde e caminhar 1 h pela manhã, fora a dieta regradíssima de pouco mais de 300 cal por dia e muita água. Quando perdeu os 20 kg necessários para fazer a redução de estômago, fez várias lipos, tirou os aparelhos, colocou lentes, entrou pra Wicca e passou a tomar conselhos com sua prima, conhecida como “a pistoleira do meio-oeste”.

Gertrudes voltou para a cidade, estava lindíssima e irreconhecível. Foi para as baladas da cidade, e como ninguém sabia quem ela era, era tida como a “carne fresca” do local. Dançou a noite inteira, chamou muitos garotos para dançar com ela e a maioria após dançar colado no pescoço dela, saia chorando para fora da boate, uns se matavam, outros não queriam mais saber de mulher e alguns iam para seminários se tornarem padres, Alberto fora o único que tivera alguma esperança dessa garota, mas não conseguiu nada, só deu seu telefone a ela.

Suas amigas souberam que era ela quando viram seu pai a buscando na balada mais tarde e no outro dia a procuraram. Elas foram perdoadas e voltaram a ser mais amigas que nunca, agora que não tinham mais vergonha de sua amiga que passara de 110 para 50 kg e que de longe era a mais bonita das 5.

Satisfeitas com o “retorno de sua nova amiga”, organizaram uma viagem para as praias do sul do estado, 2 semanas após a balada que Alberto reencontrara Gertrudes(sem saber que era ela, é claro), e ela finalmente ligara após tantos dias de espera da parte dele, fora chamado para a viagem e saíram todos com suas barracas de camping rumo ao fim de semana perfeito.

Na segunda-feira saiu nos jornais do estado e até saíra num quadro do Jornal Nacional a história dos 9 jovens encontrados mortos, esquartejados e desfigurados dentro das barracas, com os caninos faltando. Desconfiavam de algum tipo de ritual de magia negra, ou de algum psicopata de M.O. bastante doentio. O corpo da Gertrudes havia sumido, ela jamais seria vista novamente. Diz a lenda que ela mudou-se para o Havaí e passa seus dias deitada numa rede em frente à praia com um colar de dentes no pescoço. Uns dizem que ela casou-se por lá mesmo e abriu um SPA, outros dizem que ela fora seqüestrada realmente e encontra-se casada com o seqüestrador, alguns ainda levantam a hipótese dela ter ido para a Itália, onde morreu 3 anos depois, 130 kg mais pesada.


Ps.: Foi baseado em fatos reais, portanto cuidado ao aceitarem dinheiro para beijar gordinhas com força de vontade e que andam com o capeta...


Eduardo Leite

terça-feira, julho 19, 2005

Literariamente falando 2 (espero que seja a parte final)

O rapaz da Veja ataca novamente. E dessa vez de graça, por nada. Ferindo pessoas sem necessidade. Prejudicando quem está labutando por um espaço. Sabem como é difícil sair do nada e ser alguém? E ainda ter um algoz pronto pra pisar, jogar terra e impedir de você sair do buraco?

Então.

Quem puder, leia a Veja da semana passada e a desta semana. Lá nas últimas páginas, matérias sobre literatura. Já falei do conteúdo da última semana e agora falo da atual. O Jerônimo, que já havia tecido comentários maldosos sobre o Literatura Urgente, agora focaliza suas palavras malignas em Marcelino Freire e em João Filho, amigo querido que conheci em Salvador e escritor competente.

Pois me deu vergonha de ler aquilo. Senti a vergonha que Jerônimo Teixeira deveria ter sentido. E a vergonha que os editores da Veja também deveriam ter sentido quando deixaram aquilo ser publicado. E resolvi desabafar e mandei alguns dizeres à aredação da revista.

Se lerão, não sei. O Marcelino fez melhor. Mandou uma carta ao editor-chefe, Mário Sabino. E espero que venham as desculpas. E espero que tenham consciência. E espero que não façam mais isso com outro alguém.

Abaixo, meu desabafo. Leiam a carta do Marcelino em www.eraodito.blogspot.com

" 'Sobre "Revelações de Parati'

É vergonhoso abrir a Veja e ler uma reportagem desse calibre. Jerônimo Teixeira pelo visto só se importa em denegrir a imagem e a arte produzida por alguns escritores que mal algum lhe fizeram. Aliás, mal algum fizeram a alguém. A FLIP tem revelado sim grandes e bons escritores. Marcelino Freire tem uma prosa ímpar no país. João Filho também. E são pessoas incapazes de algum tipo de baixaria. As palavras escritas por Jerônimo Teixeira e publicadas na Veja desta semana se encaixam perfeitamente a esse adjetivo: baixaria. É um golpe baixo. Conheço os dois escritores citados, o primeiro virtualmente e tive o prazer de passar horas conversando com João Filho em pessoa e sei o quanto cada um penou pra chegarem onde estão. João, que é do interior da Bahia, está morando em Salvador de favor, buscando um emprego que o sustente e sustente sua família. Foi convidado da FLIP deste ano, e se não fosse isso, não iria a Parati. Jerônimo Teixeira talvez não saiba desses fatos. Não é pra sentir pena. É pra sentir orgulho de um homem que veio do nada e escreveu um livro que foi aclamado quase que em unanimidade. Pena a Veja permitir ataques desse tipo a dois escritores que estão mostrando seus talentos e ajudando os novos, como fazem Marcelino e João. Será um prazer ligar para vocês e cancelar minha assinatura. Sem mais, Rafael Rodrigues.
"

Rafael Rodrigues

*
Em tempo: João Filho está tranquilo, e diz que essa coisa toda talvez seja até benéfica, "é propaganda inversa", palavras dele. Está em Bom Jesus da Lapa. Foi ver a família, já que estava na FLIP. E antes estava em Salvador, tentando encontrar um emprego. Vida longa ao João e tudo de bom, porque ele merece!

3 Vozes apresenta... Moska

Certo que esse homem não precisa de apresentações nenhuma. Paulinho Moska ou simplesmente Moska se apresenta por si próprio. Não só em sua maravilhosa escrita como em sua melodia sempre inovadora.
Essa semana o 3 Vozes interrompe a secão dos convidados para mostrar aos nossos leitores um texto fantástico contido no album "Eu Falso Da Minha Vida o Que Eu Quiser" na última faixa do disco logo depois da canção "Vênus".
Para quem não o conhece, as vozes indicam como um dos melhores músicos atuais. A cada novo cd a musica de Moska evolui. Mostrando não só um retrato do próprio autor como de nós mesmos. Semana que vem a seção dos convidados está de volta. Nesta semana saboreiem "Do Amor".

