quinta-feira, março 31, 2005

Não sei

Não sei porque estou vivo
Não sei porque insisto em tentar
Não sei de onde venho
Tampouco onde vou chegar
Não sei porque insistem em me ajudar
Mesmo quando não busco ajuda
Não sei de onde vem esse olhar altivo
Nem essa superioridade absurda
Não sei porque chove hoje
Num dia tão triste para mim
E ao mesmo tempo que a melancolia vem assustar
Aumenta no libido a vontade de tranzar
Não sei porque o homem
Apesar de tão complicado
Tão feio e tão errado
Continua a se deturpar
A defeitos inventar
E na sua baixa auto-estima insistir em fazer nascer
Deuses e forças além do nosso compreender
Para dominar, subjugar
Prender e alienar
E deixar o capital cada vez mais dominar
Nossa mente, nosso sentir, nosso gozo, nosso sofrer
Não sei porque vivemos tanto tempo sem realmente viver
Não sei porque os pais querem viver a vida dos filhos
Mandando e desmandando
O que devem sentir, o que devem dizer
Como devem viver e como devem morrer
Entendo porque as pessoas não se conhecem, não entendo porque assim querem permanecer
Na ignorância, insensatez, preconceito querem sobreviver
Não sei porque insisto em me excluir dessa situação
Como se por um simples poema merecesse compaixão
Talvez apenas diferente de alguns
Sei que muito não sei
E apesar dessa consciência implacável
Pertenço à mesma raça miserável que vocês


Eduardo Leite

quarta-feira, março 30, 2005

Revolução, não!

Vejo muita gente dizer que estamos vivendo um período de estagnação cultural em nosso país. Dizem que não há nada de novo na televisão e no cinema nem na música e na literatura.
Pois particularmente, identifico o contrário. Posso me arriscar ao dizer que não está havendo nem vai haver - ao menos não nos próximos cinco ou dez anos - uma revolução cultural no Brasil, mas não tenho medo de estar certo.
Ultimamente temos visto aparecer tanta coisa boa... Não importa se são apenas variações de um mesmo tema. O novo se valendo do velho. Ou se são os velhos fazendo o que sempre fizeram.
Cinema e tevê, por exemplo. Nada revolucionário, os medalhões estão aí e não preciso citá-los. Mas surgiram boas surpresas. Querem que eu cite uma? Selton Melo. Talvez o melhor ator brasileiro da atualidade. Tem também o Matheus Nachtergale, Wagner Moura, Lázaro Ramos... Eles já não são mais promessas.
A banda Cordel do Fogo Encantado é uma das coisas mais belas que surgiram no mundo da música nos últimos anos. E pouca gente conhece. Preciso falar do Los Hermanos? Maria Rita? Gram? Tom Bloch?
E na literatura então? É escritor que não acaba mais. E até eu querendo entrar no bolo. E só tem gente de primeira: o pessoal do Paralelos na ativa, Pessoas do Século Passado na área, comunidade dos Insanus, a galera do Gardenal também, e tantos outros: João Paulo Cuenca, Daniel Pellizzari e os caras da Livros do Mal, Marcelino Freire, João Filho, enfim, só para citar alguns.
(Fosse eu citar todos os que merecem ser citados, não terminaria hoje esse texto.)
Para se ter qualidade não é necessário nadar contra a maré. Não precisamos de uma revolução. Precisamos é espalhar, divulgar as coisas novas e boas que estão surgindo. Tudo fica muito restrito. É a velha história de que nosso país precisa urgentemente de uma (grande) reforma - e de uma (grande) melhora - na educação. Infelizmente, o governo é que é responsável por isso.
Não precisamos de uma outra Semana de 22. Nem de outro Machado, outro Drummond, outra Clarice, outro Jobim.
É o nosso tempo, é a nossa hora.
Esqueçamos o passado.
Reguemos o presente.
De olho no futuro.
Avanti!
Rafael Rodrigues

terça-feira, março 29, 2005

Amigos Da Universidade - Parte I

Você não me vê não, mas eu vejo você

No polo de computadores da faculdade, são aproximadamente trinta pessoas dividas em duas fileiras de computadores. Metade na frente e a outra atrás.
Ou seja, mais de 15 possíbilidades de pessoas olhando para o que você escreve, o que você acessa e pra quem você manda e-mail.

Lingüistica

Na aula de linguistica, a professora...
- Porque certas palavras começam a criar superstições. E algumas pessoas deixam de falar. Por exemplo, "azar". Muita gente depois que escuta a palavra bate três vezes na madeira. Ou também em dias de chuva que não dizem "raio" porque daí pode acontecer.

Até que meu amigo...
- Eu acho isso muito estranho, se eu disser "sexo" não vai aparecer alguem aqui afim de fazer isso comigo.

Thiago Augusto

domingo, março 27, 2005

A festa

Meus pais não vieram. Não sei o porquê, e nem muito me importa. Melhor assim. Ali estão meus amigos. O Jorge me emocionou bastante. Até o Sílvio veio. Logo ele, estávamos brigados até bem pouco tempo atrás. Aliás, não lembro de termos feito as pazes.
Algumas ex-namoradas também vieram. Gostaria de saber quem as convidou. O pessoal do escritório também veio. Só não a Marina...
Todos estavam muito emocionados. O clima era de união. Uns cumprimentavam os outros. Vi gente que não se dava lá muito bem de mãos dadas. Ao menos isso de bom.
A maioria falava em futuro, em como iria ser daqui para diante. Era justamente o que menos importava para mim. Que se dane o futuro, pensei. Não que estivesse desgostoso com a vida que levara, não era isso. Em todos esses anos, a vida me tinha sido por demais generosa. Tive amigos, tive amor, sempre tive uma boa condição financeira, nunca me faltou nada. É claro que nem tudo são flores, mas olhando agora para tudo o que ficou para trás, tudo o que fiz e deixei de fazer, vejo que tive uma ótima vida. O problema foi que sempre fiz tudo pensando no amanhã, no futuro. Todos os meus passos, todas as minhas ações, tudo era planejado milimetricamente. E isso tirava a graça, o prazer da vida.
O dia começou ensolarado. Quase insuportável o calor que fazia. Na parte da tarde, já perto do fim, iniciou uma chuva, primeiro fraca, com ares de dizer "estou só de passagem", depois mais forte, como que dissesse, "vou passar um tempo por aqui". Alguns prevenidos estavam com guarda-chuva em mãos, os outros tiveram de se molhar mesmo.
Mesmo chovendo, ninguém foi embora, o que me envaideceu muito. Senti que era muito querido. Pensei em agradecer, um discurso talvez, mas Sílvio encarregou-se disso. Lembrou bons momentos nossos, nosso tempo de colégio e faculdade, nossas farras, nossa briga. Que amigo me foi o Sílvio! Se não fosse ele, eu não teria conhecido a mulher da minha vida, Verônica.
Não estávamos casados ainda, fazíamos planos. Já estávamos na fase de procurar uma casa, discutir quantos filhos teríamos e até os nomes das crianças. Nosso amor era verdadeiro, a velha história de “feitos um para o outro”.
Era triste ver Verônica tão linda, tão perfeita, tão elegante, chorando. E eu nada podia fazer. Eu via tudo aquilo e nada podia fazer. Meu tempo havia se esgotado.
Pouco depois a chuva se foi. Todos se foram. Mas eu fiquei.


Rafael Rodrigues

sábado, março 26, 2005

Cíntia

Você me colocou em todos os seus jogos, e eu como seu aprendiz, cai em todos eles.