Do Amor

Não falo do AMOR romântico, aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento. Relações de dependência e submissão, paixões tristes. Algumas pessoas confundem isso com AMOR. Chamam de AMOR esse querer escravo, e pensam que o AMOR é alguma coisa que pode ser definida, explicada, entendida, julgada. Pensam que o AMOR já estava pronto, formatado, inteiro, antes de ser experimentado. Mas é exatamente o oposto, para mim, que o amor manifesta. A virtude do AMOR é sua capacidade potencial de ser construído, inventado e modificado. O AMOR está em movimento eterno, em velocidade infinita. O AMOR é um móbile. Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo? E como impedir que a imagem sedentária e cansada do AMOR nos domine?

Minha resposta? O AMOR é o desconhecido.

Mesmo depois de uma vida inteira de amores, o AMOR será sempre o desconhecido, a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão. A imagem que eu tenho do AMOR é a de um ser em mutação. O AMOR quer ser interferido, quer ser violado, quer ser transformado a cada instante.

A vida do AMOR depende dessa interferência. A morte do AMOR é quando, diante do seu labirinto, decidimos caminhar pela estrada reta. Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos, e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim. Não, não podemos subestimar o AMOR não podemos castrá-lo.

O AMOR não é orgânico. Não é meu coração que sente o AMOR. É a minha alma que o saboreia. Não é no meu sangue que ele ferve. O AMOR faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito. Sua força se mistura com a minha e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu como se fossem novas estrelas recém-nascidas. O AMOR brilha. Como uma aurora colorida e misteriosa, como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, o AMOR grita seu silêncio e nos dá sua música. Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do AMOR, se estivermos também a devorá-lo.

O AMOR, eu não conheço. E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, me aventurando ao seu encontro. A vida só existe quando o AMOR a navega. Morrer de AMOR é a substância de que a Vida é feita. Ou melhor, só se Vive no AMOR. E a língua do AMOR é a língua que eu falo e escuto.

Moska


Percepções e Decepções

E eis que agora, nos encontramos aqui
No meio desse tudo enquanto a vida vai passar
Minhas vontades já se foram há muito tempo
Vejo que é a hora de contar lhe o porque

Meu ego é do tamanho do meu cinismo
O erro cometido foi cair no abismo
De um amor que você nunca me deu.
(Diga se por acaso mentir)

Mais é isso que acontece
Quando se brinca com marionetes
Era você quem me guiava
Eu caí quando cortaram os fios

Pois quando comecei
Inventar que te amava
Percebi sem perceber que perdi você
Pra você mesma

Dois viraram só um,
um deles foi embora
Só restou a solidão.
E tudo o que vejo é
Percepção e decepção

Entre uma amizade inacabada
E uma vida tão vazia
Peço, por favor, que deixem sozinho
Sem ninguém

E diga logo se nosso beijo será nessa estação
Pois nada mais me abala depois de tanta
Percepção e Decepção

Quantas palavras cruzadas você ainda vai fazer
Pra admitir que ainda quer me ver no seu retrato?
Ou vai esperar lendo um final de um romance triste
Que eu bata na sua porta e te leve aonde você nunca foi?
(Só pra dizer que foi o Destino que me trouxe até ali?)

E me diga se nesse tabuleiro existirá alguma razão
Na minha porta bate alguém e só pode ser
Percepção e decepção

Meu silencio abafado de nada chama sua atenção
Pois você é uma daquelas que vive assim tão distraída
Fique quieta e olhe dentro dos meus olhos
Se eles não disserem o que há aqui
Digo adeus e me despeço...

O tempo diz que daqui a pouco
A sombra trará a escuridão
E tudo que jogam em mim agora é
Percepção e Decepção

E se eu te disser que vou ficar
e te dizer como se diz eu te amo
O que você faria?
Continuaria a balançar em sua cadeira?
ou andaria em câmera lenta ao lugar que eu me encontro?

Se você foge até daquilo que eu não pude ainda perguntar
Imagino, no final, o que irá dizer
Que tudo isso que foi dito é bobagem
E que mais uma vez eu fiz de tudo pra fingir que sou feliz

No Final a seta que se move
Irá em meu coração
E tudo que eu vejo
É percepção e decepção

O telefone mudo em uma tarde vazia
O silencio me abala

(Percepção e Decepção)

A porta que não irá abrir
Um suspiro para o alto

(Percepção e Decepção)

Tudo que me abençoa
Minha própria maldição

É hora do silencio
Percepção e Decepção

Thiago Nogueira
(01/07/04)

Esboço

Imaginemos que todos aqueles que se dizem escritores se tornarem escritores realmente. Isso seria bom ou ruim?

Eu escrevo e tenho vontade de ser escritor. Não apenas isso. Também. Quero fazer outras coisas por aí. Mas vamos lá. Como eu, existem milhares. Escrevendo em blogs, revistas, jornais, sites, fanzines, enfim, em qualquer lugar. Todos à procura de um lugar ao sol. E volto à pergunta inicial.

Não acho que tenha talento suficiente para dizer que sou escritor. Estou tentando alcançar o mínimo de habilidade possível. Talvez um dia possa dizer isso: "sou escritor", mas agora não. Preciso labutar por muitos anos ainda.

Leio blogs de gente como eu e comparo os textos. As conclusões que tiro prefiro não dizer - vão me achar narcisista demais. Digo apenas que tem muita porcaria por aí.

Como me disse esses dias o Caco Belmonte (podem visitar o blog dele clicando no link aí do lado), ser escritor é fácil. Difícil é publicar um livro. Eu poderia perfeitamente abrir a boca e dizer que sou escritor apenas porque escrevo ficção e "publico" num blog. Mas não é isso que faz alguém escritor.

O que faz alguém escritor é a qualidade dos seus escritos. É a humildade de dizer que ainda não está bom, e a perseverança de buscar sempre o melhor.

Fui profundo. Mas foi sem querer. Um dia escrevo melhor sobre esse assunto.

E acabei não respondendo à pergunta. Eu acho que seria ruim, justamente por haver muita porcaria sendo escrita. E tem gente escrevendo porcaria e ganhando com e para isso. Eu já li tanta besteira. E tem editora que banca publicação de tanto livro ruim. Mas enfim, lamentações.

Rafael Rodrigues

segunda-feira, julho 18, 2005

Um Violão, Meditações e o Pop

Depois de uma noite de sono estranha, achando que tinha perdido para sempre os dados de meu computador. Levantei deveras bem. Acessei alguns sites e vi uma foto que de repente me inspirou a pegar o violão. Tocar exatas 3 notas e iniciar a uma frase musical.
Com um ritmo empolgante quase de musica pop, comecei a cantarolar algumas frases para tentar unir essa melodia e progredir com a frase inicial que tinha pensado.