Vivi todos seus delírios e suas histórias de fantasia, sem nunca questionar a mentira que você mesma dizia.

Minhas mãos já conhecem todo seu corpo sem precisar que suas mãos a sigam.

E ainda em repouso, nua, suas histórias infantis encobriam nossa cama. Suas histórias valiosas que nunca puderam dividir espaço com as minhas. Já que você parece distraída. Vivendo em um mundo de marionetes onde você me controlava.Eu me apaixonei por um fantasma. Sem saber seu nome. Minhas pernas estão juntas das suas quase todas as noites, quando me seduz seminua e pede para eu te jogar em nosso leito.

Você é o rosto do corpo que sempre desenhei. Um corpo sem identidade. Que sempre me perseguiu em meus pesadelos.

De quem são os olhos que me comem todas as noites? De quem é a boca que acaba com minha razão e grita meu nome com tanto ardor? De quem são os seios que minhas mãos cobrem de forma exata?.

Só sei, que seu falso nome grita em meus ouvidos, redireciona minhas idéias e me tira toda a razão.

E agora você me olhas, tão linda, pura e sem vida.

Thiago Augusto

sexta-feira, março 25, 2005

Conto das cavernas

Não me empurra seu macaco filho da puta! Não sou da sua laia, esse distintivo de merda aí não te faz gente não! Foda-se, não lhe devo satisfações, tenho meus direitos, sou doutor, formado em Direito e sou branco seu fela da puta.

Pronto, agora estou conversando com um homem de verdade, pelo menos é o que me parece. Ah tá! Tou vendo a aliança, esse aí não é um veadinho não. Odeio bicha, sabe? Não acho que seja doença nem opção sexual, na verdade é safadeza, você não acha? Eles são a escória, sujam a humanidade, poluem o meio com a presença deles e ainda dão mau exemplo pras crianças. Sabe aquele pessoal da Globo? É tudo bicha, aquela produtora de programa infantil é sapatão, ta na cara! Aquela loirinha lá também sem dúvidas. Eles contratam muito negro também, você deve ter notado... negro, estrangeiro, aquilo lá é um puteiro, eles colocam casal gay em novela, negro com branco, velha com garotinho novinho, é um absurdo!

Tá porra! Eu falo! Eu não tenho vergonha mesmo. Fiz e tá feito, quem é você pra me julgar? Sou doutor porra! Sou formado caralho! Você é um policial de merda que trabalha com a escória enquanto eu tomo todas com meus amigos de trabalho, cada vez que eu ferro um criolo eu tomo uma pra comemorar, toda vez que eu ferro uma bicha eu tomo duas e fumo um charuto. Não existe coisa melhor, a gente devia expulsar eles do país, colocar todos no nordeste e construir uns muros eletrificados pra eles ficarem bem longe. Eu tava cansado de ferrar eles nos tribunais, queria fazer alguma coisa. Tá reclamando de mim, mas na televisão só passa preto pobre indo em cana. A revolta da FEBEM só tinha negro filho da puta! Tu quer me dizer que negro não é marginal? Claro que é. Eu fiz um favor pra vizinhança, ele era negro e gay, um veadinho de merda! Matei dois coelhos com uma cajadada só, devia ter perguntado se era cearense que daí o serviço tinha sido completo(risos).

Não caralho! Eu não vou entrar nessa prisão cheia de negro e gay, eles vão querer me comer. Puta que o pariu, me dá pelo menos uma arma que eu mato todos. Não me deixa só caralho! Não porra! Me tira daqui! Vou te matar seu nordestino filho da puta! Cê vai morrer!

quinta-feira, março 24, 2005

Dos erros

- Eu sei, eu sei que errei. Admito. Mas fazer o quê? Todos nós erramos. Afinal, somos humanos. Tudo bem, você pode dizer que eu passo dos limites e não faço nada certo. Que não aprendo com meus erros. Não vou negar isso. Mas você precisa me entender. Coloque-se no meu lugar. Eu sou um cara que tem vinte e cinco anos de idade. Não tenho amigos, não tenho namorada. Sou um homem só. Talvez isso bastasse para justificar meus erros, mas ainda tem mais. Papai e mamãe morreram de forma estranha – aliás, ainda não acredito muito nessa história de acidente. Quer dizer, foi e não foi acidente. Você lembra, não? Estavam viajando de carro. Segundo a perícia fecharam meu pai. Ele perdeu o controle do carro e pronto. Morreram. Não sei... Mamãe tinha um instinto suicida, e papai, um instinto assassino. Isso mesmo. Eu já contei isso a você. Você estava em casa quando mamãe tentou se matar. Tomou dezenas de comprimidos de diversos tipos. Você não lembra, mas eu sim. Antes ela já havia tentado cortar os pulsos umas duas vezes. Mamãe fazia análise. Papai pagava. Ele tentou matar mamãe duas ou três vezes quando eu era criança. Lembro porque se não fosse eu, ele tinha conseguido. Eu salvei a vida de mamãe. Eu sou um herói. Eu imagino o que deve ter acontecido naquele carro: mamãe tentou assustar papai, e começou a querer puxar o volante. Claro que era só fingimento, porque ela já não tinha mais coragem nem vontade de se matar. Daí papai resolveu dar o troco, e começou a fazer zigue-zague na pista, como que querendo bater em algum carro que vinha em sentido contrário. Isso depois de acertar um belo tapa em mamãe, o que a fez ficar quietinha no banco. Nessa brincadeira toda, ele realmente perdeu o controle do carro. E o resto nós já sabemos. Pois é. Você acha que eu pareço com eles? Dizem que sou a cara de papai. E que tenho o temperamento de mamãe. E algumas coisas de papai também. Não sei... Nunca reparei nisso. Eu nunca reparei muito neles. Quer dizer, às vezes os observava, mas sem muita atenção. O que você acha? Hum? Fala algo! Vou te confessar uma coisa: quando você nasceu, fiquei com muitos ciúmes. É. Mas depois de um tempo passou. Ter uma irmã não é de todo ruim. Eu tinha nove anos quando você nasceu. Você deu sorte que não viu muita coisa. Eu que vivi os piores momentos aqui dentro de casa. Mas já chega. Acabou o sofrimento. Eu vou te proteger. E agora vou te dar um banho. Você está fedendo. Tenho que me lavar também. Acho que essas manchas não saem mais da roupa. O que você acha? Ein? Fala! Será que mancha de sangue sai?

quarta-feira, março 23, 2005

Recorte De Carta

Eu li hoje de manhã um poema estranho, que a cada frase se contradizia mais e mais. Porém, uma pergunta tirada desse mesmo poema, ficou em minha cabeça.
Se, por acaso, eu soubesse antes tudo o que sei agora, o que faria? Cometeria os mesmos erros da mesma forma ou iria embora antes de tudo acabar?


Talvez os erros aparecessem da mesma forma, Clarice. Mesmo se errássemos ou não. O fim já estaria em nossa porta. Com uma mão nos dando carinho e com a outra nos apunhalando.

O que mais me assusta, Clarice, é a maneira inerte que muitos corpos acrescidos de almas permanecem por ai. Porque o certo, afinal, é lido como intensidade?
Já sentiu o vento bater sobre seus olhos e seus pensamentos serem levados pela felicidade do impulso? Ah, Clarice, não existe nada melhor. Meu ser se torna mais leve ao andar por essa estrada, que insisto em afirmar que não é uma prisão...

Em minha humilde opinião, Clarice, não há palavra pior como aquela de duas consoantes e uma vogal: Fim. É pior do que a própria morte.
O posto dado à morte é de final definitivo, é lá que nunca mais podemos amar, ver ou caminhar. Porém, os fins contemporâneos me comovem a ponto de chorar.

Eu devia ser amante dos números, eles nunca mudam. E embora digam que seria uma rotina amar os números, eu replicaria dizendo que para o mesmo numero existem infinitas formas de dize-lo. E assim, nunca, nada seria repetido.
Porém, Clarice, resolvi amar a humanidade. Tão instável como um átomo de meu coração implodido por seu silêncio. Tão instável quanto a felicidade de um tolo da colina a espera da chuva que molhará seu rosto...

E descobri, em menos de um ano, que todos estão surdos, cegos. E talvez o faro os faça se aproximar do aroma mais próximo que estão em sua volta. E assim permanecer intactos.

Hoje eu joguei todas minhas palavras no lixo, rasguei meus quadros e odiei cada pessoa que eu pude chamar de amor. Pois, Clarice, quando não se tem mais nada, não se perde nada. Dessa forma, voltei ao silêncio que primeiramente existiu. Para não ter mais nada que pudesse me trazer lembranças de algo que um dia eu fingi que fui.

Clarice, meus olhos doem. E não quero chorar por palavras que já morreram. Eu queria uma alma perfeita. Mas os anjos ainda me fazem chorar.

Clarice...

Ainda há sol lá fora..

Mas ainda há alguém são, Clarice?

Lord Bernault (05/12)

E o que mais doía nela era o silêncio

Ela disse:
- Seu filho da puta desgraçado! - e avançou.
Ele segurou-a pelos braços e encostou-a na parede. Não disse uma palavra. Apenas a olhou nos olhos enquanto ela tentava se libertar. E gritava. E tentava chutá-lo.
- Seu desgraçado! Como pôde fazer isso comigo? - e lágrimas correram por sua face.
Ainda segura pelos braços, ela chorava como nunca chorara antes. Nunca sentira dor semelhante, nunca passara por tal situação. E, além disso, ela o amava. -
Fala alguma coisa, desgraçado! Comeram a porra da sua língua? Essa língua imunda que eu beijei! Fala! Fala, porra!
Ela já não tentava se livrar dele. Estava exausta. Percebera que de nada adiantava lutar contra ele, bem maior e mais forte que ela.
- Porra! Eu te amo, merda! Por que isso? Por que isso, meu Deus? Fala alguma coisa, inventa uma desculpa qualquer! Diz que me ama, merda!
Não houve resposta. Ele a soltou e seus braços estavam vermelhos e doíam. Mas aquela dor só seria sentida horas mais tarde. A dor que sentia naquele momento era maior e mais profunda. E não era física.
- Então é isso? É assim que vai ficar? Filho da puta, fala alguma coisa!
Não havia o que falar. Nem o que fazer. O que estava feito, feito estava. Ele não podia pedir desculpas. Elas não existiam para o que fizera.
E o que mais doía nela era o silêncio.
Rafael Rodrigues

Uma Questão De Análises

De um dialogo com minha amiga Bruna...


(Se referindo ao curso de Letras) - E ai, Thi? Como foi lá?
- Muito bom, surreal.
- É do jeito que você imaginou?
- Sim, só que com mais mulheres.
- Isso foi a única coisa que eu imaginei que ia ter no seu curso.
- Se o curso for ruim ao menos tem pra onde olhar pra se distrair.
- Nem tem. Não tem eu lá!
- Não seja por isso, você posa pra mim em um ensaio sexy, daí eu fico te olhando lá.
- Ui, eu sou tão sexy!
- Tudo depende da comparação né.
- Com Certeza. Tem uma porta e a Bruna, a porta é mais sexy. Uma xícara e a Bruna, elas empatam.
- Mas se for aquelas xícaras caras de porcelana, ai você já era.
- É. Assim com certeza eu já estaria fora. Mas um fone de ouvido. Acho que eu ganharia, mas depende também, ele tem um jeito sexy de se enrolar.
- Vai depender se você também tiver um jeito sexy de se enrolar. Daí a gente escolhe o melhor.
- Eu dou uma cambalhota que é uma beleza!!
- Hum... Nesse caso, você venceu!!
- :-D

Thiago Augusto

domingo, março 20, 2005

Tenha fé...

Eles dizem para eu ter fé. Mais? Isso porque não sabem como é. Estou só, sem ninguém. Precisava de alguém. Preciso ainda. Mas quem se importa? Não tem ninguém me esperando na saída.
Minha família? Não posso falar com minha mãe. Palavrão e desabafo não dá. Só com o pai. Mas ele não está. O irmão é novo, não entende. A irmã não adianta, é tantã.
Os amigos? Estão todos ocupados e não posso reclamar. Quando eles precisam eu também não estou para conversar.
Sair para tomar uma cervejas no bar. E fumar. Faz tempo que não faço. É deveras um saco: trabalhar, estudar, coisas demais para cuidar.
E então, o que resta? Sair sozinho, vamos nessa? Não, não vou. Que graça tem? Doido eu não sou.
Queria ser melhor. Serviria ser menos pior. Mas não dá. Que jeito? Só me resta continuar.
Sigo tentando, um dia chego lá.
Rafael Rodrigues

sábado, março 19, 2005

Chagas - Parte II

Pés

"E, estando ele ainda a falar, surgiu uma multidão; e um dos doze, que se chamava Judas, ia adiante dela, e chegou-se a Jesus para o beijar.
E Jesus lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem?"
Lucas 22:47, 48

Aprendi certas coisas da pior forma possível. Sentindo o corte quente na própria pele.
Por mais que tentamos aprender com conselhos e erros dos outros, somente um tapa na própria cara releva o prazer ou dissabor da dor.
Gela o espírito, nasce a solidão, que cessa ao receber companhia das lagrimas que caem como poesia.

Existe uma teoria antiga que tem um certo fundamento: O desespero move a humanidade. Se não sentíssemos frio, nunca teríamos descoberto o fogo. Se não tivéssemos fome, nunca teríamos procurado alimento. A necessidade desesperada move a humanidade.
Na dor de cada dia a dia, nas lagrimas que escorrem agora, das marcas que permanecem em nosso rosto. Os traços e a memória marcam cada agonia que passamos, que nos fez mover. Um passo adiante.

Nos provérbios, dizem que todos colhem o que plantam. Mas quanto tempo depois do plantio a colheita maldita surgirá?

Qual é o preço que se paga por querer a verdade, defender a justiça e nunca duvidar do amor?

Até Cristo chorou e chamou seu pai.

Até mesmo Cristo foi traído pelo vil metal.


O que define que somos tão divinos como deus, e tão humanos quanto Cristo.

Thiago Augusto

Chagas - Parte I

Mãos

Dizem que foi o Perdão que possibilitou o nascimento da culpa.

Que sem o sol, ninguém contemplaria a lua.

Que a vingança é um prato que se come frio.

E que traição é pior que a morte.

Pedro negou Cristo por três vezes antes do nascer do sol. Judas o trocou por moedas nojentas de prata. E Cristo já sabia tudo isso, e mesmo assim escolheu seguir seu próprio caminho.

Semimorto em uma cruz, ele se perguntava onde estava seu próprio pai, que naquela hora o abandonara.

Depois de surrado, açoitado, crucificado ainda havia tempo para o ato final. A lança que atravessaria seu corpo e daria fim a horas agonizantes de dor.