Estou agora com violão em punho escrevendo ou ao menos tentando escrever uma canção. E pela primeira vez me ocorre o oposto. Com uma simples melodia pronta alguns segundos antes inicio a produção de uma letra que encaixe dentro dela. Normalmente sempre faço a letra e tento achar uma certa musicalidade para ela.

Ocorre agora que estou achando a música de certa forma "pop" demais, e entro em um dilema inédito para mim como "escritor". Como escrever alguma coisa ao mesmo tempo simples e tão bela? Que seja sim, pop, mas que não seja vazia por fora?

A resposta dessa pergunta. Talvez sairá em breve. Se escrever essa canção, ela aparecerá aqui em breve. Se não. Será mais uma idéia guardada para o futuro.

Thiago Nogueira

domingo, julho 17, 2005

Para Ver

Num fundo da cidade
Em um beco de avenida
Nasce o sol a esperar.
Vive em algum lugar.

E nesse meio tempo.
Meia brisa. O segundo sol.
Sai de seu lugar pra me buscar.
Para ver.

Quanto tempo se passou?
Desde a ultima vez que o tempo se passou
Já que nada é só a gramática.
E não há mais porque dizer porque

Faço as malas de mim mesmo e vou embora
Tranco a porta e jogo fora todos meus desejos
Toda a roupa voa da sacada
Que é pra não me ver em velhos sortimentos

E lá se vai pro inferno a chave desse nada
É só um lago de profunda natureza
Espelhos que só exibem farsas
Da valsa retratada de todos meus anseios

Espelho. Espelho meu também esqueça minha cara
Já está velha e reprovada
Preciso morrer nessa temporada
E só voltar se fica bom o tempo.

Chove chuva desvairada.
A molhar todo meu texto.
Minha barba já está cansada.
De ser podada a cada nascimento.

E eu vou. Subindo lado a lado.
E eu sou. Cada lágrima de sangue num poema.
E eu quero. Ver a idade do céu da terra
Eu não posso. Mas ficar sem ser assim
E eu fujo. Da espera preocupada.

Num centro desse vale anunciado
Meia luz. Minha meia vida.
Tira as folhas desse cabelo.
É só poeira comedida.

Respira e sente o mar da terra.
Veja aqui o que não senti.
A brisa nessa casa.
Um perfume deja vu.

No trem que ruma dessa porta
Leva o espaço como um beijo
Quem teme o fim dessa balada
Se perde mais do que meu tempo

E eu vou. Morrendo em queda livre
E eu sou. Cada pássaro que cai do céu.
E eu quero. Visitar o segredo do mundo.
Eu não posso. Deixar que meu rosto leve um tapa
E eu fujo. Por não mais saber

A mais de mil por hora
Só penso no vento arrancando meus cabelos
Do tempo passa a hora
Mergulhar no coração. Sem medo.

Thiago Nogueira
(05/10/03)

*A versão apresentada é a
segunda versão da musica,
modificada em (27/06/04)

Literariamente Falando

É como eu dizia: veja bem, estamos em uma época tão conturbada que poucos veículos de informação merecem algum tipo de credibilidade. Isto é, se algum ainda merecer. E não falo apenas dos jornais do Brasil, ou de suas revistas. Em todo o globo a situação é a mesma.

Estava escrevendo um texto que começava mais ou menos dessa maneira, e aí perdi. Falta de atenção minha, tempo esgotado de logado no blog. Paciência.

Escrevia eu sobre o movimento Literatura Urgente e sobre uma matéria relacionada ao movimento que saiu na Revista Veja dessa semana. Matéria é modo de dizer. Foi um ataque.

Tentarei explicar rapidamente o que é o movimento: quase 200 escritores se reuniram para solicitar ao governo mais investimentos na literatura. Sim. Por que não? Um país que lê e lê bem se desenvolve. E que país é esse que não tem leitores? É necessário sim. Investimento = verba = grana. Ninguém quer mamar nas tetas do governo, mas é o que andam dizendo por aí.

Dentro dos quase 200 autores envolvidos estão renomados escritores brasileiros. E eles não precisam do dinheiro público para sobreviver. Vivem de seus trabalhos, colunas em revistas e jornais e de seus direitos autorais, ora essa.

Tá pensando que ser escritor no Brasil é maravilha? Tenta ser. Vai lá, ó autor de tal matéria absurda. Publicas um livro com teus escritos e verás como é. Aliás, tenta publicar.

Leiam mais em www.eraodito.blogspot.com do amigo querido Marcelino Freire que foi citado na tal matéria, em www.eduardorodrigues.com.br no qual o Eduardo Rodrigues lançou palavras sobre o assunto e também em www.literatura-urgente.com.br , site oficial do movimento, onde o Ademir Assunção destruiu a matéria da Veja.

E mais não digo. Abraços!

Rafael Rodrigues

sábado, julho 16, 2005

Gertrudes - Parte II, Segura Negão!



O Alberto já estava arrependido e pensou, “Se vou beijar esse dragão, que pelo menos eu esteja alcoolizado, assim pelo menos eu esqueço” e passou a tomar uísque, que inclusive não gostava até o momento. Após 40 minutos de “papo furado” sobre metafísica, anti-matéria, socialismo utópico e 12 drinques acompanhados de vários hmruns Alberto puxou-a para mais perto e tascou-lhe um beijo daqueles que puxaria até a bílis se ela não tivesse já comido. Até que depois de todas as doses, ele até que gostou do beijo e continuou lá até que caiu no chão, entregue às baratas, para o desespero da Gertrudes que estava implorando por bis. Seus amigos o socorreram e levaram pra casa com a desculpa de que amanhã ele a ligaria.

Alberto não ligou nos próximos dias, como já fazia faculdade mesmo e a Gertrudes não saia pros mesmos lugares que ele (suas amigas jamais pagariam esse mico), eles não se viram desde então, mas suas amigas não esperavam que ela ficasse tão melancólica. Havia dias que não comia direito, perdera até 5 dos 60 kg que precisaria perder pra ficar em forma e havia ganho olheiras imensas, além de não sair de casa por nada no mundo.

Suas amigas sentiram-se bastante culpadas, queriam dar um gostinho a ela e acabaram por derrubar a garota completamente, então resolveram contar-lhe a verdade, e contaram.



Ainda continua... esperem pela parte final!



Eduardo Leite

1 + 1 = 1

Era uma noite escura - é certo que todas as noites possuem sua própria escuridão, mas ele gostaria de lembrar dessa especialmente. Seu olhar tentava encontrar o dela, perdido em algum lugar entre o espaço e o chão.
Ainda relutante, ela o deixou segurar sua mão. Todos os outros estavam inquietos.
- Meu bem, olhe para trás por um momento. Você está vendo toda essa gente? - Ela viu que havia muito mais do que ela poderia imaginar. - Sim, quem nós conhecemos e talvez alguns que só ouviram a nossa história. Sabe o que todos eles fazem aqui?
Negou com a cabeça sem dizer nenhuma palavra. Não parecia um diálogo. Só ele falava. Palavras que ela tinha gostado de ouvir mas que mesmo assim a impedia de se comunicar.
- Eles estão aqui por nós. Eu e você. Torcem por nosso amor. Pois sabem o quanto existe algo que nos cerca. Todos eles aguardam, ansiosos que tudo dê certo para talvez eles celebrarem conosco.
Ela não permaneceu quieta por mais tempo e pela primeira vez naquela noite, pôde ver a força que existe dentro daqueles olhos.
- Talvez seja muito mais que isso. - E logo depois de cessar sua última sílaba, os olhos iam de encontro com o horizonte.
- Ainda cabe a nós. Mas acho que muitas pessoas vão ficar tristes com tudo isso. Veja eu e você. Parece que nosso inicio já está sendo o fim. Me sinto levemente desconfortável.
"Não se sinta", disse. Mas era impossível não sentir. Mesmo estando ao lado dela. Aonde gostaria de sempre estar.
Ele olhava para trás e encontrava olhares de esperança. Como quem vê de fato um filme e espera a cena final. Talvez todos que estavam lá aquela noite soubessem muito mais que ela, o quanto toda a cena, se vista como em um filme na tv, parecia tão verdadeira. Mas apesar de todo aquele público, não havia espetáculo algum. Era só mais um dia em suas vidas. Mais um amor na vida dos dois e talvez mais um sentimento amargo que ficaria guardado para sempre no peito dele. Quanto ao peito dela, talvez - e a sombra da dúvida era o que realmente o angustiava - ele nunca poderia saber o que realmente se passava, mesmo esperando que ela fosse se abrir um dia.
A noite acabou de forma inesperada. Demorou algum tempo para a multidão ir embora. Alguns se lamentavam de verdade e concordavam com alguns comentários que circulavam naquela noite: "Eles formariam um grande casal". E iam, cabisbaixos, deixando o local.

Thiago Augusto

sexta-feira, julho 15, 2005

Terra, sangue e lágrimas

Lembro que costumava brincar bastante quando criança. Tive bonecos de uma porção de heróis, pistolas espaciais, espadas do Lion dos ThunderCats e do He-Man também.

Cinto do Kamen Rider, máscara do Jaspion, enfim, um monte dessas coisas.

Jogava bola com os amigos, saía para andar de bicicleta. Atividades essas que regularmente me deixavam com marcas e machucados. Não faço idéia de quantas vezes cheguei em casa sujo de terra, sangue e lágrimas.

Mas era bom. Não precisava levar nada a sério. O colégio era fácil demais. (Relendo essa última frase e pensando melhor nela, me sinto no dever de tecer o seguinte comentário: talvez o colégio não fosse fácil demais. Acho mesmo é que eu fui perdendo a inteligência que herdei com o passar dos anos. De excelente em tudo, tornei-me um medíocre. Mas enfim, a lamentação é outra.) Eu era mais bonito. Namorei duas irmãs ao mesmo tempo. Eu, com seis ou sete anos de idade, era um tarado. E nunca me dei conta disso.Ninguém deu. Nenhum garoto de seis ou sete anos é um tarado. No máximo ele é “danadinho”.

Eu ia pra escola de manhã, fazia meus deveres à tarde e ficava até à noite brincando, vendo tv, recebendo paparicos.

Sempre vinha alguém visitar. Sempre alguém trazia presentes. Sempre havia amigos para aprontar por aí.

Hoje as responsabilidades aí estão. Faculdade, trabalho, contas a pagar. Dar exemplo aos irmãos mais novos. Ser um homem decente. Me esforço para honrar minhas obrigações, mas em certos momentos, tudo o que gostaria de fazer era sentar no meu velho quarto – que não existe mais – e montar o meu lego – que também não existe mais.

Talvez eu não exista mais.

Mas isso é apenas um detalhe. O que eu gostaria mesmo é de não levar as coisas tão a sério. De não PRECISAR levar as coisas tão a sério. Mas o fato é que não há mais escapatória.

Estou ficando velho e não há como escapar do tempo.


Rafael Rodrigues

quinta-feira, julho 14, 2005

Siguinte!


Vou explicar como as coisas funcionam pra que depois você não cobre de mim, ok?
Eu defendo a humildade e tolerância, mas qualquer opinião fora do meu âmbito, já está descartada, entende?

Sou intelectual sim, quando quero... se der na telha eu rasgo o verbo, mas se você fizer isso na minha frente... ahh! Ai de você!

Sou sensível, melancólico às vezes, depressivo sempre... é um estilo de vida, a tristeza completa minha depressão que me realiza, um ciclo vicioso que não tenho a mínima intenção de extingüir.

Posso me exilar, me enclausurar até, mas se por um acaso você não atender meu telefonema! Ai ai! Nem vou mais ameaçar.

Entenda meu lado, não quero ser esquadrinhado, nada de me analisar, isso sou eu quem faço. Eu que aponto os teus defeitos e te acuso impiedosamente de qualquer erro, mas tenha dó de mim. Veja o meu lado, cansei de sofrer e os seus problems nem chegam aos pés dos meus.

Também sou descolado, vivo na moda! Sei cada gíria de cada capital, as mais maneras é claro, nada piegas. Piegas são aqueles de quem falo... se passa aquele manezão com algo que possa me causar um sentimento apenas de transferência, uma pontinha de inveja... acabo com ele na hora e ninguém jamais suspeitará dos meus verdadeiros pensamentos.

Se alguém não me quer, ele(a) que foi rejeitado por mim, o que causou a aversão a mim foi premeditado por mim... não ando por aí com qualquer um(a), nem sou deixado, eu que deixo, SEMPRE!

Achou ruim o que falei? Disse o seu nome? Não, né? Se a carapuça serviu, o problema é seu. Falo o que quero, o que penso, mas se você tentar me atingir eu baixo o nível, porque eu nunca perco.

Vou até fingir que gosto de você, sabe o que é? É que no momento preciso de você... acho que tou a fim de um(a) amigo(a) seu. Ah! É que não tenho mais amigos, só você quem sobrou... É que você quem mora mais perto de mim. É! Sua grana também conta, mas não se preocupa que quando não precisar mais de você jamais vai me ver de novo.

Tá achando que sabe quem eu sou? Sou mais íntimo do que você imagina rs. Não finja que não sabe do que eu tou falando... isso, pense... Não! Não! Não! Idiota...
Eu sou você!