E nesse mesmo dia, houve uma dezena de carrascos que se ergueram no patamar de mestres e crucificaram mais um homem como era de costume.

Judas depois do fato, não agüentou tamanha culpa e se enforcou. Suicídio.

De acordo com os verbos populares a única morte não perdoada pelas divindades.

Aonde a alma vaga por um deserto possuído de dores eternas.

O sangue de Jesus escorria, quando o último carrasco crava-lhe a lança que terminaria por mata-lo.

Dizem que o carrasco chorou, quando logo depois da morte de Cristo, as lágrimas divinas caíram do céu.

Me estranha o fato de muita vezes o pai a beira da morte pedir desculpas ao filho por tudo que fez. A morte nos é tão estranha que o desejo de sairmos limpos dessa etapa para rumar a outra desconhecida, nos traz uma vontade de nos purificar por completo.

O que me entristece é saber que muitos só fazem isso no final de suas próprias vidas. Como uma forma nada valiosa de pedir absolvição por todos seus pecados e anos de avareza.

Eu te magoei e agora peço desculpas, antigamente eu não estava com o pensamento de agora. E criei uma canção errada. Não vou assumir o que você sabe que é verdade, pois na verdade me escondi tanto de mim mesmo que nem sei mais quem eu sou. E não sei do que gosto, porque nunca me mostraram o gostar.

As tentativa de devolver as moedas de prata e as desculpas atrasadas de Judas de nada adiantaram.

A lagrima fria do carrasco não trouxe vida ao corpo dilacerado de cristo no alto da cruz.

Talvez se tivesse pensado em uma conseqüência, você veria que a única coisa que não volta para trás é o tempo.

Desculpas agora não servirão de consolo ao passado que já morreu na cruz.

Thiago Augusto

sexta-feira, março 18, 2005

Existo

Existo, logo sou
Sou, não necessariamente existo
Um cão pode ser, mas existe se eu o perceber
Eu me reconheço, e a imagem no espelho
Sei que é minha, apesar de às vezes indagar
Onde vim chegar, será que sou tudo que sempre quis?
Ou será que sou projeto de alguém?
Escrevo, pois existo, assim sou
Muita gente é, mas nem existe
Reflito no meu passado, mas prefiro viver no presente
Tenho projeções do futuro, planos e aspirações
"Com tudo", tudo muda
E os desejos de ontem parecem frustrados hoje
Na ótica do ontem, porém na do hoje
Vejo evolução, um salto do meio da escuridão
Vejo que como na história também amadureço
Saio da Idade Média e Renasço
E agora considero tudo que faço, uma obra inacabada
Que o esboço contemplo, mas que não pretendo deixar pela metade
Apesar das outras idéias que surgem e empolgam
Prefiro anotar no rascunho e tomar um suco de limão
Esquecer o estresse e continuar na contramão
Será megalomania ou complexo de não mediocridade?
Muito tempo não consigo conviver com a falsidade
Promessas falsas e palavras quebradas
Sou o que sou, não o que dizem
Às vezes não sei quem sou, só sei que existo
Num mundo de seres e poucos existentes
Não pretendo ser maior, devido a um presente
Sinto-me, ao contrário, um ser sobrevivente
Sem casa para retornar, filhos para brincar
Amor para amar, sexo para amar
Ao invés do ressentimento, escolho a militância
E entre a existência e a insignificância
Dou um salto, fujo e triunfo sobre a minha ânsia.

Eduardo Leite

quinta-feira, março 17, 2005

Amigos Da Escola - Final

Sindrome De Idiota

contece sempre. Toda a classe possui seu idiota. Normalmente sentado no canto da classe, talvez com cara de peixe morto. Quase vesgo de tanto não fazer nada.

Usa palavras de senso comum, algo em torno de 6 gírias em cada frase e a maioria são estúpidos.


É o fim

E, embora pensasse eu, que esta seçãozinha iria ser duradoura, terei de finaliza-la. Na verdade atualiza-la. Fui congratulado em uma mega sena onde só conseguimos ser vencedor com o nosso próprio esforço.
De modo que é com muita felicidade que batizo a partir de agora, os antigos “Amigos Da Escola” de “Amigos Da Universidade”

Afinal, as pessoas mudam. Mas os textos que nascem de histórias, só ficam mais inspirados.


Uma Esperança

"Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica, que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto."*

Era sexta feira, depois do cursinho. Ao abrir a porta vejo em cima da mesa um telegrama. Com a notícia que esperei há um mês atrás no resultado do vestibular.

Embora minha esperança estivesse quase morta, fui convocado para matricula na Unesp, e assim como o amigo Rafael, inicio o meu curso de Letras.

Um novo caminho se abre, tanto que uso esse espaço como um blog "comum" para contar que agora essa voz muda de cidade, sem mudar de tom. Um novo mundo está pronto para mergulharmos. A vida começa agora.

- Pensa, agora eu já posso ir ao "Show Do Milhão" como universitário errar as perguntas.

" Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: "e essa agora? que devo fazer?" Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada."*

* Textos retirados do conto "Uma Esperança " De Clarice Lispector, do livro "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio De Janeiro, 1998

Thiago Augusto

quarta-feira, março 16, 2005

A casa


Tocou a campainha. Era o caminhão da transportadora. Estava tudo empacotado, tudo pronto para ser levado para meu novo lar. Seu Francisco veio acompanhado de dois rapazes. Estes dois últimos faziam o trabalho pesado, enquanto que seu Francisco, um senhor de mais ou menos sessenta anos, orientava os jovens para que tudo fosse feito da melhor maneira possível.
De vez em quando seu Francisco tentava iniciar uma conversa, mas eu, sempre monossilábico, dificultava a comunicação.
- Seu doutor, eu já vi muita gente se apegar a uma casa, mas igual ao senhor nunca vi não.
- Pois é, seu Francisco, pois é...
Realmente. Sou do tipo que se acostuma fácil com as situações. Se pudesse, não sairia nunca daquela casa. Foram dez anos vividos ali. Foi o lugar onde uma família começou a ser construída. E onde a mesma família foi destruída. A casa me trazia boas recordações, mas foram tantos os maus momentos, que não vi outra saída senão abandoná-la.
- Pois é, seu Francisco, pois é...
- O que, doutor?
- Nada, seu Francisco, nada. Cuidado com essa caixa aí. Meus livros estão dentro.
- Ouviram rapazes? Cuidado aí. Ah, seu doutor. Eu entendo o senhor. Nunca é fácil a gente sair assim de um lugar pra ir morar em outro. Mas o senhor vai gostar da outra casa mais do que dessa daqui.
“Bom homem esse seu Francisco”, pensei. Gostaria muito que ele tivesse razão. Adoraria esquecer tudo o que vivera até ali e iniciar uma nova vida em um outro lugar.
Resolvi dar uma última verificada em todos os cômodos da casa. Nada, não esqueci nada. Estava tudo empacotado, tudo pronto para ser levado para meu novo lar. Faltava pouco para sair dali definitivamente.
- Pronto, doutor. Já carregamos o caminhão, tá tudo certinho. Vamos quando o senhor quiser.
Eu estava completamente absorto e mal ouvia seu Francisco. Ele no alto de seus prováveis sessenta anos, disse:
- Ora, doutor! Não fique assim que é pior. Vida nova, se anima doutor!
- Ah, seu Francisco... Isso de fugir do passado não dá certo. Nunca dá. Estou saindo daqui, mas levo roupas que ela me deu, lençóis nos quais dormimos juntos, este relógio... toma, seu Francisco, fica pro senhor. Livros que ela me deu... O passado sempre vai estar comigo, seu Francisco!
Era eu em profundo desespero. Aquelas palavras, meio que cuspidas, foram proferidas sem minha permissão. Era preciso falar, e falar mais, mas diante do olhar surpreso e até assustado do seu Francisco, resolvi me calar. Foi então que com gravidade ele me olhou e, muito sério, disse:
- Olha, doutor, eu não sei de muita coisa, mas de uma coisa eu sei: o passado é passado, passou. Tem coisa que a gente esquece, tem coisa que não. Tem coisa que é que nem fazendeiro quando ferra o gado. Na hora o boi geme, mas depois ele não fica olhando pra marca. O senhor é jovem doutor, tem muita coisa pra viver. Vamo pra sua casa nova, doutor.
Eu não entendi muito bem o que seu Francisco quis dizer com aquela história de fazendeiro e de gado. Mas eu não tinha muita escolha: uma casa nova me esperava.
Rafael Rodrigues

terça-feira, março 15, 2005

O abominável, terrível, assustador e injusto mundo das letras

Como todo jovem, tenho sonhos. Aventuro-me no meio literário produzindo textos ficcionais, crônicas e poemas que têm como objetivo divertir e emocionar pessoas. Objetivo também difundir a leitura – ao menos entre as pessoas que estão ao meu redor. Afinal, não sou o salvador da pátria.
Nem quero ser. Acontece que a cada novo dia percebo o quão pedregoso é o caminho das letras. E não falo do ato de escrever, que é imensamente difícil. Tentar explicitar seus sentimentos, contar histórias impossíveis ou recontar histórias possíveis por meio de escritos não é fácil. Mas existe coisa pior: o medo assustador de se lutar em vão, e ver suas palavras e páginas serem jogadas ao vento (só para cair num clichê).
Literatos que porventura estejam me lendo: não se ofendam e não fiquem se revirando em vossas cadeiras resmungando coisas do tipo: “Eu não quero ser lido, não busco reconhecimento. Quero apenas escrever com qualidade e não ligo para a fama”. Não mintam. Eu quero ser reconhecido. Quero ser publicado. Quero um dia poder fazer o lançamento de um livro meu numa grande livraria e passar horas dando autógrafos. Quero que meu livro seja um best-seller e que seja traduzido para trilhões de línguas ao redor do mundo. Ambicioso demais, não? Exagerei, é verdade (no título também). Mas o fato é o seguinte: escrevo este projeto de crônica por apenas um motivo, dir-lhes-ei qual é.
Falou-se de crônicas hoje. Em uma aula de Literatura Brasileira. Falou-se das crônicas de Machado de Assis, que é um grandessíssimo escritor. Falou-se das crônicas de Manuel Bandeira, de Drummond de Andrade, de Rubem Braga, de Heitor Cony. Mas não se falou em Fernando Sabino.
Sabemos todos que sou um grande fã do querido mestre Sabino. Nem todos sabemos, mas ele foi – continua sendo – um dos nossos maiores escritores. O maior dos cronistas de nossa literatura, eu diria.
Fiquei desapontado. Como um nome tão grande de nossas letras pôde não ter sido citado justamente quando se falou de um estilo no qual ele foi um dos maiores? Falando de crônica, eu afirmo que Fernando Sabino é maior que Machado. Sim, afirmo isso. Não queiram minha cabeça, é a minha opinião.
(E não digo que ele é maior que o Machado também no romance apenas para não criar maiores polêmicas).
Enfim, como é injusto o mundo das letras. E eu querendo entrar na dança. E um dia ser esquecido, mesmo sem nunca ter sido lembrado.
Rafael Rodrigues

O que é o que é...

É altamente destrutivo.
Depois dele, você nunca será a mesma.
Não é uma pessoa.
Não é veneno.
Não é uma enfermidade.
Portanto, não pense que é um vírus.
-
Ele vai te jogar na cama.
Você vai chorar por dias a fio.
Vai implorar para nunca ter acontecido.
Pode até tentar se matar.
E você pode mesmo morrer...
-
(Devo lhe dizer que ele existe por sua causa.
Não fosse você, nunca existiria.
Eu também fiquei mal.
Eu também fiquei down.)
-
Mas fique tranquila,
Já que pelo outro você não infringiu regra alguma.
Se bem que se tivesse...
Se tivesse, você não estaria desse jeito.
Estaria bem melhor...
-
(Mas lhe agradeço por ter me deixado assim.
Afinal, se não fosse você, ele não sairia de mim.)

Rafael Rodrigues

segunda-feira, março 14, 2005

Radicais

Pensamentos simplistas e respostas preguiçosas não são e nunca serão responsáveis pelos grandes avanços do homem neste mundo.


Os homens que fizeram grande diferença ousaram pensar, questionar e imaginar além dos limites estabelecidos pela sociedade da época, pelos homens ordinários que viviam suas vidas de forma pacata e nunca ousaram ir um pouco mais adiante do que estavam acostumados, e com medo de perder seu conforto na ignorância e que por isso queimaram, torturaram e perseguiram todos aqueles que resolveram dar um passo mais além do que estes homens de vida ordinária se permitiam e por isso não podiam conviver com o fato de que outros o dessem e fossem bem sucedidos.


Pensar é ser radical? Extremista é todo aquele que, fazendo comparações, tenta chegar mais a fundo num assunto que outros abandonaram no raso? Talvez eu seja radical, radical nos meus ideais e valores, e um desses valores que espero jamais abrir mão é de dar o direito das pessoas de pensarem sem serem censuradas e além disso, expressarem suas opiniões por mais que difiram das minhas próprias convicções, sem que, é claro, escape de uma contestação ou crítica civilizada.


Vamos, então, ousar ser radicais e extremistas, e pensar, e quebrar a barreira do comum e do ordinário, ousemos perguntar, ouvir, acolher, questionar, mas sem perder a humildade de ouvir e acatar. Mas que nunca deixemos de ousar.

Eduardo Leite

domingo, março 13, 2005

Amigos Da Escola - Parte 2

tenção e olá passageiros, seja bem vindo as primeiras aulas de cursinho. Favor ficar em silencio, tentar não perturbar pois temos alunos querendo prestar atenção para passar no vestibular no final do ano.Em caso de duvidas favor levantar a mão.
E por favor, venha com um desodorante, para, ao menos, não fica fedendo na classe escolar. Obrigado.


Pura Imaginação

Existe um problema ao começar aulas de química, pelo que chamaram de química orgânica. Como os átomos têm de ser imaginados em três dimensões, fica difícil desenha-los na lousa.

E depois da décima tentativa de explicar aos alunos as configurações atômicas, o professor tenta mais uma vez. Em vão, claro.

- Ta certo que eu tenho uma imaginação muito fértil, daquelas que diz "oi" para uma menina e já se vê tendo um relacionamento com ela. Eu posso até imaginar uma história inteira em minha cabeça. Mas química é alem da minha imaginação...


Ato I

As primeiras aulas são interessantes. Além daquela conversa inicial, as pessoas estão se conhecendo e tentando assim manter os padrões. E se encaixar nos perfis.

Mostrar que possuem um certo valor, mesmo que ínfimo, e cada um se "vende" de sua maneira. Ou mostrando que sabe a matéria, ou falando alto e de uma forma rebelde, ou simplesmente se achando a pessoa mais gostosa do mundo, mesmo sendo gorda.

Thiago Augusto

Dueto

Eles são parecidos. Homem um, outro mulher. Mas parecidos.