Eduardo Leite

quarta-feira, julho 13, 2005

Sem título

Sexo, para mim, tem que ser feito com amor. Quando era mais jovem, assistia meus amigos irem a casas de putas e pagarem para transar. Eu não conseguia crer nas histórias que ouvia depois. Todos muito animados, dizendo que fizeram e aconteceram. Eu no lugar deles me envergonharia. Pagar por sexo? E fazê-lo sem sentimento algum? Não entra em minha cabeça.

Talvez eu seja romântico demais. Mas o sonho de minha adolescência sempre foi o de encontrar uma mulher que me completasse, e a ela eu me entregaria. Melhor ainda se o desejo dela fosse semelhante ao meu: encontrar um homem que a completasse e entregar-se a ele.

Tive a felicidade – que depois se tornou infelicidade – de realizar esse sonho. Encontrei a pessoa perfeita. Ficamos juntos por algum tempo. O sexo era maravilhoso. Era feito com amor. Mas as coisas mudam e nada é para sempre. Ela foi embora e eu fiquei só.

Essa minha posição radical na questão “pagar por sexo” pode ser um trauma. Posso também ser um dos poucos homens que ainda têm algum compromisso com a sua própria honra. E com a honra dessas pobres mulheres que precisam desse dinheiro para sobreviver.

Pode ser também algum tipo de complexo, pois não sou muito diferente delas. Fiz minha faculdade, sou formado em administração. Mas aqui nessa cidade, as coisas não andam fáceis. Passei mais de um ano procurando emprego. E nada.

Agora que sou ator de filmes pornôs, com certeza não vou conseguir atuar como administrador. Estou pensando em montar meu próprio estúdio daqui a mais alguns meses. Espero que dê tudo certo.


Rafael Rodrigues

terça-feira, julho 12, 2005

3 Vozes convida... Mauro Castro

* O 3 Vozes Convida desta semana é no mínimo original. É, na verdade, uma recusa ao convite. Bem, talvez “recusa” não seja a palavra correta a ser usada. “Impossibilidade momentânea”, utilizaremos esse termo. O ilustre convidado foi chamado por conta das boas histórias contadas no seu blog. Engraçadas, tristes, reais. Topou imediatamente, mas depois percebeu que as obrigações do dia-a-dia tomavam-lhe quase todo seu tempo. E o convite precisou ser colocado de lado.
Depois de um tempo sem contato com o Mauro, resolvi mandar-lhe um email, lembrando que quando tivesse o texto pronto, me enviasse, para ser postado. E eis que ele me manda uma resposta sensacional e sincera. Literatura. Para vocês verem que literatura não é só aquilo que é publicado e chamado de romance, conto, novela ou crônica. É também uma carta, um email, uma frase rabiscada ao léu.
E é este email que vocês lerão. Sem cortes, sem edição. Correção não foi necessária. O cara manda bem demais. Façam bom proveito. E acessem seu blog, vale muito a pena.


"Caro Rafael,
Sei que estou em dívida com o 3 Vozes, que estou devendo um texto e tal, mas a coisa tá preta, meu velho. Fico lisonjeado, mas tenho, infelizmente, que declinar do convite para postar alguma história no teu blog.
Tenho até me esforçado, paro às vezes diante do computador, um novo documento do Word em branco desafiando minha falta de vontade. Aquele tracinho piscando, como que o monitor em branco balançasse a bunda para este escritorzinho de meia tigela, e eu, intimidado, acabo deixando pra lá.

Muita falta de tempo e excesso de preguiça. Minha filha passa me convidando para jogar bolinha de gude e eu vou: exige menos dos neurônios, sabe cumé.

Tenho pensado em relatar uma velha passagem de minha infância, de uma primavera longínqua perdida na velha Viamão, onde nasci. Da vez em que peguei um pincel e um resto de tinta acrílica que sobrou da pintura de um paiol, e pintei os cílios da égua Moura, a mais linda égua do meu avô.
A Moura ficou linda com os cílios verdes, uma beleza. No outro dia fui acordado a golpes de cinta, uma surra que nunca mais esqueci, pois a égua acordou e não conseguiu mais abrir os olhos colados pela tinta. Putz, a primeira surra a gente nunca esquece, Rafael.

Mas é uma longa história, cheia de detalhes, e, tenho que confessar, não tenho paciência para os detalhes, cara.

Tem também o caso da igreja, da época que tocava com o grupo musical da paróquia perto da minha casa. Minha devoção era pouca, mas meu apetite pela garota do violoncelo era enorme, tu sabes, né? Adolescente, tocava teclado às sextas com um pessoal barra-pesada e domingo na igreja, pra ver minha violoncelista. Ocorreu que lá pelas tantas, em um daqueles hinos sacros cansativos tinha uma passagem que pedia um algo mais do teclado, sabe cumé? Um acorde sétimo maior. Estava um pouco entediado e resolvi enfiar ali uma escala de blues, tipo Little Richards. Ficou uma beleza, colorido, mas senti que causou um certo mal estar. Um leve frêmito nos terços, um desviar de olhos... O pessoal do grupo musical adorou, quase riram, mas o padre, bah. A música deu a volta e o tal compasso veio chegando novamente. O pessoal do grupo me controlando, angelicais, queriam que eu fizesse novamente. Não tive dúvida, aumentei alguns decibéis o teclado e meti a tal escala de Blues no novamente. Agora bem arregaçado mesmo, todo torto, como fazia lá na minha banda bagaceira.

Rapaz, pra te encurtar a história, fui expurgado pelo padreco que engasgou com o vinho e tudo, quase caiu do altar.

Histórias... tem que ter tempo, tu sabes Rafael, tu escreve, tu sabes. Ainda mais com uma guria de 10 anos pedindo para pular corda na praça. É fogo.
Mas um dia te mando algum texto decente, prometo. Por enquanto fica o convite para aparecer quando em vez lá no Taxitramas, que eu vou no 3 Vozes, combinado?Há braços!!"


* No seu blog, TAXITRAMAS, Mauro Castro - que mora em Porto Alegre, Rio Grande do Sul - se apresenta da seguinte forma: “Taxistas são terríveis: reparam em tudo! Alguns, o que é pior, ainda escrevem na Internet”.