São ambos bonitos, pessoas agradáveis, conhecem muitas pessoas e conseguem de uma forma quase que impossível tratar todos os seus amigos de uma forma honesta e ter tempo para todos eles.

Como se não bastasse, ainda farão o mesmo curso de graduação, embora em faculdades diferentes.

São espirituosos, divertidos, companheiros e conhecem a maioria das pessoas que você só ouviu falar.

- Eles são tão parecidos, o que aconteceria se ficassem juntos?

- O mundo talvez acabaria...

- Quê? Por quê?

- Talvez, se eles se beijassem, a matéria se uniria com a antimatéria e tudo viraria ao contrário. A noite viraria dia, e os dias seriam sombras eternas. Sei que parece exagero. Mas talvez um par como eles seja um equilíbrio que, assim como o sol e a lua, não podem viver juntos.

- Talvez eu ficasse feliz se você só me dissesse um "porque não"!

Thiago Augusto

A queda

Muitos curiosos se detiveram para saber o que havia ocorrido. Alguns pediam espaço, outros gritavam “chamem uma ambulância”, outros apenas passavam. Sem perceber, eu estava dentro daquele pequeno tumulto.
Sem conseguir ver coisa alguma, procurei ao máximo ouvir os comentários, que eram muitos.
Alguns diziam que o homem (era um homem caído que estava ali) vinha andando distraído. Tão distraído que não prestou atenção no sinal de trânsito e atravessou a rua quando o sinal abriu. Outros diziam que o homem havia se atirado na frente dos carros. Houve ainda quem dissesse que o homem foi assassinado. Mas ninguém tinha certeza de nada. Ninguém o conhecia. E cada um contava uma versão do acontecido.
Alguns segundos depois alguém disse “ele morreu”, e ele morreu. E então alguns disseram “coitado”. Algumas mulheres mais sensíveis choraram. Alguns homens mais religiosos disseram “que Deus guarde sua alma, amém”. Alguém cuspiu do lado do morto. Alguns ainda disseram “é o que dá viver sonhando acordado”. Tive tempo de ver um senhor usar seu paletó para cobrir o corpo do homem.
Enfim chegou a ambulância. Algumas pessoas foram embora, outras ficaram e contaram aos médicos o que ocorrera. Os médicos ouviam e balançavam a cabeça, enquanto os enfermeiros removiam dali aquele corpo que não mais seria útil para coisa alguma. Eles tiraram o paletó de cima do homem e perguntaram de quem era, mas o dono do paletó já havia ido embora. Tentei avisar ao enfermeiro “o dono é aquele senhor ali”, mas não consegui.
Não consegui, pois naquele momento vi o rosto do homem que havia morrido.
Era eu.
Rafael Rodrigues

sábado, março 12, 2005

Da morte

Talvez o assunto mais interessante, polêmico e instigante da vida do ser humano seja a morte. São poucos os que se preocupam em discutí-la. Muitos são aqueles que se preocupam com sua chegada.
O homem tenta evitá-la de várias maneiras. Tenta prolongar sua vida ao máximo. Alguns a buscam, é verdade. Buscam nela a solução para os seus problemas, a libertação do mundo em que vivem, a saída mais fácil. A morte é a saída mais fácil.
Mas interessante mesmo são aqueles que, apesar de temerem a morte, convivem com ela no dia a dia. Na rua, no trabalho arriscado, e até mesmo em casa. Talvez essas pessoas busquem, mesmo que indiretamente, ou "quase sem querer", a extinção da própria vida.
Alguém certa vez escreveu que o homem não vive a cada dia, e sim, que ele morre a cada dia. Pode parecer uma visão pessimista da vida, mas talvez seja realmente assim. Muitos dizem que "a única coisa certa na vida é a morte", pois é esse o fim de todos nós.
Ou, quem sabe, um começo.
Rafael Rodrigues

quinta-feira, março 10, 2005

Hoje

* Texto do meu amigo Adriano Torres.

" Hoje , apenas hoje queria estar em outro lugar, estar com outros pensamentos. Pensamentos menos pessimistas, pensamentos que me colocassem para cima e que me fizessem ser a pessoa mais feliz que um dia eu fui. Hoje ... Amanha ... Para sempre ... pensamentos ... felizes ... alegria ... Hoje e Sempre"

Rafael Rodrigues

terça-feira, março 08, 2005

Sexo Frágil

"Quem mandou você gostar / dessa mulher de fases / Complicada e perfeitinha" Mulher De Fases - Raimundos

"Seus olhos e seus olhares / Milhares de tentações / Meninas são tão mulheres / Seus truques e confusões / ... / Garotos não resistem / Aos seus mistérios / Garotos nunca dizem não / Garotos como eu / Sempre tão espertos / Perto de uma mulher / São só garotos" Leoni - Garotos


E, enfim, hoje é dia internacional dá mulher.

Daí fazemos aquela velha piada que hoje é o dia da mulher pois os outros 364 são de nós, Homens.


Brincadeiras a parte. Mas na minha humilde opinião. Feminismo e machismo não estão com nada. (Portanto não me apedrejem pela provocação)

Mulheres vocês são absolutamente maravilhosas.


Mulheres

Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.

Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando
acreditam que existe melhor solução.

Elas andam sem novos sapatos para
suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao medico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.

Elas choram quando suas crianças adoecem
e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre
um aniversario ou um novo casamento.

Pablo Neruda

Dia Cinzento

Outra vez o dia está cinzento e da sua cama sente o cheiro de terra molhada que o faz retornar à sua alegre infância onde a ilusão da vida alegre e sem decepções o fazia acordar animado pra brincar com seus amigos, quando o maior problema eram as garotas os convidando para brincar de bonecas, mas isso não mudara mesmo, as garotas ainda eram problema, sendo que de outra forma e nada o convidava a sair da cama com aquele entusiasmo de antes.

Ligou seu celular para ver que horas eram e sua operadora, bastante eficaz no serviço de secretária eletrônica, mostrou suas novas mensagens de voz e quando este ativou-o para ouvir as mensagens, surpresa, um amigo que há tempos não conversava o convidara para ir em sua casa e mais tarde na mensagem outra surpresa, precisava que este o ajudasse na decoração de sua cozinha, sua profissão falando mais alto, é claro... mas e o barulho no fundo? Parecia uma festa em sua casa, mais tarde ele explicaria que não o convidara porque sua ex-esposa estava lá e não queria provocar um “mal-estar”. Todos os seus “amigos” deveriam estar por lá, enquanto ele se contentava com uma solitária pizza assistindo a reprise do “Máscara” na televisão e mais tarde dois episódios da primeira temporada de “Friends”, enquanto do outro lado podia sentir o cheiro do peru e da alegria na família vizinha, que bela comemoração de Natal.


Rolou pro outro lado e foi dormir de novo, mas seu celular tocou e sua mãe precisava de vários favores porque estava com preguiça de dirigir e não pôde nem sua tristeza curtir em paz e já estava de volta na rua fazendo tudo para todos acumulando dentro de si o que mais tarde provocaria o estrago de uma bomba de destruição em massa.
Eduardo Leite

Perdendo Dentes

Nosso amor já tinha terminado há um bom tempo, e apesar de sermos só amigos, ainda continuávamos a não concordar com a política de vida do outro. Eu queria provar a ela que era o melhor da história e ela a mesma coisa.

Me lembro de um dia, discutindo via msn quem sabia mais de biologia. Onze horas da noite falando os sistemas de excreção de todos os filos possíveis. Um desafio para ver quem lembrava mais. Para provar que naquele ano nós passaríamos no vestibular.

- Mas eu entendo mesmo é do sistema circulatório. Vou ter prova amanhã.
- Também o sistema circulatório, embora caia no vestibular, é muito fácil.
- Claro que não. To falando que eu sei tudo. Tudo mesmo.

O desafio durou quase uma hora. E de fato não me lembro se naquela noite discutimos ou saímos irritados do diálogo. Como se nossa pequena conversa de gênios seria eficiente em um futuro próximo.

Ela está numa faculdade paga. E eu não passei no vestibular.

Thiago Augusto

segunda-feira, março 07, 2005

Eu, eu mesmo e os vendedores dos outros

Não poderia falar dos clientes sem falar dos vendedores. Um não existe sem o outro. É como a história do ovo e da galinha. Quem veio primeiro?
Pois então.
Meus amigos comentaram que existem vendedores chatos. Preciso ser ético e não posso falar de meus colegas de trabalho – se bem que a bem da verdade, apenas um ou dois são chatos. Mas posso perfeitamente falar mal de vendedores que já me atenderam, e dos quais eu não gostei nem um pouco.
Existe aquele que lhe avalia pelo que você está vestindo. Essa foi a primeira coisa que aprendi a não fazer quando comecei a trabalhar no comércio. Nunca julgar alguém pelas roupas que veste, primeira lição que deve ser aprendida por quem trabalha com vendas.
Como naquela vez em que fui comprar uma camisa do meu time de coração, o São Paulo Futebol Clube:
- Você tem a camisa oficial reserva do São Paulo?
- Olha, tem a réplica aqui que está por...
- Não, eu quero a oficial.
- Mas a réplica é a mesma coisa, e está mais em conta.
- Você tem a oficial ou não?
- Não.
- Então ok, obrigado.
Isso porque eu e um amigo estávamos de short, camisa e sandálias Havaianas? Hoje em dia até Gisele Bünchen usa Havaianas.
Tem também aquele vendedor que fica opinando sobre o que você deve levar, mesmo sem você ter pedido opinião alguma: “ai, essa é linda!”.
Semelhante a esse – pois é chato do mesmo jeito – tem aquele que simplesmente fica no seu pé, e você mal pode escolher nada. Ele não para de trazer mais e mais peças, lhe mostrando tudo e dizendo que isso está na moda, aquilo está em alta, aquele outro ninguém mais usa... Deveras um porre.
Não posso esquecer do desinformado. Você entra na loja, e ele chega todo cheio de pose. Geralmente te atende mal e é arrogante. Quando você pergunta o preço de alguma coisa ele vira pro lado e grita “fulano, qual o preço disso aqui?”. Nunca sabe de nada, mas fica de nariz empinado. Quer ser o gerente e não pode.
Alguns são sem noção. Toscos mesmo. Dão a opção ao cliente para depois dizer que não tem mais o produto em estoque. Um dia desses procurei um mp3player pra comprar.
- Cara, você tem mp3player aí?
- Não. Aliás, tenho sim, um minuto.
Fui atrás.
- Tem esse aqui que custa...
- Certo. Ele tem capacidade pra quantos mega de música?
- Você tem que comprar o cartão de memória. Tem de 64, 128 e 256 mega.
- Quanto é o de 256?
- A gente tá sem o de 256 aqui.
- E o de 128?
- Também estamos sem.
Perguntei quanto era o de 64 só por curiosidade. Ouvir somente um cd num mp3player? Sem chance. Mas toda essa má impressão é apagada quando você entra numa loja, e é bem atendido. Ainda existem vendedores que são simpáticos, sabem se expressar, não te aporrinham, não ficam no seu pé. Deixam você à vontade e dizem “quando precisar é só chamar”. E pronto. Não precisa fazer mais nada.

Rafael Rodrigues

domingo, março 06, 2005

2 em 1

Pequenos textos divertidos para a tarde de domingo. :-)

No Mundo Dos Machos

É estranho pensar que a maioria das pessoas dizem que o mundo é machista. Talvez alguns homens, a maioria no caso, realmente ainda acha isso. Porém, em alguns aspectos, as mulheres ainda saem ganhando.

Foi quando a vi espreguiçando, arrumando sua blusa, e passando a mão nos seios. Uma leve passada. E voltou a fazer o que estava fazendo.

Já pensou se fosse um homem? Que passassem a mão em suas intimidades?

- Ai, como você é grosso. Sem educação. Tenha dó. Tem mulheres aqui. Eca.

E depois dizem que o mundo ainda é machista.

Thiago Augusto


Analfabeto Virtual

Quem pensa que os erros de contagem é uma singularidade de um site só, saibam que até aqui no blogspot, os erros bobos de contagem estão presentes. Como salientou uma amiga esses dias...

- Thi, meu blog não sabe contar. "You have 1 COMMENTS"

Depois não digam que só o Orkut não sabe contar...

Thiago Augusto

Eu, eu mesmo e meus clientes

Eu, eu mesmo e meus clientes.

Tem de todo tipo. O engraçadinho é um dos piores. Chega no balcão, cheio de dedos e de piadinhas infames. Pede desconto e depois ri, porque sabe que não tem.
Aí depois vem o bonitão. Se achando a bala que matou John Lennon, falando como se fosse um locutor de rádio. Todo cheio de pose, até pra te dar o cartão e a identidade.
Ainda tem mais. Tem a chata. Ela duvida de tudo o que você diz. Só acredita que você parcelou sua compra sem juros se você mostra a ela por a mais b que realmente está sem juros. Pede embalagem pra presente mesmo quando não vai dar presente algum. Não decide que roupa leva e que roupa fica. Faz isso no balcão do caixa. Enquanto isso, sua fila vai aumentando. E ela ainda diz que está no direito dela, afinal, é a sua vez.
Não posso deixar de falar dos pais. Sim, eles levam seus bebês para passear e os colocam em cima do balcão. Os pestinhas sujam tudo com seus pés imundos, babam o balcão todo, gritam o tempo todo, choram que é uma beleza, enfim, é o inferno.
Tem o bêbado também. Toma umas e outras e depois vai às compras. Você vai pedindo cartão e identidade e ele diz “Identidade pra quê? Não tem a assinatura no cartão? Por que não colocam a foto nesse porcaria?” E aí você tem que impor respeito tomando muito cuidado com o que fala, afinal estamos lidando com um bêbado. E bêbados são capazes de tudo.
(Existem aqueles que fazem sóbrios o que os bêbados fazem bêbados. Eles se encaixam no perfil dos chatos).
Outro perfil que não poderia deixar de descrever: as peruas. Elas vêm todas emperiquitadas. Geralmente são mulheres de quarenta a cinqüenta anos que se vestem como menininhas de 17. Compram quase que semanalmente, e você já as reconhece. Algumas você já lembra o nome e nem pede identidade. E quando as encontra fora da loja, elas falam com você. Algumas vezes ficam impedidas de comprar porque já gastaram todo o limite do cartão. Fazem biquinho e vão embora. Depois voltam com o marido.
É difícil escolher qual o pior tipo. Mas um dos que disputam tal título, com certeza é o mal amado. Ele fica nervoso no trânsito, ou em casa, ou com o chefe, ou levou corno da esposa, ou ela soube que o marido a chifrou, e aí resolve sair pra dar patada nos outros. Acaba escolhendo uma grande loja de departamentos para tal fim. Não adianta você atendê-la bem, sorrir pra ela, se virar nos trinta para encontrar a peça que ela procura... Nada a satisfaz. E coitado de você se algo de errado acontecer na compra dela. Começa a baixaria, e você é xingado de tudo o que você nunca foi xingado em sua vida.
Claro que nem tudo são espinhos. Existem aqueles clientes legais, “gente boa”. Chegam no balcão, te oferecem um chiclete – apesar de você não poder aceitar –, te elogiam, sorriem para você, mantêm uma relação agradável.
Infelizmente a imagem que fica é a de todos os outros citados acima. Principalmente a do mais chato de todos: o que deixa pra comprar na última hora. O fechamento da loja começa a ser anunciado quinze minutos antes de baixarem as portas, mas parece que o dito cujo não ouve nada. São três anúncios, de cinco em cinco minutos, e ele não se abala. Continua rodando pela loja feito uma barata tonta. Esse cliente não imagina o quanto ele é xingado...