Retrato De Um Artista

* Para ler ouvindo: Pink Floyd - The Great Gig In The Sky

"She’s not a girl who misses much"
John Lennon - Happiness is a warm gun
in White Album


Olhem para mim. Eu que já enchi casas completas. Fui a atração principal durante muito tempo. Estive nos corações amados e queridos.
Vejam só aonde fui levado. Estou só e não sei porque tal solidão. Fui banido de meu circulo sem motivo algum.
Ainda me lembro de certas... Certos retratos que não consegue desaparecer de minha mente. Como eu tinha sonhos, com amigos que sempre me rodeavam. E amores. Ah, os amores. Que se antes tinha o frescor de uma rosa, hoje tem a frieza de um punhal.
Sei que continuo jovem. Mas o sabor de antes não é o que provo agora. Sinto um gosto acre em minha boca. E dentro de meu peito meu coração tenta sobreviver de circunstâncias.
Qual foi o erro que verti para chegar aonde não quis estar? Porque voltei a andar despercebido por seus olhos que fingem que ainda não sou o teu artista.
Mal conseguia me locomover nas ruas. Garotas chamavam pelo meu nome e os garotos queriam saber de onde eu tirava tanta inspiração. Mas tudo, de repente, acabou-se.
Minha memória jovem se ausenta por alguns instantes e não acha razão alguma para tudo ter sido perdido. Eu trazia meu melhor sorriso. Todas as minhas palavras foram com amor. Minhas mentiras já tinham morrido há muito tempo. Nunca minha atitude foi de superioridade. Sempre tentei ao máximo ser eu mesmo.
Via nas ruas muitas pessoas abrindo meu corpo através de meus escritos. Me dissecando por completo. Tentando entender o impossível. Encontrar interpretações para minhas palavras. Mas todos esses de nada ganharam. Os textos já não são mais meus assim que os finalizo. São de todos vocês.
Mas eu quis te dar muito mais que isso, eu dei o coração por trás de todos os poemas.
Não encontrava sequer notas sobre mim em jornais. Me sentia velho como alguém que perdeu um triunfo que talvez nunca tivesse ganhado.
Me senti personagem de minhas próprias palavras. Minhas desilusões ficcionais. Meus dramas que nasceram em minha mente, morreram no papel e sobrevivem na mente dos meus leitores. Meu best seller passional agora se transformava em minha vida.
Eu chorei pela falta do seu amor como um personagem que escrevi. Mas ao contrario dele, onde eu era o senhor de suas palavras, nada posso fazer contra as suas.
Minhas confissões soam demais como o que escrevi. Será que andei construindo demais as palavras de minha vida e deixei de lado as ações que elas possuem? Será que deixei demais minha vida aqui e ela se espalhou por todos esse cantos?
Queria achar uma palavra ideal, que se colocada aqui fosse a chave para trazer um novo brilho ao que suspiro. Mas a vida, tanto a minha quanto a do papel, não ganha milagres.
Eu poderia dizer mais de um milhão de sentenças. Mas o personagem se confunde com o autor. E saber quem é o escravo de quem já não é mais possível.
Thiago Augusto

segunda-feira, julho 11, 2005

Gertrudes - Parte I



Gertrudes era uma garota muito bonita, aliás, linda, por dentro. Tinha um coração enorme, proporcional ao seu enorme corpo. Seu rosto até que era bonitinho, sobrancelhas finas por natureza, um nariz bem afilado, pele de bebê, lábios encorpados e um lindo par de olhos azuis, acompanhados de lindos cabelos negros cacheados que infelizmente não eram suficientes para lhe arrumar um bom partido.

A coitada era, ainda, motivo de chacota devido a seu nome herdado de uma tia avó que teria amamentado sua mãe, pois sua avó “não tinha leite”.

Sua vida era um eterno dramalhão mexicano. Aos 17 anos ainda não sabia o que era beijo na boca, nem os famosos selinhos que se dão até em amigas do mesmo sexo, nem suas amigas queriam beijá-la. Talvez fossem seus óculos redondos que cobriam os olhos claros e tirava a perspectiva do nariz ou ainda talvez fosse seu aparelho ortodôntico que não deixava transparecer seu tímido sorriso.

Certo dia suas amigas compadeceram-se dela, pois completaria 18 anos sem nunca ter dado um beijinho sequer, e resolveram procurar algum garoto que topasse a tarefa de “ficar” 2 horas com ela por 100 paus. “Muito pouco!” dizia um daqui, “Nem fodendo!” dizia o outro, até que negociando direito com o primeiro, esse “fica” saiu por apenas 185 reais, nada mais justo, Alberto era o nome do rapaz.

Alberto apareceu na sua festa, como combinado, após a maioria das pessoas terem chegado, a pretexto de ser o primo da Carla que havia se interessado em conhecer a “Gê”. Entrou na festa com sua calça jeans desbotada, tênis da hora, camisa coladíssima em seu corpo esculpido à base de muita malhação na farmácia e seu rosto simplesmente comum, mas com um "olhar de malícia" que as mulheres não resistem. Trouxe como presente um CD do Chico Buarque, a Gê como uma boa "gordinha intelectual" que era, adorou o presente logo de cara. “É ao vivo” disse o Alberto, “Muito obrigada, adorei!” respondeu a Gê e foram conversar em lugar mais reservado.


(Continua em alguns dias)


Eduardo Leite

Ezequiel - Links

A idéia foi do Thiago.

Abaixo os links de todos os posts do Ezequiel:

Parte I / Parte II / Parte III / Parte IV / Parte V / Parte VI / Parte VII / Parte Final


Cya,
Rafael Rodrigues

domingo, julho 10, 2005

Ezequiel - VIII (Final)

Entraremos agora no fim da história. Que será brusco, assim como foi o fim da vida de Ezequiel.

O problema do ciúme e da inveja, é que em certos casos, por causa deles se perde a noção do que é certo e errado. Foi o que aconteceu com os amigos e sócios de Ezequiel.

Eles simplesmente o levaram para comemorar mais uma vitória obtida por Ezequiel nos tribunais. Deveria ser apenas isso.

Acabaram por executá-lo com três tiros à queima roupa.

E assim acaba a história de Ezequiel.

Os dois foram presos pouco tempo depois. Não passaram muito tempo presos. Cerca de três anos. Possuíam bons advogados.


Rafael Rodrigues

P.S.: Na verdade, este é um pedido de desculpas. Eu, no alto de minha insanidade literária, prometi para mim mesmo só postar outro escrito aqui depois de finalizar o Ezequiel. Perdido que estava com a história, resolvi terminá-la de qualquer jeito e o mais rápido possível, o que contribuiu para a baixíssima qualidade do conto. Peço que me perdoem, e coisas melhores estão por vir.

Ezequiel - VII (penúltima parte)

Enfim. Sucesso profissional. Solteiro por opção. Divertia-se bastante com os amigos quando podia. E não podia reclamar: quase sempre saía das festas acompanhado de uma bela mulher. Talvez pelo status que possuía, ou por sua lábia, ou quem sabe por sua boa aparência. Não importa. Se dava bem com elas.
Dos três amigos, era o que melhor se comportava no tribunal, e o mais comentados nos jornais e revistas. Jovem, bonito e talentoso. Não podia querer nada mais.
Só a fidelidade dos amigos.


Rafael Rodrigues

Ezequiel - VI (momentos finais...)