Rafael Rodrigues

Eu, Umbigo Do Mundo

Você se olha no espelho, ve uma pessoa magrela. Até demais. Fica de perfil e acha que mais um pouco você iria desaparecer de tão magro. E pensa... "Mas eu gosto de ser magro assim".

Ela se olha no espelho, ve uma pessoa levemente gorda. Gorda demais, na verdade. Fica de perfil e acha que parece mais a reconstrução do Titanic. Ela provavelmente não consegueria fugir de um iceberg. E pensa... "Tem aonde pegar, melhor do que ser magrelona".

Não sei aonde o mundo virou, porém, algumas ideias mudaram. Antigamente, voces lembram que ninguem estava contente com o proprio jeito e queriam mudar de qualquer forma? As mulheres sempre reclamavam do peso, das formas de seu corpo e os homens, a maioria estupida, queriam musculos a mais.

Hoje, vemos uma certa auto afirmação. Cada um levantando sua propria bandeira. As peitudas gritam que sim, tem peitos. As sem peitos queimam os sutias em praças publicas pq quase não precisam usa-los. O gordos assumem sua obesidade e alguns confessam que não existe nada melhor do que uma gordinha. O maconheiro diz que fuma mesmo, duas vezes por semana. E o afetado flagelo da guerra, ainda timido, já mostra a ponta de sua tatuagem suastica por debaixo da camisa.

- Eu sou baixinha e magrela, mais me acho uma gatinha.
- Eu me acho gordo, mais sou uma pessoa inteligente. Pois o que vale é o interior.

O fato é que o não tão bom e velho "Tem quem goste", transforma cada pessoa em escravo de sua propria realidade. Onde, até os proprios defeitos viram especiarias raras. Já que se auto afirmar traz confiança.

Se por um lado a auto afirmação é benéfica, produz também um efeito confortavel, de estar se bem com o que tem. E talvez assim não lutar mais pelo que quer? Será?

Ao tentar fugir de algum esteriotipo, caimos exatamente no esteriotipo dos ninguem. Que só dizem ser estranhos. Qualidade que 95% de toda população afirma ter.

Nessa guerra de assumir quem se é, o que gosta, o que veste, o que fuma, o que canta no banheiro. O unico que perde é o proprio mistério. Que morre, por falarem demais...

Thiago Augusto

sexta-feira, março 04, 2005

Olhe Bem De Perto

Partindo do principio de analisar das pessoas. O olhar ainda é o mais belo instrumento de observação. É bonito ver o modo como a pessoa age sem saber que está sendo observada. É tão natural.

Ela volta sua leitura, coça a cabeça, dá uma arrumada no cabelo, não para de balançar os pés.

Porém, no seguinte momento que ela vê que você a observa atentamente, ela frisa, concentrada, pois sabe que está sendo observada. E, afinal, qualquer movimento errado fará com que ela parece uma garota boba.

O encanto todo se perdeu. Você volta a fazer o que estava fazendo. E espera, para observa-la outra vez quando ela estiver novamente distraída...

Thiago Augusto

Vale a pena ouvir de novo

Vale a pena ouvir de novo

Foram dias difíceis para aquele jovem. Acordava cedo, ia para o colégio. Cumprimentava a todos, e por todos era querido. Ficava a conversar com os amigos sobre assuntos banais: a festa do sábado à noite que ele não foi, o jogo do time do coração no domingo - todos foram assistir num bar, menos ele.
A aula começou, mas ele não estava na sala. Sua presença era apenas física: seus pensamentos estavam muito além dali. Se olharmos a caderneta do professor, veremos que há uma falta naquele dia. Estava tão aéreo que não respondeu a chamada. Quando o avisaram, o professor já havia marcado, e ele não iria voltar atrás.
Alegou dor de cabeça no intervalo; na verdade, queria ficar só. Deitou-se num dos bancos que havia no colégio e ficou a olhar o céu, ou o nada. Findo o intervalo, voltou à sala, para mais uma vez estar parcialmente presente.
Terminada a aula, voltou para casa andando, pensando - meio sem saber no que pensar. Perguntou pelo almoço. Perguntaram como havia sido a aula.
- Foi boa, disse.
Fez sua refeição e foi para o quarto. Deitou-se, olhou para o teto branco e novamente pôs-se a pensar. Em algo, em nada, em sabe-se lá o que. De tanto pensar - ou não - adormeceu.
Acordou no início da noite. Assistiu o jornal, e foi jantar. Sozinho. Os outros já estavam se preparando para dormir. Ligou o som. No rádio, aquelas músicas que sempre nos lembram alguém. Deitou-se no sofá, e ficou lembrando.
Alguns anos se passaram...
Hoje, no horário do jantar, ele ligou o som - como de costume. Sozinho, dessa vez totalmente sozinho, pois apenas ele morava ali, ouviu o locutor da rádio anunciar o programa: “Vale a pena ouvir de novo”.

Rafael Rodrigues

quarta-feira, março 02, 2005

Meninos e Meninas

- Sabe, eu tenho que dizer que compartilho do mesmo problema que você. Da mesma estupidez humana.

- Como assim?

- Porque embora eu não tenha notícias dela há mais de duas semanas, sei que ela recebe as minhas e não responde, não retorna minhas ligações. E agora eu recebi uma mensagem no meu celular e descobri que é dela. O que já faz meu humor mudar...

- Sei, mesmo ela tendo pisado na bola anteriormente.

- É.

- É como se o histórico apagasse. Mas nunca sai, na verdade. Porque a magoa vai aumentando com o passar do tempo.

- E você começa a se perguntar porque ela é tão importante pra você, né?

- Até que uma hora a gente tem a sensação de que não vale mais a pena perdoar.

- E quando você começa a ficar disposto a mandar a pessoa pro espaço. Você recebe uma mensagem, um oi, um telefonema e muda todo o contexto já.

- Exatamente

- É.... :-/

- :-/

Thiago Augusto

terça-feira, março 01, 2005

You'll never know...

Você nunca sabe a hora certa.
(Até ela chegar.)
Você nunca sabe quando erra.
(Até errar.)
Você nunca sabe como vai ser o amanhã.
(Se é que vai haver amanhã.)

Você nunca sabe se é bom ou ruim.
(Até acontecer.)
Você nunca sabe se é doce ou amargo.
(Até você provar.)
Você nunca sabe se vai sorrir ou chorar.
(Até o dia em que você tiver coragem de se deixar levar.)

Você pode morrer ao sair de casa.
(Ao atravessar a rua ou dirigindo seu carro.)
Você não sabe se aquele que entrou no ônibus
É ou não um ladrão.
Você nunca sabe de nada.
(E nem por isso deixa de seguir
Adiante.)

Rafael Rodrigues