Seus pais morreram pouco depois que ele e seus amigos montaram o escritório. Ezequiel já estava distante deles o bastante para, no momento em que recebeu a notícia, sequer demonstrar algum tipo de emoção. Era quase um alívio saber que seus pais haviam morrido. Melhor ainda daquela maneira, sem dor: acidente de carro, morte instantânea, segundo os médicos. Ao menos não precisava mais receber ligações deles perguntando se estava tudo bem, quando iria os visitar, esse tipo de coisa.

Quando recebeu a notícia, a única coisa que pensou foi em como eles conseguiram passar tanto tempo juntos. Como seu pai conseguiu sobreviver aos detalhes que compunham a personalidade difícil de sua mãe e vice-versa. Não conseguiu imaginar-se casado tão cedo.



Rafael Rodrigues

sábado, julho 09, 2005

Boas Novas (2)

* Texto encontrado em um arquivo do bloco de notas. É possível notar que o texto parece inacabado, mas talvez a forma como ficou seja tão singular que o autor pensou então em publica-la assim mesmo.
** O texto retoma Boas Novas, já postado aqui nos Três Vozes.


Pasmem, mas o tolo da colina
desceu a montanha pra conhecer o mundo

O astronauta de mármore do espaço
hoje explora oceanos

É mentira que João De Santo Cristo morreu em brasília
Ainda está vivo mas não se sabe onde

Marvin fez 30 anos e escreve um livro
contando o peso do mundo em suas costas

O cara estranho sem querer abriu a mão
E pelo espaço, encontrou um coração


Não vi nenhum sábio,
não conversei com meu
outro lado do espelho

Nunca senti

Nunca fiz uma prece as seis da manhã
Para um deus que nunca deu as caras
E se quisesse se apresentar
desceria à terra e diria
"Eu sou deus"


Falar do que não se conhece é como falar do que eu não vi e odeio


O inglês subiu a colina e desceu a montanha


Ainda há luz no templo do homens
Ainda há a mágoa da vida passada que eu ainda
insisto em fazer desaparecer

E quando abaixar a poeira
Aonde sua dor vai nos levar?

Eu vi o amor em carne e osso
ser queimado na beira do altar

Eu falso da vida (O que eu quiser)
Ou ela falsa o que quer de mim?

Eu desejava o impossível:
pular de um precipício
sem o impacto do chão.

Eu ainda não via um mundo que era tão belo belo e maldito
Eu não via seus olhos que diziam para mim

Eu vi a inocência morrer ao olhos do pai

Andando pelas esquinas,
sabe o que achei?
Nada de novo que eu já não tivesse tentado.
São as mesmas notas, que sempre tentaram.

Eu vi você gritar que chorou a noite inteira,
sem saber quando parar

O artista morreu há muito tempo
Mas ensinou, que ainda é possível amar

Só queremos Boas Novas,
nada mais pra se pedir...

Thiago Augusto

sexta-feira, julho 08, 2005

Ezequiel - V

Assim que se formou, aos 23 anos, Ezequiel conseguiu sair de casa. Durante o período que passou na faculdade, ele conseguiu um bom emprego, de salário razoável. O bastante para poder todo mês economizar uma quantia considerável. Com o dinheiro economizado, Ezequiel foi dividir um apartamento com mais dois amigos, os mesmos que seriam seus sócios no escritório de advocacia.

A idéia do escritório veio justamente nessa época, mas só foi posta em prática quase dois anos depois, quando os três completaram 25 anos.

Competentes que eram, em pouco tempo conseguiram fazer fama e quando a tragédia aconteceu, os três eram alguns dos mais requisitados advogados da cidade.

Ezequiel não conseguiu manter um relacionamento sério durante todos esses anos. O último teve seu fim ainda na faculdade, pelo motivo mais simples possível: um já não aturava mais o outro. Brigas e mais brigas, sempre por bobagens. E resolveram terminar antes que começassem a se odiar.

Não significa que ele não saia com algumas mulheres. Pelo contrário: fazia sucesso com elas. O fato é que ele não queria mesmo nada com ninguém. Preferia ser só, fazer seu nome, seu patrimônio. Pensaria em ter alguém depois. No momento, apenas ele importava.


Rafael Rodrigues

quinta-feira, julho 07, 2005

Finalmente

Vai acabar.
Já morreu. Já passou.
Afogou. Engoliu.
Se Matou.

Consumiu. Apagou.
Já se foi.

Sem querer. Sem saber.
Existiu?

Sem adeus. Nem
porque. Só se foi.
Só.

Thiago Augusto
(04/2005)

Boa notícia

Ela vem de Santa Maria, Rio Grande do Sul, terra do nosso convidado especial da semana, Rafael Reinehr. E foi retirada do Armazém de Idéias:


"Escrito por Rafael Reinehr
quarta, 06 julho 2005

É com grata satisfação que recebi hoje o aceite da AGEs - Associação Gaúcha de Escritores - para fazer parte de seu plantel. Este humilde vassalo, ainda engatinhando no campo das letras - mas com muito desejo de imergir de vez no fascinante mundo da literatura, a arte de transformar as letras em palavras, as palavras em sentidos e os sentidos em vida - agora divide espaço com figuras do calibre de Alcy Cheuiche, Fabrício Carpinejar, Jaime Vaz Brasil, Luiz Antonio de Assis Brasil, Mário Pirata e Luís Augusto Fischer, somente para citar alguns."


O 3 Vozes fica feliz pelo Rafael e mais feliz ainda por ter apresentado a nossos leitores um micro-pedaço de sua literatura.

quarta-feira, julho 06, 2005

Amor x Desejo



Incentivado por uma amiga resolvi tratar de forma mais formal meus pensamentos sobre um assunto bastante controverso e que tem a ver com os últimos textos, poemas e manifestos escritos por mim. O amor x desejo (paixão).

Pretendi distinguir os dois, embora ambos sejam necessários a qualquer relacionamento duradouro e saudável.

O desejo é o sentimento que surge quando se conhece uma pessoa pela qual gera-se certo interesse sobre o que faz, como é realmente e sente-se uma certa necessidade de estar perto desta, beijá-la e participar com mais freqüência de sua vida. Esse mesmo desejo surge bem no começo, geralmente, e esfria com o tempo, pois acostuma-se com a pessoa desejada, com seu cheiro, manias, gosto e também surgem os defeitos que mancham a imagem perfeita que pintamos assim que a encontramos, decepcionando-nos um pouco. Este pode ressurgir e esvair-se durante um longo relacionamento, com picos e descidas freqüentes por tratar-se de algo mais relacionado com a novidade, o carnal, a libido.

O amor, saindo um pouco do estereotipo romântico, é uma base usada para construir a casa do relacionamento. Cada momento, cada verdade dita, cada piada, momento de tristeza, alegria, dor e prazer servirá para construir esse alicerce e, ao contrário do desejo, se construído com doação e empenho em cada um dos matérias que constituirão este alicerce, a casa desmoronar-se-á ou tornar-se-á inabalável no futuro. O amor tende a crescer cada vez mais, diferente do desejo que se restringe a picos. Este cria laços bastante fortes, que, como já dizia o poeta com outras palavras, os dois tornam-se um e a separação os faz metade, com que extirpados de um membro importante, com um vazio impreenchível a curto prazo e em certas situações, jamais preenchíveis. O amor é mais equilibrado que o desejo, não remete, geralmente, à loucuras dispensáveis, mas juntos podem levar uma pessoa a fazer loucuras inimagináveis para recuperarem ou não perderem sua metade.

Muitos relacionamentos se deterioram devido à falta de distinção entre os dois. Em geral vários fatores contribuem para o fim de um relacionamento, esgotá-los seria uma pretensão não tida pelo autor neste momento, apenas no que diz respeito à confusão entre os dois sentimentos. Sentir desejo por outras pessoas é completamente aceitável, normal e humano, mas a linha entre sucumbir ao desejo e voltar-se para o amor é que fará a diferença. Olhar para o lado e lembrar da história construída com a pessoa que te acompanha, seu cheiro, olhar, sorriso, mau-humor, manias, defeitos são toda a diferença. Por isso muitas pessoas que deixam, futuramente arrepender-se-ão e desejarão voltar para a pessoa deixada quando se dá conta disto.

Deve-se ter bastante cuidado com a linha divisória das águas, o desejo surge de forma muito rápida e se esvai assim como chegou, já o amor é uma construção lenta, sobre espinhos e rosas, debaixo de tempestades e claras noites de lua cheia, pode levar anos, mas a simples confusão com a paixão pode levar esta casa abaixo em poucos segundos, os segundos que separam a escolha da entrega.
Eduardo Leite
obs.: Eliane Pereira foi quem me coagiu a escrever sobre amor mais uma vez... acho que ela acha que eu entendo algo do assunto =x

terça-feira, julho 05, 2005

3 Vozes convida... Rafael Reinehr

Crônica do Crítico Literário

Comece dizendo que o autor foge do hiper-realismo. Que mantém uma escrita sóbria sem concessões ao coloquialismo excessivo.

Siga afirmando que não usa linguagem chula nem escatológica, tão comum em nossos dias que está prestes a formar uma nova corrente.

Diga que é um representante legítimo do ideário contemporâneo. Se escreve textos curtos, diga que são fortes porque concisos. Se os textos são longos, diga que são fortes porque se esmeram em detalhes.

Lembre o leitor que (não) há nuances de experimentalismo.

Se for um contista, diga que os contos de Fulano de Tal invadem a realidade, recriando-a num espelho de múltiplas faces.

Em caso de romances, afirme que nos textos do autor, o leitor é convidado a participar, quer seja pela ambigüidade intencional do discurso ou pelo “subtexto tramado com perícia”, acentuando que esses são “reflexos óbvios da prática do conto” (se o autor não for conhecido por seu trabalho como contista, suprima este trecho ou insinue que o mesmo tem um manancial de contos guardados em suas gavetas).

Se possível identifique algum cacófato e o enumere.

Refira que o autor usa (evita) doses maciças de humor, privilegiando o trocadilho, a metalinguagem e a paródia.

Para concluir, diga que o autor consegue com primor evitar filigranas e pirotecnias, usando adequadamente a força intrínseca das palavras. Termine com “O escritor Fulano de Tal mostra, assim, consciência de seus instrumentos de criação, mantendo a coerência durante toda sua obra”.

Na próxima crítica, ajuste o nome da obra e do autor, inverta a ordem de aparecimento das sentenças e dê uma enfeitada aqui e acolá com passagens da obra e pronto: mais uma crítica literária fresquinha estará saindo do forno!

* Rafael Reinehr é médico endocrinologista mas não consegue viver sem as artes (literatura, música, cinema, fotografia). Acabou de estrear seu primeiro curta-metragem (O Envelope Azul) como Diretor de Produção e Fotógrafo Still. É editor do sítio literário cultural Simplicíssimo (http://simplicissimo.com.br), de blógue Escrever Por Escrever (http://escreverporescrever.blogspot.com) e no dia primeiro de julho inaugurou seu novo sítio Armazém de Idéias Ideais (http://armazemdeideias.org). "O tempo não pára, quem pára no tempo somos nós " (Ludovico Antena)

P.S.: E o Rafael Reinehr comemorou aniversário dia 01 de julho, parabéns pra ele também.

Espera eu considerar...

Considerando

É bom voltar a nossa casa. Sabendo que não será só no curto fim de semana que ficarei de volta ao meu doce lar. Chegou a hora de gritar "Férias" e finalmente deixar escorrer toda a violencia de lá de fora para brotar novamente um pouco de paz.
Pego minha cadeira, sento de frente a você leitor, e novamente faço um meta-texto. Meu tempo foi tão preciso nas últimas semanas que nem eu mesmo pude ser leitor do que meus amigos, as outras duas vozes presentes nesse endereço, escreveram.
Mas agora quando meu descansar finalmente se inicia, posso voltar a não só estar presente por aqui, como apreciar como vocês o que eles escrevem.
Não sei se acontece o mesmo com quem me lê, mas resoluções de férias funcionam sempre como as de ano novo. Quase nunca dão certo e os planos ficam para uma próxima vez.
Tenho aqui em minha cabeça uma pequena lista do que fazer, ou ao menos tentar. Vários livros para ler, ou ao menos tentar. Várias ideias ainda pequenas que podem crescer e se transformarem em boas palavras.
Nesse primeiro dia abro as considerações iniciais. E posso prever que essas férias trarão a nós boas novas, nem que seja a mesma canção só em outra versão.


Ao Trabalho

Assim, as vozes trabalharão ao máximo para sempre trazer quase que diariamente textos novos. Também porque nas férias o pessoal fica mais em casa, e novas atualizações são sempre bem vindas.


Hoje vai ser uma festa...

E finalmente, devo informar a todos os nossos leitores que o nosso querido Rafael Rodrigues completa mais um ano de vida. Ele está mais velho!!!

As vozes lhe dão os parabéns. Desejando muita inspiração na sua escrita e sucesso, claro. Nós ainda vamos chegar lá.

Agradeço também por ter me convidado a ser uma das vozes desse nosso blog. Obrigado.

Sem mais demoras, voltamos a nossa programação normal. Obrigado a todos os nossos leitores. E digam parabéns pra ele também!! Seu parabéns é também muito importante.


Thiago Augusto